Pensamentos

22 2 8
                                    

As flores foram outrora regadas pelo sol que agora lhes retira a vida, eu fora outrora alimentado pelo intelecto que agora me retira a vontade de permanecer. Elas murcham rapidamente. Eu morro constantemente. Olho para elas e vejo nelas o meu reflexo. Um reflexo turvo cujo significado se tornou um enigma para mim e cuja resposta eu não busco nem nunca buscarei. Um arrepio amedrontado percorre a minha espinha como se eu já me tivesse apercebido sem sequer ter tentado perceber ou quisesse. Nunca vou conseguir revelar o segredo desta imagem que me perturba de maneira inimaginável. Não quero mais ver. Cega-me. Quero ser cego perante este mundo cruel, a inocente ignorância é uma bênção. Desejo somente perder tudo o que tenho e ganhar o que não possuo. Dá-me a vida que nunca tive, dá-me o ar para respirar e salva-me daquele mar em que uma vez me afoguei e onde vejo o meu reflexo.

recantos da almaOnde histórias criam vida. Descubra agora