Pov Helena
Estava eu a caminho de mais um dia de trabalho na Albuquerque's Corporation, e inclusive eu estava muito atrasada, acho que exagerei na bebedeira de ontem. Na minha cabeça já se passava o sermão que eu iria ouvir da minha chefe. Ah... Aquela mulher era o diabo na terra, o terror de todos os funcionários da empresa. Clara Albuquerque era a dona da empresa onde eu trabalho há 5 anos como sua secretária, e desde então eu me segurava para não mandar ela ir tomar em um lugar que eu prefiro não dizer o nome.
- Bom dia, Lumiar. - Falei com a mulher que trabalhava na recepção.
- Bom dia, Helena, eu te desejo muita sorte hoje. - Ela falou e eu Suspirei. - Ela não está nada boa, entrou de óculos escuros e não falou com ninguém. - Eu sabia que não seria fácil o dia de hoje.
- Ai, meu Deus. - Massageei minha têmporas. - Eu vou lá enfrentar a fera. - Falei e fui em direção à sala.
Abri a porta e me deparei com a imagem de Clara, agora com seus óculos de grau, concentrada enquanto fazia algo em seu computador. Inferno, o que ela tinha de arrogante ela tinha de gostosa.
- Não me lembro de ter deixado você entrar, e muito menos de ouvir batidas na porta. - Sua voz grave soou e eu revirei meus olhos, ela falou ainda olhando para o computador.
- E pelo que eu me lembro aqui também é minha sala. - Era sempre assim, sempre trocavamos farpas durante o dia. - Bom dia para você também, eu estou muito bem, obrigada por perguntar, você é muito gentil.- Falei irônica e ela me olhou por cima dos óculos, vi o exato momento em que seu olhar desceu pelo corpo de cima embaixo, levando um arrepio para minha espinha. Eu já havia percebido os olhares de Clara sobre mim, mas nunca me importei.
- Helena, eu não estou com cabeça para ficar ouvindo piadinhas sua hoje. - Falou seria e eu fui em direção a minha mesa, que ficava próxima a dela.
- O que aconteceu chefinha, seu marido não está dando conta do recado? - Perguntei e vi seu olhar de fúria sobre mim, mas antes que ela pudesse responder Lumiar bateu na porta e logo a abrindo.
- Dona Clara, o Theo está no telefone e disse ser urgente. - Vi quando ela revirou os olhos pegando o aparelho das mãos de Lumiar, que saiu da sala.
- Eu achei que tinha sido clara o suficiente quando falei que não queria mais saber de você. - Ela falou ríspida e eu fiquei confusa. - Não me chama de amor, Theo. Ah, é foi só um deslize? Será mesmo se foi só um? - Eu sabia que ele traia ela, inclusive eu já havia a alertado mas ela não acreditou em mim. - Vai para o raio que o parta, desapareça da minha vida, eu não quero te ver na minha casa quando eu chegar, se não as coisas não vão ficar boas para você. - Clara falava com raiva. - Que pena, né? - Ela deu um sorrisinho debochado. - Vai lá com sua amante, ela deve ter um lugarzinho para você morar. - Ela desligou o telefone e no momento seguinte jogou o aparelho, que passou a um fio de me acertar, e o mesmo se abriu na parede. É, ela realmente não estava de bom humor hoje.
- Argh. - Ela Esbravejou passando as mãos pelos cabelos.
- O que foi que aconteceu? Brigou com o Theo de novo? - Perguntei tentando entender a fúria delaas confesso que vê-la toda bravinha daquele jeito me fazia ter pensamentos bastante impuros.
- Briguei, mas essa foi a última vez. - Ela falou e eu a olhei como se perguntasse o porquê e ela logo continuou. - Eu peguei ele me traindo com uma mulher num barzinho lá em piedade. - Arqueei as sobrancelhas e lhe dei um sorriso de lado, e ela revirou os olhos. - Vai, pode falar, eu sei que está morrendo de vontade de falar.
- Eu avisei. - Dei um sorriso vitorioso, e Clara riu sem humor.
Depois disso Clara saiu e disse que votaria logo, ela fez questão de me passar inúmeros trabalhos para entregar no fim do dia. No relógio da parede marcavam 17:58 minutos e eu tinha terminado apenas uma das coisas que ela tinha pedido.