12. Acorde

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Sophia Peletier.

Dor. Era a única coisa que eu era capaz de sentir, dor física, como se uma faca tivesse atravessada no meu peito, Lexi nos meus braços, mole, sem nenhum tipo de reação, ela foi arrancada de mim por orgulho, Samantha escolheu levar ela por eu ter negado as experiências.

— Sophia... a gente tem que ir— Minha mãe chamou minha atenção mas eu neguei, eu não queria deixar a Lexi, eu não podia deixar.

—Deixa que eu levo ela, não vamos deixar ela aqui— Gleen falou tirando ela dos meus braços— Perai... ela tá respirando?

Sarah correu até ele e começou a examinar a Lexi e eu tentei negar qualquer tipo de esperança que brotasse em mim, eu não podia acreditar em algo bom agora, não dava.

— Ela respira mas só isso, o cérebro dela... ele não funciona mais e tem a mordida também, logo a respiração para de vez.

Sabe oque eu disse sobre a esperança? Eu mesmo dizendo que não, havia ganho e agora, eu não sabia oque fazer com a decepção, Lexi semimorta nos braços de Gleen e eu não sabia mais pensar.

Rick e Daryl estavam levando os garotos pros carros pra levar eles pra casa e então foi aí que eu soube oque fazer.

—Gleen, leva a Lexi pra casa. Eu vou queimar esse lugar— Gleen não hesitou, apenas obedeceu e saiu com minha filha nos braços. — Vocês podem ir embora ou podem me ajudar a explodir esse lugar.

—A Carol é boa nisso— Carl falou e Carol concordou— A gente não vai te deixar.

Vasculhamos tudo e achamos baldes de gasolina e álcool, eles fabricavam isso aqui, assim como fabricamos em casa, era uma comunidade muito evoluída que poderia um dia ser grande aliada, no passado, agora eu só quero queimar isso aqui, tentar fazer os governantes dessa cidade sentirem oque é perder oque mais ama no mundo e foi nessa intenção que eu acendi o fósforo.

Eu caminhava pra fora da cidade enquanto o fogo consumia cada parte daquele laboratório e assim que sai, houve uma explosão, pessoas corriam e gritavam mas eu não me importava, eu não tinha a mínima compaixão.

Ao chegar  em casa, eu não tinha a mínima coragem de entrar, eu não podia ver as coisas dela, sentir o cheiro dela, sabendo que eu havia perdido ela pra sempre.

Carl me deu a mão e sem coragem nenhuma, entramos em casa e foi aí que a ficha realmente caiu, a raiva estava indo embora e o silêncio me consumiu, olhei pra cozinha e não ouvi a risada da Lexi enquanto Shane corria com ela nas costas pelo local, o violão na mesma posição porque Shane não estava mais aqui pra tocar quando eu estava com dor na perna e com medo de dormir e a Lexi não iria descer as escadas correndo pra me abraçar.

Meus joelhos bateram contra o chão e Carl se ajoelhou comigo, eu estava vendo que ele estava tentando ser forte, ser forte por mim e quando eu o abracei, ele chorou, chorou feito uma criança e a única coisa que eu pude fazer, foi acompanhar ele, chorando sem parar.

—Me perdoa... me perdoa por não ter conseguido proteger ela— Ele falava abafado e eu neguei com a cabeça levantando o rosto dele pra mim.

— Não é sua culpa, não é nossa culpa — Eu repetia tanto pra ele quanto pra mim, não era nossa culpa, não podia ser.

—Deus... Eu nem sei se você existe, eu deixei de acreditar a muito tempo mas se você for real e for realmente capaz de me perdoar por desacreditar, pode porfavor, fazer o cérebro da Lexi ligar? só pra gente poder se despedir? — Deitada na cama, eu só ouvi Carl sussurar isso da janela, oque me fez chorar mais ainda.

Eu não sei como eu dormi aquela noite mas eu sei que eu dormi, praticamente desmaiei de tanto chorar e no dia seguinte, acordei sabendo que iria ter que lidar com aquilo, a essa hora, Lexi já era um zumbi.

Me levantei da cama, tomei banho, me vesti e encarei a porta antes de tomar coragem de sair e assim que abri ela, Carl estava vindo na minha direção.

—A Samantha fez uma transfusão de sangue nela, trocou todo o sangue dela pelo o dos meninos e aí... o resto você sabe.

—Mais uma tentativa pela cura em vão, só que dessa vez, com estragos. Eu tenho que ir resolver isso.

—Se você não quiser, eu resolvo, deixa comigo, não precisa passar por mais isso— Carl segurou meu rosto e eu sorri fraco selando nossos lábios rapidamente.

—Eu sou a mãe dela, precisa ser eu.

A cada passo que eu dava em direção ao local que Lexi estava, parecia que minhas pernas iam endurecendo, era cada vez mais difícil e eu sabia que só ia piorar.

As palavras de

Abri a porta com dificuldade e observei a garota que agora tinha os olhos fechados e a roupa trocada, sem sangue, parecia estar só dormindo, peguei a arma a faca na mão, a intenção era acertar a nuca dela, sem fazer estrago, apenas pra impedir que ela se transformasse.

Caminhei até minha filha e o ar fugiu dos meus pulmões e lá estava eu, chorando outra vez, agarrada em alguém que não iria retornar, abracei Lexi fazendo carinho em seu cabelo, assim como ela sempre pedia pra eu fazer quando estava com sono.

—Lexi, é a mamãe... Eu não sei se você pode me ouvir, eu não sei se você já foi, eu não sei oque tá acontecendo e o pior de tudo é que eu não sei, como vou viver sem você, me perdoa por não te proteger, me perdoa...

Eu senti as mãos pequenas de Lexi subir pelo lado do meu corpo e parar nas minhas costas, eu fechei meus olhos, eu não deveria mas eu esperei ser mordida, eu queria ser mordida mas nada aconteceu apenas um suspiro, um suspiro bem alto.

—Mamãe? — Eu me afastei rapidamente e olhei pra Lexi, ela tinha um sorriso no rosto e seus dedos brincavam com meu cabelo. — Você me achou.

—Ai Meu Deus— Falei sem acreditar e logo gritei Carl que veio correndo e estava tão em choque quanto eu.

—Oi Pai— Ela abriu os braços e Carl correu abraçando ela— Um zumbi me mordeu.

—Ta tudo bem, tá tudo bem agora, filha — Fiz carinho no rosto dela.

Ficamos alguns minutos explicando pra ela tudo que tinha acontecido, Sarah fez exames nela e depois, deixou a gente levar ela pra casa, ela precisava ficar em repouso pra curar a ferida que agora parecia só um machucado.

— Vocês estão dizendo que as transfusões de sangue podem transformar vocês em imunes como a gente?— Zack perguntou e Sarah concordou com a cabeça.

— Vocês são muitos, a gente fica sem sangue se der tudo pra vocês— Luther falou e Sarah riu.

— Se cada um de vocês, doarem pra uma pessoa, essa pessoa pode fazer doação, vai de pessoa pra pessoa, precisamos de vocês pra começar — Ela explicou e eles pareciam pensativos.

—Tudo bem, a gente topa.

The Savior ° Carl Grimes Onde histórias criam vida. Descubra agora