Scarlett Roy
– Dia das garotas! – Exclama G animada.
Gemo e cubro minha cabeça com a coberta.
– São 8 da manhã. DE UM SÁBADO! – O grito sai abafado pela coberta.
– Exatamente – diz enquanto puxa meus pés, – momento perfeito para levantar essa bunda, se arrumar para irmos tomar café e comprar porcaria para a sessão cinema.
– Podemos muito bem pular o café e só comprar as coisas depois do meio dia.
– Nem vem – ela consegue me puxar mais, – se depender de você, vamos ficar aqui o dia inteiro e eu gosto de aproveitar o dia.
Com um gemido sofrido, chuto ela e começo a me arrastar para fora da cama. Temos o dia das meninas umas duas vezes por mês, cortesia de Georgy que queria um dia para passarmos inteiro e exclusivamente uma com a outra. Foi uma ótima ideia, não pensei duas vezes antes de concordar e amo esse tempo nosso juntas. Mas eu não imaginava que toda Santa vez ela iria me acordar cedo num fim de semana. Não ligo de acordar cedo, mas odeio que me acordem cedo.
Só que, mesmo odiando ter que sair da minha cama, hoje é nosso dia e não posso deixar passar.
Vou ao banheiro e faço minha higiene matinal, então vou procurar uma roupa. Como é a mesma coisa que sempre fazemos nesse dia, tomar café e comprar comida para fazer cinema, pego o mesmo padrão de roupa de sempre: calça e blusa de moletom. Um clássico confortável e perfeito para o clima que ainda está meio frio.
Quando saio do quarto encontro G já sentada no sofá com as chaves na mão me esperando.
– Pronta?
Antes de eu responder ela já se levantou e abriu a porta.
Solto uma risada e fecho a porta do nosso dormitório.
– Você sabe que o mercado e o café não vão sair correndo, né?
– Com a sua demora, eles vão sim – ela continua andando no corredor sem nem olhar para trás.
– Mas eu só demorei 5 minutos!
Descemos e saímos para a brisa gelada, quando paramos para entrar no carro ela me olha e diz zombeira:
– Demorou o suficiente.
Entro no carro sorrindo.
G sabe que a pontualidade dela chega a ser demais, mas nunca admitiria isso.
****************
Depois de comprarmos tudo para o dia, voltamos para casa e começamos a preparar nosso lanche de filme.
Porcarias? Sim. Compradas prontas no fast food? Nunca.
Lavamos e cortamos batata para fritar. Faço um brigadeiro com o que compramos no mercadinho de importados. Desde que apresentei essa iguaria brasileira para ela, sou obrigada a fazer toda vez que vamos ver filmes.
Escutamos músicas de Mamma Mia, nosso filme musical favorito, enquanto ela faz pipoca e suco de maracujá natural, que é nosso favorito e nos faz sentir mais saudáveis no meio de toda essa comida.
Jackson era muito saudável.
Urgh. Que saco. Odeio quando lembro dele do nada. Não é com tanta frequência como antes... e antes quero dizer menos de uma semana atrás. Não é muito tempo, mas mantenho minha cabeça ocupada lendo e me adiantando com as coisas da faculdade. Ainda é recente, mas eu faço o possível para me manter distraída e isso está me ajudando muito.
E tem Max também. Sei que soa egoísta, mas é bom ter alguém que 'tá passando pelo mesmo junto com você. Claro que ele tá mais tranquilo, até porque ele já tinha passado por uma parte disso antes, mas ainda assim é bom.
Depois do nosso último encontro, ele não mandou mensagem nem nos esbarramos por aí. No fim da conversa ele falou que queria que nos tornássemos amigos. Gostei da ideia, mas também ainda sou muito tímida com ele para mandar mensagem e começar uma conversa.
Mas também nunca lembro já que vivo presa nos livros e minha última leitura foi algo que simplesmente não me deixou nem respirar...
Pisco voltando a realidade quando percebo G me encarando com as sobrancelhas levantadas.
– Você estava pensando em tudo ao mesmo tempo, não é? – Ela me olha como se não precisasse realmente de uma resposta.
– É – solto um suspiro.
G me conhece o suficiente para saber que quando eu começo a pensar não paro mais. Mil pensamentos se juntam virando uma confusão na minha cabeça. Uma hora 'tô pensando em comida, e do nada, vou para meu ex, para o amigo dele e no fim, para minha leitura. Gostaria que eu tivesse controle sobre minha mente.
– Então vamos ver os filmes do catálogo para distrair sua cabeça – ela diz enquanto caminha até o sofá para pegar o controle e ligar a TV. – Eu vi muitas pessoas falando de um filme, ou melhor, cantando a música do filme. Tinha alguma coisa a ver com um Bruno.
– Encanto? – Ela acena com uma expressão de "deve ser esse". – Eu vivo vendo as músicas desse filme no Tik Tok.
– Então, vamos ver ele – ela coloca no filme e volta para buscar as comidas que ainda estão na bancada à minha volta.
Pegamos tudo e nos aconchegamos no sofá. G da play e o filme começa a rodar, então tento dedicar minha cabeça totalmente a animação.
****************
Já é fim da tarde quando os créditos do filme começam a rodar na TV enquanto eu limpo minha cara inchada pelas lágrimas.
– Droga, por que eu tenho que chorar em todo filme da Disney? – Pergunto soltando uma risada com voz embargada.
– Por que você tem que chorar por tudo? – Devolve G, sem nenhuma lágrima na cara. – Sério mulher, você chora por desenho, série, livro...
Bato com a almofada nela.
– Eu não tenho culpa de ser Canceriana! – Ela bate em mim de volta. – Mas pode falar, o filme é muito bom. Agora entendo porque todo mundo fala dele.
Ela concorda enquanto se levanta e começa a recolher os potes e pratos.
– Isso não tem como negar – chega na cozinha e joga tudo na pia, – além das músicas serem extremamente viciantes.
– Você vai ter que me aguentar cantando e escutando a música do Bruno pelo resto do ano.
– Deus me ajude – ela olha pra cima e suspira. – Quando você vicia em uma música, não há poder na terra que te faça parar de escutar.
Solto uma gargalhada, porque bem, ela está completamente certa. Amo músicas da Disney, e se deixar eu escuto elas o dia inteiro.
– Ainda bem que você me ama, né? – Chego do seu lado e empurro ela com o ombro, provocando.
– Te amar não me impede de assassinar por não parar de escutar certas músicas.
Ela me empurra de volta e começamos a rir. São momentos como esse que fazem valer a pena acordar cedo num fim de semana.
G me dá uma piscadela e vai em direção ao quarto.
– Agora vamos nos arrumar que temos uma festa para ir.
Gemo exasperada.
– Não. Nem pensar. Falei que não ia nessa festa. E não vou mesmo.
Ela vira para mim e estreita os olhos.
– Mas você vai sim.
– Fica esperando – me jogo na cama e prometo para mim mesma que não vou sair daqui até o dia seguinte.
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Acordo sincero
Lãng mạnSendo bem sincera eu não vou escrever uma sinopse aqui, até porque ela nunca foi feita e esse livro está a 3 anos sendo escrito e eu não devo ter passado de 20%. Posso apenas dizer que o intuito dele é um romance new adult com fake dating. "Ah, ent...