Djista ofereceu um desconto e Kurdis passou a pagar a mensalidade com o desjejum e jantar inclusos. Ele ia bem cedo para a cozinha e usava pedacinhos de carvão para escrever numa pedra e praticar os ideogramas. Apagava com um pano úmido e escrevia mais.
— Está certo?
As algas já estavam quase fervendo na panela. Djista continuou mexendo e virou-se para ler o que ele tinha escrito.
— Você escreveu mastro e não coluna. É quase igual, a diferença está no radical inferior. O radical de coluna é pedra. O de mastro é barco. Mas o resto da frase está correto. Dorg'maguvre empurrou as colunas com os braços e derrubou o templo.
— Não creio! Ninguém é tão forte assim...
— Dorg era filho de Maog'maguvre, o portador da pedra da vida.
— O testículo do Deus que foi transformado em pedra, Catul, o Demônio-rato?
— É Scatul... Ele enganou Yurut fazendo-o beber o sangue da Grippa misturado com vinho.
— Vocês realmente acreditam nessas coisas?
— E vocês acreditam que São Guides nadou na lava do vulcão?
— Eu sempre pensei nisso mais no sentido figurado. Mas tudo bem. Já dizia meu pai: religião não se discute.
E após dizer isso, Kurdis ficou em silêncio.
Djista derramou a alga fervida na tábua para esfriar.
— O que houve com seu pai?
— Ele foi traído. Era um sujeito muito correto. Esse foi seu grande erro.
— Como assim?
— Se ele fosse desonesto como os outros, teria dado um jeito de virar o jogo. Acho que o príncipe Joram é um devoto do Demônio-rato, mesmo sem saber.
— Rei Joram? Não é o que disseram outro dia? Que o velho rei morreu?
— Ainda não me acostumei com a ideia... É só isso.
Ela sentou do lado dele e colocou a mão em seu ombro — Um dia você verá seu pai novamente, nem que seja na Cidade de Vidro.
Ou no Abismo.
— Anime-se. Está indo muito bem com a escrita. E amanhã, você vai me levar nos jogos piscatórios.
— Parece que é a senhora que vai me levar... Eu nem mesmo sei onde é essa lagoa verde.
— Não importa. O cavaleiro sempre leva a dama.
— Em Dera e em Kedpir.
— Os costumes de vocês não são de todo errados.
Kurdis sorriu. Seu sorriso vinha aparecendo cada vez mais na companhia de Djista.
— Irmã! Cuide de sua honra!
Djista recolheu a mão que estava sobre o ombro do rapaz e baixou os olhos, sem encarar o Touro.
— Strobo! Você tem sorte de estar com as mãos no lugar certo! Se você desonrar minha irmã, vou usar uma enguia viva para tirar a honra da sua bunda em praça pública!
— Caelum!
— Não me venha com Caelum para cima de mim. É bom aprender com os erros do passado. Não concorda, strobo?
— O nome dele é Kurdish.
— Eu sei que ele me entende, não é Kurdish? Não é o dever de um homem defender a honra de sua família?
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O Bruxo e a Foice Sombria
FantasyKurdis Le'Daman é um bruxo cuja magia desperta de forma sombria, desencadeando uma tragédia que o obriga a ingressar na escola de magia da ordem Maihari. Em um mundo repleto de forças sombrias ele deve aprender a lidar com poderes obscuros que o cer...