Louise
Nada havia mudado. Após alguns minutos de caminhada, nada havia mudado.
Apenas os mesmos corredores empoeirados, iguais em tamanho, forma ou qualquer outra característica comum, mesma altura, mesma largura, mesma imensidão. Nenhuma luz solar, nenhuma saída. Edgar explicava sobre cada um deles, desde os quartos daqueles de "posições inferiores" até a cozinha e locais de depósito. Não sei quanto tempo se passou, mas parei de ouvi-lo quando decidi que aquelas informações eram menos interessantes.
Ele explicava as coisas tão detalhadamente que parecia que ele estava falando com uma criança. Talvez o homem achasse que eu seria uma pessoa tão burra e ingênua quanto uma,o que é bom. Quanto mais suposições e menos verdades, melhor. Mas nem tudo o que ouvia eram coisas inúteis.
O pouco do que eu achei importante é que há uma hierarquia neste lugar, e provavelmente Edgar e sua irmã ocupavam posições altas. Bastava descobrir quais eram essas posições e o quão rígida elas pareciam ser. Além disso, não consegui extrair nenhuma informação importante sobre os Mahajik ou alguma maneira de sair daquele lugar, por mais que eu tenha tentado de maneira discreta. Em meio a isso, o homem ao meu lado também contava sobre o "passado glorioso" que os Mahajik tiveram, quantos humanos eles escravizaram, o quão grande era aquele império e mais um monte de idiotices.
Paramos no local de forja, onde Edgar teve uma conversa breve com um homem igualmente alto, de cabelos castanhos e pele escura. Porém algo havia me chamado mais a atenção: uma descida ainda menos acentuada que a do início da caverna, onde dava para um túnel diferente dos outros: ele era mais estreito, e menos iluminado. Me perguntei o porquê daquele corredor era diferente dos demais. Me aproximei um pouco mais, e consegui ver um corredor principal, que se dividia em pelo menos outros dois menores, os quais não havia luz alguma.
— Procurando alguma coisa, Louise? — Uma voz grave se pronunciou perto de minha orelha. Meus olhos ficaram arregalados e meu coração quase parou quando me virei e me deparei com Edgar atrás de mim, em uma distância muito, mas muito curta.
— Edgar, não me assuste assim. — Respondi, colocando a mão em meu peito enquanto aumentava gradativamente a distância que havia entre nós, enquanto me certificava de não cair naquela descida.
Ao ver a minha reação, seus lábios finos se curvaram para cima mostrando um sorriso gengival e continuou:
— Sua reação foi engraçada. Eu sei que pessoas costumam temer a mim, mas eu não esperava que esse fosse o seu caso — Respondeu Edgar, enquanto retirava uma das luvas negras que cobriam suas mãos extremamente pálidas. — Mas você não achou que poderia fugir de mim e encontrar uma saída por este lugar, não é?
Desprezível e arrogante. Extremamente arrogante. Provavelmente ele não iria me deixar em paz por um bom tempo.
No momento que eu ia responder alguma coisa, eu ouvi um som ao longe, um barulho de pássaro, que cada vez ia ficando cada vez mais alto e mais próximo. Edgar não retirou os olhos de mim, mas expressou um sorriso mais alegre aberto do que o interior. De repente, uma figura preta apareceu sobrevoando o teto, emitido um barulho estridente e incômodo. Edgar ergueu a mão que ainda estava enluvada, e a ave se aproximou e pousou sobre a mão oferecida.
Se tratava de um corvo, um corvo comum. Seu tamanho não era destoante dos demais, menos qualquer outra característica sua. Os olhos de obsidiana do animal percorreram sobre mim, como se estivessem examinando se eu era uma amiga ou uma ameaça, ele logo depois se virou para o homem à minha frente e grasnou. Edgar apenas revirou os olhos e ofereceu um pedaço de pão para ele, dizendo:
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As Bruxas de Endoritya
FantasíaDandara e Louise são duas amigas que vão passar o fim de semana em um acampamento na esperança de se reaproximar como nos velhos tempos, onde elas descobrem que há um mistério gigante a cerca de seus morros e montanhas. Talvez a lenda de bruxas exis...