Capítulo 8 - Uma Sociedade Renascida

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Louise

   Não demorou muito para voltarmos ao meu quarto, onde Melione me deixou e disse:

    — Não demora muito, sim? Irei me arrumar e logo estarei aqui para irmos juntas. As roupas adequadas foram deixadas no seu quarto enquanto você estava fora, então não precisa se preocupar.

    — Pode deixar, Melione. Eu irei ser rápida, prometo. — Respondi, e logo depois a boca vermelha da ruiva se curvou em um sorriso no qual eu podia jurar que era forçado, e logo depois fechou a porta para eu ter mais privacidade.

   Eu não sei se nós estamos fazendo um teatro juntas por ela se fazer de idiota o suficiente para achar que eu não perceberia tamanha falsidade. De qualquer jeito, o que me resta fazer é colaborar nesta peça, e tentar fazer esta mulher gostar de mim.

   Ao me virar, me deparei com um vestido longo de cor rosa bebê. Suas mangas ficavam nas laterias, foram decoradas com alguns detalhes de cor dourada nas extremidades, e provavelmente deixaria meus ombros à mostra. Quando me vesti, reparei que havia um chinelo simples e de uma certa forma delicado de cor clara, somado a alguns acessórios como brincos, cordões e braceletes de pedras preciosas. Além disso, para terminar, fiz duas tranças laterais em meus cabelos brancos para juntá-las atrás da cabeça em um coque baixo. Não vou negar que achei que a roupa me caiu muito bem.

    — Louise, já está pronta? — Perguntou Melione, enquanto dava batidas leves na portas

    — Já estou indo. — Respondi alto o suficiente para que ela ouvisse de fora. Me olhei mais uma vez no espelho para conferir a minha aparência antes de sair. Arrumei um pouco meu cabelo e me dirigi até a porta.

   Quando eu saí, Melione deu um pequeno sorriso.

    — Você está linda, parece uma rosa. — Comentou a mulher.

    — Obrigada, você também está muito bonita. — Comentei também enquanto reparava em seu vestido verde escuro tão longo que não se era possível visualizar seus pés, que combinava com sua pele quase tão pálida quanto a minha. Realmente, a mulher estava deslumbrante.

   Poucos minutos de caminhada se seguiram, e já estávamos no salão principal.

   Não era algo muito elaborado. O local era iluminado por velas nas mesas (que eram muitas) e por tochas nas paredes, dando vista a quase totalidade plena daquela câmara gigante. A maioria das mesas eram feitas de madeira, de tal forma que tornava-as rústicas, de tamanho médio, onde cabem cinco pessoas no máximo, sendo a única exceção uma mesa maior e extremamente comprida, mais afastada das outras, e comportava exatamente quinze cadeiras, onde sete estavam dispostas em cada lado, e uma única estava na ponta, em que a última era a única que não estava ocupada. Os demais assentos, tanto da mesa gigante quanto das mesas médias, estavam comportados pelas pessoas que compunham essa sociedade.

   Aos poucos, Melione tomou a atenção geral para si, enquanto caminhava para o centro do salão. Não a segui, não queria roubar a atenção para mim no momento que não fosse oportuno. Se um homem ou uma mulher estavam distraídos demais para reparar naquela autoridade ruiva ao centro, logo eram notificados pelos colegas para ficarem calados. Durou cerca de cinco minutos para que todos os olhares permanecessem naquela mulher única, e mais cinco minutos com o único ruído sendo o barulho das chamas queimando a madeira pendurada na parede. De vez em quando os olhares de alguns se desviavam da mulher e iam em direção em minha direção, expressando curiosidade, surpresa ou até mesmo fúria.

   Nunca me senti tão constrangida, tão observada e tão julgada pelos outros. Era como se eu fosse uma estrangeira que não era e nunca seria bem-vinda, sequer convidada para colocar um fio de meu cabelo em sua terra. Era como se a única coisa que separava o meu pescoço da faca mais próxima era Melione. E era apenas porque ela não queria que isso acontecesse.

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⏰ Última atualização: Jul 17, 2024 ⏰

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