Prólogo

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Há muito tempo, quando o conceito de Shinobi ainda não existia, alguém comeu um fruto proibido, e obteve o poder do chakra, e tentou acabar com o mundo. Mas com o tempo, acabou ficando obcecado pelo poder. Será que para manter a ordem no mundo, é preciso ter poder ou amor? Este conflito deflagrou uma grande guerra e, perdurou durante gerações.

Derramamento de sangue inocente no campo de batalha, cidades, e até mesmo pessoas, sendo abandonadas, a destruição foi a única coisa restante no mundo.

A era dos Estados Combatentes levou décadas, além de muitas vidas. Afinal de contas, o que realmente é necessário para conquistar a tão famigerada paz? Punho firme, ou graça e gentileza?

Com a criação das Cinco Grandes Nações, um resquício de paz e tranquilidade se instalou no mundo Shinobi, que, até então, estava de certa forma, unificado. Mas, será que realmente a paz perdurou? Com certeza, não.

Guerras das Grandes Nações ninjas acabavam não só com as próprias, mas com todas as outras, as pequenas nações eram as mais sofredoras, e as pessoas estavam destinadas a uma vida triste e solitária. Crianças abandonadas nas ruas, pais mortos por Nações inimigas, será mesmo que a paz pode existir?

Um certo dia, uma pequena criança, junto de seu progenitor, estava vendo os resultados da guerra. A pequena figura observava corpos estirados pelo chão, alguns de seu clã, outros com protetores de testa que nem eram familiares. O garotinho se perguntava o porquê das guerras, qual a sua finalidade, e se já sabiam que o resultado seriam vidas e mais vidas perdidas, por que continuavam guerreando?

Seu pai, que até então estava ao seu lado, observava fixamente seus familiares mortos, sem expressar nenhum tipo de reação. O pequeno Uchiha se perguntava como seu pai conseguia ver tudo aquilo e não expressar nada, era nitidamente impossível não ter empatia com os males da vida.

Mais ao longe dali, uma garotinha também observava os mortos, mas esta não ficava parada, ela rapidamente puxou as mangas da vestimenta do seu pai e perguntou-lhe:

- Então esse é o nosso destino? - criticou o mais velho de forma ambígua, fazendo arquear as sobrancelhas. - Treinaremos, seremos fortes o suficiente, para no final morrer por mãos inimigas e sermos taxados como um nada? - apertou fortemente o punho enquanto observava alguns corpos estirados no chão.

Seu progenitor não a olhava diretamente, mas pode sentir o peso e a raiva que suas palavras carregavam. Ele com certeza não queria aquele futuro para as pessoas que amava, nem para qualquer outro, mas era algo que fugia de seu controle, algo que sua influência não conseguia domar.

- Você será minha descendente, não precisa se preocupar com isso, nada a alcançará, eu não permitirei. - falou firme olhando para frente.

- Não serei líder, não tenho força suficiente para tal. Não posso possuir um título para honrar esses olhos, sem ao menos poder ver normalmente. - falou enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto.

Seu pai sabia, não apenas ele. Os anciãos do clã tinham perfeita noção do seu estado ocular, e a pequena sabia que não poderia governar, mesmo esse sendo o destino que a primogênita recebe, ela não poderia. Já sabia do seu futuro, todos sabiam. Não estava destinada a liderança, embora fosse seu sonho.

Decidiram por fim, sair daquele local. O cheiro da morte estava presente e era agonizante, principalmente para a mais nova.

Ao se afastarem um pouco, a pequenina pôde notar duas figuras distantes de si. A primeira avistada era baixa com os cabelos na altura do pescoço, o maior tinha características parecidas, mas seus cabelos estavam na altura do queixo.

Sendo levemente puxada pelo pai, a garota deixa de observar as duas figuras e foca no seu progenitor, que andava rapidamente.

- Haruka, não se aproxime de descendentes do clã Uchiha! - fala seu pai elevando um pouco a voz, coisa que a garota estranhou, já que seu pai não era um homem de gritos, mas com certeza tinha sempre firmeza em suas palavras.

A garota não respondeu, seu pai já havia alertado algumas vezes para manter-se longe de pessoas do famoso clã amaldiçoado. Sentindo seu pai apertar um pouco mais a sua mão, ela dá um leve gritinho de susto.

