Os feitos de Daman se espalharam pelo exército, chegaram em Jaffe e de lá até a capital. Ouvir o nome Daman causou incômodo aos ouvidos do Príncipe Joram, mas ainda assim ele enviou uma carta de reconhecimento por sua bravura. A esposa do Príncipe era prima em segundo grau de Mol'dan e conviveram muito durante a infância.
Kurdis estava em Valta acompanhado de Estirga e uma dúzia de guldos à disposição das tropas do General Barsh. Eles tinham alguns dias livres antes da próxima mobilização.
Ele e a amante estavam hospedados no melhor quarto da Pedra Branca. A ampla janela mostrava o mar esverdeado banhando a costa da bela cidade.
— Você recebeu uma condecoração da família Real! Merecida certamente. — Estirga colocou as mãos nos ombros nus de Kurdis e o massageou. O rapaz tinha em suas mãos a carta escrita com caligrafia exagerada e adornada por selos num papel especial.
Aquele maldito Jorem!
Em questão de instantes, o papel foi consumido por uma chama forte e esverdeada.
— Kurdis? O que foi isso? — Estirga o encarou, atônita.
Ele tinha os lábios torcidos e o cenho retorcido. A feiticeira teve a impressão que viu vapor exalando de suas orelhas rubras.
— Depois do que ele fez? É um grande cínico! Maldito seja!
— De quem você está falando, querido? — ela veio num tom apaziguador.
— De Jorem! De quem mais?
— Mas o que houve?
Kurdis exalou o ar para dissipar a raiva que queimava em seu peito.
— O Príncipe é um mentiroso. Ele prestou falso testemunho contra meu pai fazendo-o perder seus negócios e colocando na prisão.
— E você tem certeza? Há alguma prova?
— Não há provas, mas nem mesmo o Grão-Mestre duvida de mim. Enfim... Melhor deixar esse assunto de lado. Tudo será resolvido assim que vencermos essa guerra.
Kurdis agitou-se, andou de um lado para o outro pegando suas vestes.
— Se não fosse meu respeito à ordem, eu poderia bem explodir aquele maldito cínico.
— Você e metade do reino... Não vou fingir que se trata de um sujeito popular. Onde você vai?
— Vou ter com o General. Estou cansado de esperar.
— Faça bom proveito... Estou muito bem aqui neste quarto.
***
— Se não é o homem do momento! Carrasco dos kunes! O nosso guldo Daman! — o General Barsh ergueu sua taça de metal contendo vinho para cumprimentá-lo.
Brash estava rodeado de oficiais uniformizados na melhor nessa da taberna. Ele tinha cabelos curtos e prateados. Rosto reto, magro, sem barba e desequilibrado pela falta de uma orelha. Embalado pelo álcool, sorria mostrando dentes amarelos.
— General. Senhores... — Kurdis segurou os punhos atrás do corpo.
— Sente-se conosco! Vamos beber, rapaz!
— É melhor que eu não beba. Eu poderia incendiar esse estabelecimento...
— Incendiar? — Barsh gargalhou batendo as mãos na mesa. — Ora vamos!
Eu bem que poderia incendiar tudo sem beber também.
Kurdis manteve-se rígido. Fixou seu olhar severo no general, causando um desconforto nos demais oficiais.
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O Bruxo e a Foice Sombria
FantasyKurdis Le'Daman é um bruxo cuja magia desperta de forma sombria, desencadeando uma tragédia que o obriga a ingressar na escola de magia da ordem Maihari. Em um mundo repleto de forças sombrias ele deve aprender a lidar com poderes obscuros que o cer...