Epílogo (Naquela Noite)

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Respiro fundo, espreguiçando-me na cadeira do avião que já está acabando com as minhas costas, irritada por ter dormido e ainda não estar nem perto do meu destino final. Claro, viajar de Paris até Nova Iorque realmente leva tempo - eu só esperava que, por algum milagre divino, eu tirasse um cochilo e acordasse faltando poucos minutos para o pouso. Como estava enganada! Escorei a minha cabeça novamente no assento, cruzando os braços. Eu fui convidada a participar de duas peças da Broadway, a minha enfim porta de entrada para o mundo da televisão, e Zoe permitiu que eu ficasse no seu apartamento o tempo que precisasse. Que amor a minha irmãzinha é, não? Dei um pequeno sorriso, lembrando que há meses não a via e que realmente sinto a sua falta. Eu ouvi dizer que um certo astro do rock estaria fazendo o último show da sua turnê na grande cidade, mas, porra, seria uma falta de sorte imensa se nos esbarrássemos sendo que Nova Iorque é bem grande.

Neguei com a cabeça, ajeitando os fones de ouvido, e voltei a fechar os olhos.

"Psiu! Chloé... Chloé! Minha rainha, vamos pousar." Assusto-me com a voz de Pollen, saindo da minha pequena bolsinha tira a colo.

"Até que enfim!" Exclamei, eufórica, colocando o meu assento da forma certa para a descida.

Depois da queda do Monarca, há poucos anos atrás, os miraculous raramente são utilizados. Claro, Tikki continua com Marinette, Trixx com Alya, Plagg com Adrien, mas você dificilmente veria os outros portadores. Pollen e eu somos inseparáveis, então, vendo que não havia tanta ameaça eminente em Paris, pedi para Dupain-Cheng que a kwami abelha viesse comigo - ela é uma boa companhia, afinal. Precisei um pouco de esforço, mas consegui em menos de vinte minutos convencê-la. Nascer com um pai político sempre ajudou nessas horas, por que eu não conseguria argumentar sobre as maravilhas de deixar Pollen vir comigo? Sass partiu junto do Couffaine, inclusive, há dois anos atrás. Nós não nos vemos desde o último Ano Novo que passamos juntos, na Torre Eiffel, relembrando bons momentos e nos enterrando um no outro como se ainda nos pertencessemos. Respirei fundo, massageando a minha testa. Como se eu ainda fosse a sua garota favorita. De fato, tentamos manter um relacionamento saudável de amigos desde então e nos falamos algumas vezes pelo Instagram. Mas é difícil aceitar que mesmo eu tendo ficado com outros homens, ele prossegue sendo o único para mim.

Minha rainha.

O avião pousou ao amanhecer, tanto eu quanto Pollen estávamos ansiosas por rever Zoe, o que acarretou em vários resmungos da minha parte enquanto aguardava a minha mala aparecer na esteira. Para mim foi uma eternidade, mas a minha kwami jura que foram somente cinco minutos. Com uma animação fora do comum, atravessei a área restrita aos novos passageiros e comecei a procurá-la com o olhar. Zoe disse que estaria no aeroporto quando eu descesse, e finalmente lembro de ligar o meu celular para contatá-la.

"Amor, aconteceu um imprevisto! Não posso te buscar, mas mandei o meu melhor amigo. O cara é um colirio para os olhos e gente boa. Não me mata! Te amo <3."

"Como eu vou saber quem é esse cara?" Resmunguei, arqueando uma sobrancelha, pensando nas melhores formas de matar a minha irmã por deixar assuntos importantes para última hora.

Comecei a procurar com o olhar a pessoa desconhecida e o meu coração errou a batida ao ver um homem, ainda com os cabelos pintados na cor azul, escorado numa pilastra e segurando uma placa escrito "Chloé Bourgeois" de um lado e "Minha rainha" no outro. Instintivamente coloquei a mão por cima do meu ventre, sentindo as minhas bochechas arderem e posso jurar que ia desmaiar pelo encontro aleatório se não fosse Pollen sussurrando. Ah sim! Por isso que a minha irmã não mencionou o nome do amigo.

Luka Couffaine possui um sorriso brincalhão nos lábios, e por um momento eu lembrei de quando nos conhecemos. Eu gostaria de afirmar que o superei, mas o vendo agora... Que inferno, Zoe! Ao menos Pollen veria Sass novamente - a kwami sairia ganhando nesse meu constrangimento. Após respirar fundo, procurando controlar os meus batimentos cardíacos acelerados, fui ao seu encontro. O lado bom é que consigo senti-lo tão bem quanto naquelas noites em que éramos apenas nós dois... e Couffaine está nervoso, assim como eu.

"Vamos?" Perguntou, quando parei poucos passos a sua frente. Acenei com a cabeça, sem falas, e ele fez menção em pegar a minha mala de rodinhas, mas eu rapidamente segurei o seu antebraço. Fazendo Luka parar a ação pela metade e ficar com o corpo tenso. Ele não sabia o que viria a seguir porque estava tão constrangido quanto eu e tentava inútilmente fingir que não se sentia assim - mas o homem bem sabe que, quando é consigo, eu sei o que se passa na sua cabeça e coração. "Oi?" O seu tom de voz baixou gradativamente.

Quase sorri, inclusive.

Eu passei os meus dedos do seu antebraço até o ombro e o puxei para um abraço, mergulhando no seu cheiro delicioso de maçã, fechando os olhos por breves segundos afim de aproveitar melhor o contato. "Bom dia, Luka." O cumprimentei, sentindo um arrepio percorrer a espinha quando ele retribuiu o abraço, puxando-me para mais perto. "Eu senti sua falta, heroizinho." Ele também se arrepiou.

Luka beijou o topo da minha cabeça.

"E eu a sua, minha rainha." Mordi o lábio inferior, buscando conter o sorriso. Poderia ser uma declaração de simples amigos, como seria quando eu reencontrasse a minha irmã, mas conheço a verdade. Que lindo! Ele não me esqueceu... "Há anos não nos vimos direito e você faz... muita falta, loirinha."

Zoe estava certa.

O seu amigo é verdadeiramente um colírio para os olhos.

Naquela Manhã - Miraculous/LukloeOnde histórias criam vida. Descubra agora