No início da guerra, Kedpir importou muitos cavalos glabrinos da Zanzídia. Mantê-los e fazê-los se procriar em cativeiro era algo extremamente difícil. De modo que havia uma necessidade de importação periódica desses animais. Na Kunéria não era diferente, cavalos eram animais caros e podiam ser alugados nas casas de cavalos, local onde conseguiam fazê-los procriar com um método de reprodução assistida.
Ali usavam cavalos de outra raça, os Bai'zen. Kurdis sentiu o cheiro forte dos animais e do estrume logo que chegaram perto do local. Um senhor de alta classe social saiu montado num Bai'zen. Kurdis observou que o par de cornos castanhos e pequenos do animal estavam devidamente lixados. A pelagem branca com rajadas douradas formava padrões bonitos de se observar.
Kurdis entrou no local sob o olhar desconfiado de um rapaz que trabalhava como tratador. O local era grande, ocupando o espaço de uma quadra inteira da cidade. Ali havia alguns jardins, campinas e várias áreas cercadas onde os belos animais ficavam.
— Estou procurando por jun Huon.
O garoto correu sem nada dizer. Pouco depois, um homem alto, de constituição física larga, bigodes e barbas de cabelos pretos lisos, bem penteados, surgiu. Ele saiu caminhando da sede administrativa, uma casa estreita de três andares no final do terreno.
— Ah, você é o estrangeiro de que todos estão falando, não é? Me surpreende muito o fato de kan Chian tê-lo recebido em sua estalagem.
Kurdis olhou para o brutamontes. Poderia ser um soldado fabuloso, mas era guia e tratador de cavalos. Ele vestia roupas simples, no estilo kunério, justas e cheias de bordados decorativos. Estava bastante limpo para alguém que criava animais.
— Meu nome é Daman — Kurdis fez uma vênia seguindo as instruções da voz.
— Sou Huon... — o homem coçou a sobrancelha esquerda. — Escute, tlavin. Não vou lhe alugar meus animais. Portanto, faça-me o favor de sair de minha propriedade.
— Desculpe, jun Huon. Deve haver um mal-entendido. Eu não vim aqui para alugar um de seus belos Bai'zen. Vim por que gostaria que o senhor me guiasse até a Torre Prístina.
— Torre Prístina? Não me agrada chegar perto dos Wux'shien...
Kurdis abriu sua bolsa e mostrou um punhado de moedas.
— Cinquenta das serpes de prata de Dera seriam de seu agrado, jun Huon?
O homem ergueu as sobrancelhas.
— Cinquenta pratas seriam aceitáveis. Quando deseja viajar?
— Quanto antes.
— Muito bem, tlav Daman. Volte amanhã, na primeira hora. Farei os preparativos para a viagem.
É a primeira vez que alguém me chamou de tlav. O que isso significa?
"É a maneira dele expressar o respeito pelo seu dinheiro, ou mesmo, nível social. Apesar de você ser estrangeiro..."
No dia seguinte, logo cedo. Kurdis comeu biscoitos fritos, pequenos ovos de mergulhão cozidos e uma xícara do chá ardido, muito amarelo, que kan Chian servia.
— Como é mesmo o nome desse chá, kan Chian?
— Zuo'ban. Uma raiz que cresce perto dos rios. Muito forte para você, Daman?
— É forte, sem dúvida. Vai muito bem com os biscoitos.
A mulher pequenina fez um pequeno aceno e deu seus passos curtos para cumprimentar o segundo cliente que acordou naquela manhã.
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O Bruxo e a Foice Sombria
FantasyKurdis Le'Daman é um bruxo cuja magia desperta de forma sombria, desencadeando uma tragédia que o obriga a ingressar na escola de magia da ordem Maihari. Em um mundo repleto de forças sombrias ele deve aprender a lidar com poderes obscuros que o cer...