Capítulo 6

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Scarlett Roy

Estou saindo para o meu turno na livraria perto de casa quando meu celular começa a tocar. Pelo horário e toque só pode ser uma pessoa: Patricia Roy, vulgo minha mãe, vulgo ser humano que estava muito feliz por sua filha finalmente desencalhar.

Solto um gemido frustrado e atendo enquanto caminho pela rua.

– Oi, mãe.

– Bom dia, Lett! Como vai minha filha preferida? – Seu tom animado.

– Eu sou sua única filha, mãe. – respondo sem paciência.

– Por isso é a minha favorita – ela brinca, mas logo depois volta ao modo mãe ao perceber meu tom. – E que jeito é esse de falar? Acordou com o pé esquerdo?

– Desculpa, só não estou num bom dia.

Para não dizer semana.

– O que aconteceu? Faculdade, trabalho?

– Não é nada disso.

– Problemas no paraíso, então? – Diz zombeira. – Filha, isso é a coisa mais normal do mundo, ainda mais no começo onde tudo é novo. São flores e arco-íris, mas descobertas e medos.

Fico quieta, pois meu olhos começam a lagrimar. Droga já passei do ponto de chorar com tudo isso, mas sempre me torno um bebezão quando falo com meus pais. Fungo um pouco alto tentando controlar, mas isso chama a atenção dela.

– Scarlett? O que aconteceu? 'Tô escutando você fungar.

Respiro fundo me recompondo e respondo o mais firme possível:

– Ele apareceu com outra garota enquanto eu esperava ele.

– O que?! – Ela grita, fazendo eu me afastar do celular.

– Isso que você ouviu.

Viro a esquina, chegando na rua da livraria e dando graças a deus que vou ter a chance de desligar. Pior do que falar sobre esse fato é ter que falar isso com meus pais.

– Te contei sobre a surpresa que planejava. No final quem recebeu uma surpresa foi eu, descobrindo que já era corna no começo do relacionamento – respondo amarga.

– Minha nossa... Eu não sei o que dizer, imagino que sinto muito não seja muito adequado.

– Não mesmo. Mas não quero falar sobre isso, não agora pelo menos.

– Quer contar para o seu pai ou prefere que eu conte? Ou também não quer contar por agora?

– Conta para ele depois, por favor – peço. – O senhor Carlos vai querer vir para cá no mesmo momento e matar Jack.

– Vai mesmo, você conhece o pai que tem. Ele pode ser rígido mas ninguém mexe com a filha dele.

Damos uma risada leve juntas, mas logo passa. Chego em frente da livraria e agradeço por poder entrar num lugar que amo e fugir de todo o resto.

– Cheguei no trabalho, a gente se fala depois. Beijo, mãe.

– Beijo, minha vida. Te amo.

– Também te amo.

Desligo e entro para o melhor lugar possível, calmo e cheio de histórias.

****************

Estou com meus fones de ouvido escutando It'll Be Okay, arrumando a estante de romances, quando sinto alguém me cutucar. Dou um pulo e viro, me deparando com olhos claros focados em mim.

Acordo sinceroOnde histórias criam vida. Descubra agora