Anoiteceu, as estrelas nunca estiveram tão brilhantes, tão ansiosas pelo que veriam. A lua nunca esteve tão baixa, no horizonte, grande, enlouquecida por presenciar tal momento. As árvores deixavam o vento levar suas folhas, de tanto que tremiam.
Há dois sois, tudo mudou. Verdades conhecidas mudaram, conexões quebraram. O tempo parado, há tantos séculos, voltou a ticar. E cada tique, antecipava o final do mesmo. Se olhasse bem de perto, toda a terra do mundo vibrava, de medo, pois o tempo nunca foi tão cruel com o mundo, bem, na verdade um dia foi. No primeiro dia de temor dessa terra, dessa árvore, da lua e das estrelas, o dia que o primeiro humano caiu aqui. Um malho cortou as nuvens da terra e deixou cair o que levaria para o dia em questão.
Hector não fazia ideia do motivo do celular de Jhoana estar no meio da floresta, onde não há civilização nem animais. Ele caminhava com a brisa em seu curto cabelo como uma esteira automática que não pensa. Enquanto passos longínquos o seguia, ele nem notava. Como um imã, ele era puxado para um local da floresta em que a grama não alcançava, havia apenas terra.
Um espaço de apenas terra, envolto por árvores que alcançavam o céu, esse escuro, com furos brancos, estrelas brilhando. Através das árvores era possível ver a luz da lua e os perseguidores se aproximando. No meio da terra, escavada, um buraco.
Hector se abaixou para ver melhor, algo estava enterrado ali e foi tirado há pouco. O buraco era pequeno, pouco maior que a mão. Ele levantou, sem encontrar pistas maiores, nem ver Jhoana por perto, nem mesmo seu celular. Ele ficou reto, olhando ao horizonte, ao dizer:
- O que quiserem fazer, essa é a hora, pois eu não tenho mais ideias de como encontrar ela.
Um silencio perdurou, apenas com o vento tombando entre as árvores. Aos poucos movimentos da vegetação começaram. Das sombras, homens armados saíram. Deviam ser mais de 20 pessoas com tocas sobre as cabeças, armas grandes sobre as mãos e passos pesados.
- Você falhou, então? – Uma vez atravessou o vento.
- Levante as mãos – Um homem armado gritou. – Jogue todas as coisas no chão.
Hector deixou a bolsa cair no chão e levantou as mãos. Ele olhou para a bolsa, lembrando do seu conteúdo precioso, preocupado com o que poderiam fazer se descobrissem. A voz continuou, enquanto se aproximava:
- Se você não pode encontra, não nos serve mais.
Um dos homens armados se aproximou, segurou as mãos de Hector e o empurrou no chão. Ele caiu batendo o rosto na terra, que gradava na sua boca. O homem apoiou seu joelho nas costas de Hector. Com a orelha encostada na superfície, podia ouvir os passos como gigantes ecos. Em seguida sentiu um rastejar. Viu, aproximando-se, a cobra vermelha. A voz, agora perto e visível para Hector, continuou:
- A garota escondeu a maça nesse buraco, mas desistiu, é o que você acha, Hector?
A voz era Cortez, em frente a visão de Hector, que sabia que não era a tão maça, pois ela estava com ele.
- Sim – Respondeu ele.
- É mentira. – Cortez retrucou, irritado. - Eu já vi a verdade, mas parece que você não quer nos dizer.
- Eu não sei onde ela está. – Hector falou, enquanto desviava sua boca da terra.
- Nós vamos a encontrar, não se preocupe! – Cortez virou-se – Acabem com ele.
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GOLDEN (OBYON-Livro3)
AcciónGOLDEN é uma história de ação de temática mais voltada ao humor, sobre dois jovens exploradores que buscam um suposto tesouro no deserto. Nisso, acabam dando de cara com mistérios da origem da própria vida e mitologias que os parece surreal. Até enc...