Max Rudson
– M-Max? – Gagueja Dalilah, enquanto se afasta da cama com os olhos arregalados por ter sido pega no flagra.
Continuo desviando meu olhar de um para o outro, pasmo. Como eu nunca percebi isso? E como um tsunami, lembro de todas as vezes que um mencionou o outro durante nossas conversas.
"Viu a Dalilah hoje?"
"Seus amigos vão para a festa? Jack?"
"Vou ao shopping hoje a noite com as garotas." disse ela no mesmo dia que Jack comentou: "Tenho algumas coisas para fazer essa noite." Coisas que, coincidentemente, acabaram 10 minutos depois de Dalilah me ligar falando que já estava em casa e ia dormir pelo cansaço.
Uma onda de raiva me atinge quando começo a relacionar tudo. Olho para eles com desgosto. Jack levanta em um pulo e tenta vir em minha direção.
– Cara, eu posso explicar!
– Pode? – Questiono seco e começo me afastar, andando em direção ao banheiro. Nada ali. Então me dirijo ao closet e, assim que abro a porta, escuto um soluço e olho para o chão ao meu lado. Scar está encolhida, me olhando com os olhos vermelhos e assombrados.
Me abaixei lentamente e estiquei os braços para ela, num pedido silencioso para encostar nela. Ela não reage, não acena, não pisca, nem nada. Então, cautelosamente, envolvo meus braços em volta dela e a levanto. Saio do closet com ela aninhada em meu tronco, e no momento em que Jack a vê, ele fica ainda mais branco, e tenta dar um passo à frente.
– Scar? – Ele pergunta, como se não acreditasse no que está vendo. – E-eu não sabia que você estava ai, se soubesse...
– Se soubesse, não teria me traído comigo por perto? – Completa ela com voz embargada mas forte. As feições de sua cara saindo de choque para raiva e desprezo.
Mesmo assim, ela continua tremendo em meus braços, e cansado de ver ela nesse estado por estar aqui, viro em direção a porta para sair desse lugar. Até aquele momento, não tinha notado Emmet parado na entrada da porta, com o rosto chocado e enojado pela cena. Ele deve ter corrido atrás de mim logo que eu saí disparado. Ele me dá passagem e vem junto comigo enquanto desço as escadas indo em direção a garagem.
Chegando lá, coloco Scar no banco do passageiro.
– Você veio de carro? Tem bagagem?
– Não vim de carro. Mas tem minha bolsa, que ficou no closet... – ela não desvia os olhos das mãos no colo, ainda atônita.
– Emmet? – Chamo, sabendo que ele está por aqui também. – Pode pegar a bolsa dela?
Escuto seus passos se afastando e continuo olhando para Scarlett, sem saber o que fazer. Tenho medo de falar algo errado e ela surtar, mesmo que até o momento ela esteja mantendo a calma, apesar das lágrimas que escorrem. Eu também estou em choque, mas, mesmo ainda sentindo algo por Lilah, eu já sabia da traição, não é algo novo. Só não sabia quem era o outro. E olha, preferia ter continuado sem saber.
Trair seu companheiro é uma das maiores merdas que você pode fazer na vida. Contraria todas as principais coisas de um relacionamento: lealdade, confiança, companheirismo...
Não faz sentido pensar que as pessoas têm a vantagem de ter todas essas emoções e sentimentos num lugar só, e fazer algo que acaba com elas num piscar de olhos.
Emmet volta com a bolsa de Scar, entregando para ela que apenas acena com um "obrigada" fraco, sem levantar os olhos. Ele olha para mim sem saber muito o que fazer, e eu só balanço a cabeça agradecendo e fecho a porta do passageiro, indo para o lado do motorista.
– Eu sei que você provavelmente quer ficar em silêncio – olho ela com cautela, – mas tem algum lugar que queira ir? Ou só sua casa?
– Minha casa – diz baixo. – Eu só quero a minha casa e minha cama nesse momento.
Aceno e ligo o carro para sair da garagem.
***************
O percurso até a casa dela é silencioso. Eu não perguntei onde fica o seu dormitório no campus, já estive lá e me recordo dele. Ela também não falou nada, muito perdida em seus pensamentos.
Assim que estaciono na frente do prédio, pergunto se ela quer que eu acompanhe ela, levando sua bolsa. Ela novamente apenas acena e desce do carro, indo em direção a entrada. Pego sua mala e acompanho, subimos as escadas em silêncio, eu comprimento alguns moradores que me mandam um olá, até porque jogo no time e sou relativamente conhecido, mas fora isso, continuamos em silêncio.
Assim que chegamos na frente da sua porta, entrego a bolsa para ela, que abre, tira a chave e destranca.
Scar entra e eu fico parado sem saber o que fazer, então digo:
– Se você precisar de algo, eu e Emmet estaremos a uma mensagem de distância.
Me viro e começo a voltar em direção as escadas, quando estou quase lá, escuto ela chamar meu nome e me viro, arqueando a sobrancelha.
– Por que? – Ela pergunta.
– Por que, o que?
– Você me ajudou. Você me odeia, nem olha para a minha cara, e quando olha é com raiva. Então, por que me tirar de lá?
– Eu não te odeio... apenas tenho meus motivos para não ser simpático com você. E mesmo se odiasse, você não merecia ser traída – viro e volto a andar.
– Aquela garota... parecia... te conhecer. Quem é ela?
Paro novamente. Ponderando se conto a verdade ou não, então decido ser sincero:
– Dalilah Smith, minha ex-namorada. Que por acaso, eu terminei com ela na noite em que resolvi enfrentar ela, já que desconfiava de uma traição, e ela confirmou. Uma semana antes de você e o Jack se envolverem.
Fico parado esperando sua resposta.
– Então você sabia que ele...
– Não – respondo abruptamente. – Sabia da traição dela, mas nunca soube quem era o sujeito. Até hoje.
Ela não fala mais nada. Olho em sua direção e vejo ela me encarando, sem saber o que falar. Até porque não há algo realmente para se dizer. Então apenas aceno mais uma vez e desço, voltando para o carro e começando a dirigir para minha casa que agora não parece mais tão aconchegante como no começo do dia.
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Acordo sincero
RomanceSendo bem sincera eu não vou escrever uma sinopse aqui, até porque ela nunca foi feita e esse livro está a 3 anos sendo escrito e eu não devo ter passado de 20%. Posso apenas dizer que o intuito dele é um romance new adult com fake dating. "Ah, ent...