Park Jimin, um dos alunos mais populares da escola, começa a receber cartas anônimas escritas por "Flor de Cerejeira", uma estudante que é apaixonada por ele. Ela entrega cartas ao garoto constantemente, declarando toda a paixão e admiração que sent...
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Quarta-feira, 27 de maio de 2020.
Eu sei. Vai parecer só mais um drama besta de adolescente — porque eu estou arrasado e completamente destruído depois daquilo e sou um adolescente —, mas, pelo menos pra mim, não era drama. Desde o dia 7 de abril desse ano, eu continuava vivo, mas já estava vivenciando o inferno.
Aquela garota estúpida estava se passando por mim e eu não podia fazer nada. Nada. E foda-se essa porra! Eu não me importo se é errado xingá-la ou não. Sinceramente?! Espero que ela bata o dedinho no pé de algum móvel da casa dela. Duas vezes! Porra... Tinha uma garota mal caráter fingindo ser uma pobre coitada que manda cartas a um cara e que nem pretendia se revelar para ele — porque ela, na verdade, é um pobre coitado, no masculino. Tudo disso a fim de quê? De conseguir uma chance com o cara, que também é o crush dela. Isso é um absurdo e o cúmulo do ridículo.
Hyein. Eu não odeio você, apesar de te desejar muita coisa ruim. E, sabe? Não desejo essas coisas porque você está namorando o garoto que eu gosto. Eu desejo tudo isso e te xingo todo dia e muitas vezes ao dia pelo fato de você ter fingido ser outra pessoa para ficar com ele. Você mentiu tão fácil sobre sua própria pessoa, tem noção do quão horrível é isso? Jimin vive numa grande mentira, ele acha que você é outra pessoa. Já chegou a pensar que a Cerejinha de verdade podia simplesmente chegar nele e falar toda a verdade? Jimin ficaria tão triste e decepcionado contigo. A sua sorte mesmo é que a Flor de Cerejeira sou eu. Um garoto tímido, com medo de qualquer merda e gay. Portanto, as chances de você e ele viverem uma vida feliz para sempre são altíssimas. Eu não teria a coragem de contar para o Jiminie que a autora das cartas sou eu. As imagens projetadas na minha mente sobre a reação dele são terríveis, tenho tanto medo de perdê-lo.
— Pensei que fosse sair com a Flor de Cerejeira hoje — comentei, genuinamente curioso. Ele disse que ia sair com ela no fim de semana. Era sábado e Jimin estava comigo.
Estava triste pela Hyein ter feito aquilo, mas eu não podia transparecer esse sentimento na presença do Jimin. Na presença de ninguém, aliás. Além do mais, ele estava visivelmente interessado pela mentirosa descarada; falou dela a semana inteira, os olhos minúsculos dele viviam fechados por estar sempre sorrindo com Hyein nos pensamentos. Inúmeras vezes eu os peguei trocando olhares e sorrisos. Jimin, às vezes, dá pulinhos de alegria com ela vagando sua mente. Eu precisava fingir.
— Mas eu vou! Vamos sair hoje à noite — anunciou, animado. Jimin colocou a última pétala no meu cabelo. — Pronto. Vira pra cá.
Na mesma hora que ele sugeriu pôr pétalas das flores de cerejeira no meu cabelo, eu só pensei naquela parte de Enrolados em que a Rapunzel finalmente chega no reino e tem problemas com seu enorme cabelo. Aí o José chama atenção de umas garotinhas, que prendem o cabelão e o decoram com flores. Me senti a Rapunzel. Eu gostei. Queria que Jimin fosse meu José Bezerra.
Virei-me de frente para ele e esperei por um elogio. Em vez disso, Jimin pegou um punhado de flores de jogou para o alto. Rimos juntos.
— Você sempre fica muito bonito com as flores no cabelo.
