Capítulo 6

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Edgar

   Mal conseguia acreditar no que ouvi. Naquele momento que ouvi as palavras de Aidan, meu coração se fechou em agonia, medo e, logo depois ódio. Ódio com uma ponta de esperança.

   Enquanto corria pelos corredores até aquele quarto, meu coração quase saía pela boca. Oh céus, aquele corredor parecia nunca ter fim, parecia que eu nunca chegaria no quarto dela. Mal sentia as minhas pernas pisarem no chão de terra e pedras da caverna mas, em compensação, sentia cada gota de suor escorrendo pela minha face e cada fôlego saindo de meu corpo cada passo que eu chegava perto daquele quarto.

   Nem conseguia acreditar naquilo. Finalmente eu poderia deitar em minha cama com a cabeça tranquila, finalmente poderia descansar o corpo, deixar tudo o que me atormentava e seguir em frente. Eu preciso apenas daquela autorização, e eu tinha a prova em mãos para finalmente consegui-la.

   Não me demorei em bater a porta do quarto nem ao menos anunciar que estava entrando, o que acarretou, em uma fração de segundos após eu abrir a porta, uma rajada de ar que me varreu da porta até a parede mais próxima em uma velocidade absurda, não apenas fazendo todos os meus ossos sentirem o impacto, como também preenchendo o meu corpo, meus cabelos e minha roupa com terra e poeira. Infelizmente meu nariz também se inclui nisso, o que fez eu ter mais uma crise de espirros naquela noite.

    — Pelos deuses! — Exclamou Melione. — Você quase me mata de susto dessa forma, Ed. E eu também poderia acabar te machucando. — A ruiva não pensa muito antes de se aproximar e tentar me levantar, pegando em um dos meus braços. Esqueci por um momento o quanto ela era forte, mesmo não tendo experiências de luta ou combate.

   Amaldiçoei a mim mesmo quando meus olhos encontraram os olhos de sangue de minha irmã, gêmeos aos meus, e logo depois o resto de seu rosto e corpo. Seus cabelos cor de fogo se armavam em duas tranças que pendiam sobre seus seios pouco aparentes por causa da roupa que usava para dormir. Melione já possuía problemas para dormir, e chegar repentinamente dificultaria ainda mais uma boa noite de sono, coisa que ela merecia desde quando despertou.

    — O que aconteceu de tão importante para você entrar no meu quarto sem avisar? — Perguntou ela, enquanto me ajudava a me recompor de pé em meio a espirros constantes. Naquele momento, eu até cheguei a me lembrar do motivo que me trouxe até aquele quarto tão rapidamente, mas olhar para Mel já se preparando para dormir e perceber que eu provavelmente arruinei o sono de minha irmã apenas com a minha "entrada triunfal" era decepção comigo mesmo o suficiente.

    — Não é nada, Mel. — Respondi enquanto caminhava de volta para a saída do quarto. — Pode voltar a dormir, eu apenas... Tive um surto, sabe, um pesadelo, melhor dizendo.

    — Edgar, eu não acredito nisso — Melione ainda me encarava, agora com a testa franzida e os braços cruzados. — Eu te conheço mais do que ninguém, sei que você não fez tudo isso apenas por causa de um surto.

   Infelizmente aquilo era verdade, não importava o quão bem eu conseguia disfarçar aquela situação, não havia desculpas para chegar no quarto daquela forma em seu quarto.

    — Era sobre a mestiça, Mel. — Finalmente ousei me aproximar da mulher à minha frente e olhar diretamente aos seus olhos, que se reviraram e se fecharam assim que a garota emitiu um longo suspiro

    — O que você fez com ela dessa vez, Edgar?

    — Eu não fiz nada dessa vez, mana. Eu apenas achei que gostaria de saber que a garota tem poderes de fogo, assim como o antepassado dela.

   Os olhos de minha irmã se arregalaram em um segundo, o que me despertou um pequeno sorriso no canto dos lábios. Provavelmente ela estava entendendo as coisas e finalmente iria concordar que executar aquela aberração era realmente necessário.

As Bruxas de EndorityaOnde histórias criam vida. Descubra agora