Os grandes olhos brancos com um leve contraste lilás se encontravam encarando a vila, que há pouco tinha voltado. A mão grande e forte de seu patriarca ainda estava segurando a segurando, não com tanta força, como anteriormente. De acordo com o pouco que sabia onde localizava-se o clã, imaginava estar se aproximando, visto que não possuíam muitas pessoas circulando por perto.

Foi aí que lembrou-se finalmente de algo que queria tratar com seu pai, mas havia esquecido. E, sempre que tentava conversar com ele, o mesmo se encontrava ocupado com assuntos pertinentes do clã Hyūga.

- Pai, quando começam as aulas na academia ninja? - perguntou virando seu rosto para encarar o seu pai, o mesmo virou-se parecendo lembrar de algo e, sem demora, tomou a palavra:

- Creio eu, que amanhã mesmo comecem. - respondeu parecendo insatisfeito com a pergunta de sua filha. - Eu já lhe fiz essa pergunta antes, mas, tem certeza? Filha, você é a minha primogênita, a herdeira principal do clã Hyūga. Por que não assume o clã? Você não precisa ser uma Shinobi...

Hiashi para de falar ao ver que a garota continuava a andar, mas agora, de cabeça baixa. A única coisa que o mais velho pôde ver foi o vislumbre de uma lágrima escorrendo pelo rosto da sua filha.

- Não posso assumir algo que não me pertence! - gritou levantando os olhos na direção do pai, que viu veias saltando ao redor dos mesmos. Byakugan! - Está vendo? Está vendo, pai? Meus olhos... Eles não são puros! Eu não tenho a pureza do Byakugan, não sou uma Hyūga legíti-

Antes que terminasse a frase, sentiu sua bochecha arder. Seu pai havia marcado seu rosto pela primeira vez, foi a primeira vez que apanhou do seu progenitor. E foi nesse dia, que Hiashi Hyūga mostrou sua face séria e sombria.

- Não quer me suceder? Não vai. Não quer honrar o Byakugan? Não honre. Mas não manche o nome dos Hyūga, nunca mais. - falou sério largando a mão da pequena e indo embora.

A garota correu, ao menos tentou. Quando conseguiu alcançar o pai segurou suas vestes por trás e se pôs a chorar.

- O que fará comigo agora? Pai, não quero suceder seu cargo de líder do clã, não quero! - tentou soar o mais firme que conseguiu, mas sua voz falhava miseravelmente.

Hiashi observou que a menina já havia o soltado e se continuou a andar sem olhar para trás. Haruka caiu no chão ajoelhada e chorou. Era um fardo muito grande. Era muita areia para o seu pequeno caminhãozinho.

Queria suceder o clã, queria se tornar uma boa líder, ser respeitada e glorificada como seu pai, era o que mais desejava. Mas sabia do seu empecilho, não conseguiria, por mais que desejasse, ser tão boa quanto seu progenitor.

Haruka é uma menina de ouro. Desde que completara apenas 4 anos se mostrou uma garotinha esperta e inteligente. Sua mãe sempre elogiava a forma como a garota conseguia manter uma conversa com um adulto sem se sentir entediada, o que mesmo sua mãe, como adulta, se sentia as vezes.

Hiashi a via como a futura líder, achava que futuramente a garota seria uma pessoa madura e saberia lidar melhor com os anciãos nas decisões do clã, do que ele próprio.

Além da mágoa sentida pela garota, Hiashi sentiu um tristeza profunda ao ver sua filha chorando. Quando viu o Byakugan com um padrão diferente do normal, finalmente entendeu o que a pequena queria dizer. Ela não poderia, e isso o matava por dentro. Ela era sua filha, mas sofria com problemas de adultos e tomava decisões definitivas desde criança. Ela é uma garota forte, tinha plena noção disso.

𝗗𝗼𝗰𝗲 𝗰𝗼𝗺𝗼 𝗺𝗲𝗹, 𝘃𝗲𝗿𝗱𝗲 𝗰𝗼𝗺𝗼 𝗼 𝗰é𝘂 Onde histórias criam vida. Descubra agora