Capitulo I - U give a lov a bad name

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Eu viajei por sessenta países diferentes, sem contar com o que nasci; aprendi seis idiomas diferentes, sem contar o meu de nascença; conheci mais de duzentas pessoas durante todos esses longos anos longe de casa - brancas, pardas, mulheres, jovens e, mesmo assim, ninguém no mundo um dia seria capaz de chegar aos seus pés. De me fazer esquecê-la por um dia inteiro, ou que o seu corpo deixasse de ser o meu favorito. Cientificamente comprovado, aliás. Eu testei. Eu fiz questão de dormir em lugares diferentes e tocar outros corpos, assim como me jogar de cabeça somente no trabalho, mas tudo me lembrava ela. Tudo me lembra dela. Seja as curvas do meu violão antigo, uma nova composição ou filmes do Quentin Tarantino. Tudo sempre voltava para ela. Deus, e Ivan, sabem que eu tentei.

Faz quase três anos desde a última vez que a vi pessoalmente. No mais, nenhuma carta; nenhuma mensagem de texto; nenhuma mensagem no WhatsApp enviada de verdade. Apenas curtas conversas pelo Instagram e, bem dizer, bem mal. Se eu fosse um pouco mais dramático, diria que não consigo viver sem aquela mulher. Mas, cá entre nós, eu sei sim. Fiz um bom trabalho na minha vida, inclusive, nesses últimos anos desde que me mudei de Paris. Infelizmente, eu tive que fazer uma escolha. Ela ou a minha carreira, quem que iria vencer? Ela escolheu a própria carreira e eu a minha. Acho que fizemos certo. Tenho certeza, na verdade. "Não só de amor vive o homem", sim?

"Eu não posso viver como uma esposa ou namorada troféu, Couffaine. Isso não me cai bem."

Eu gostaria de culpá-la.

Exclamar aos sete ventos que ela quem não tentou e lutou por nós, mas, sejamos francos! Ela sempre esteve certa. Ela nunca me obrigou a pedi-la em namoro, mesmo eu sabendo que na primeira oportunidade que tivesse iria me largar para seguir os seus sonhos de profissão. Não posso julgá-la, porque eu escolhi esse caminho. Há anos atrás, quando o meu pai me chamou para tocar com ele por um ano e meio, para que eu pudesse alavancar a minha carreira com a minha banda e do Ivan, por Deus, eu não pensei duas vezes. Quase hesitei, por meu amor a ela, mas a loirinha foi a primeira a me mandar embora para seguir com a minha vida. Eu jamais conseguiria odiá-la pelo término, assim como jamais conseguiria esquecê-la, porque ela foi a mulher que me apoiou. Tecnicamente, devo a minha fama a ela.

A minha vida atual de homem rico, com cara de playboy o suficiente para duvidarem que eu vim de baixo, eu devo a ela.

Então, lá vai:

Muito obrigado, Chloé Bourgeois!

Mesmo não participando mais ativamente da minha vida, ela sempre dá um jeito de se fazer presente.

Viva!

Reviro os olhos, contendo um bocejo.

Depois de seis anos de carreira ininterruptos, eu estou pronto para dar uma pausa. Ou melhor, Ivan está. E, como somos uma dupla, um time de apenas dois homens, eu também sou obrigado a parar. "Vai ser bom a pausa pra você respirar." Foi o que me disse, quando discutimos, de forma amigável claro, sobre as férias. "Vida agitada pra sempre nunca foi teu forte. Isso é coisa do seu pai! Você é meio termo, cara." E, apesar de revirar os olhos para tais argumentos malucos do meu melhor amigo, aceitei que o show em Nova Iorque seria o último. Até tentei argumentar que o show nunca para, mas ele ficou com raiva.

Então... Até daqui um ano e meio, fãs! Não posso tirar a razão dele, afinal, o cara vai ser pai daqui a três meses e, realmente, a vida dele precisa dar uma desacelerada. A minha, não. Por favor, não posso. Eu não consigo. Há anos componho todos os dias; toco e canto todos os dias. São atos tão sagrados para mim quanto respeitar os horários de alimentação, andar ao ar livre ou fazer exercícios físicos.

"Cara, você pode continuar fazendo tudo. Só não vamos nos apresentar. Vamos viver mais no off por um tempo." Foi um dos muitos argumentos.

Sim, Ivan, por Deus, você está certíssimo.

Naquela Manhã - Miraculous/LukloeOnde histórias criam vida. Descubra agora