Capítulo 1 [ Rastejando Ao Amanhecer ]

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Os cascos sujos pela areia afundam com delicadeza e leveza, quase deslizando. Subindo e descendo os morros quase como pequenas pirâmides. No fundo, pode-se ver as montanhas rochosas e alguns postes de luz, o caminho de onde vieram. Mais perto, atrás de pequeno morro, o sarcófago que acabaram de visitar. O sol ainda estava a nascer, com o horizonte esverdeado, transitando o amarelo do próprio terreno ao do céu, explodido pelo brilho vermelho da manhã.

O vento refrescante dava lugar ao calor atingindo suas peles, dos dois jovens montados em seus cavalos. A pele escura da moça mal demonstrava reação, enquanto, do jovem, pálido, parecia chover suor a cada movimento brusco. Com pouco mais de uma hora de viagem pela região ele já pegou o pequeno tambor de água. Tomou mesmo enquanto cavalgava.

- Você tá tomando água ou banho? – Questiona Jhoana, vendo a água sendo desperdiçada.

Ele apenas murmurou algo, quase se afogando. Até o cavalo se assustou com a água molhando sua lombar, fazendo-o reduzir a velocidade.

Depois de balançar a cabeça igual um cachorro molhado e quase derrubar o óculos, o garoto finalmente responde:

- Fala para mim que esse calor já é uma miragem minha.

- Miragem de que você é um piá de prédio, Hector.

- Vai me dizer que você não tá com calor? – Retrucou ele.

- Sim, por isso falei para usar esse lenço transparente, dá uma filtrada, lembra? Aliais, é só por agora, de manhazinha é mais calor que o resto do dia aqui. – Explica ela, cavalgando perto dele.

- Não sei se vou aguentar até lá.

- Com essa armadura de robô de isopor não vai mesmo. – Caçoou ela.

- É para as cobras não me matarem. – Diz ele, soando como uma piada.

- Eu já falei que vou te defender. Aliais, quantos metros já estamos do sarcófago Dizia mil lá?

- Na verdade eram dez mil em direção ao sol e depois seguir a queda da areia.

- Espera, mas que horas eram quando a pessoa escreveu? O sol pode ser literalmente para o lado contrário!

- Era de manhã, lembra da historinha? Que o mundo começou ali, não tinha como o mundo começar de tarde né? Tinha que ser de manhã.

- O que você tem de suor, tem de inteligente, Hector. Muito bom!

Quase orgulhoso, guiava, Hector até o ponto que seu pequeno aparelho métrico dizia ter passado 10 mil metros. Pararam exatamente na ponta de um morro.

- É aqui? – Perguntou Jhoana, puxando as rédeas do cavalo para ele parar.

- Calma, agora temos que seguir a queda da areia. – Pensou ele um pouco, batendo o dedo indicador na ponta do nariz e movendo o beiço.

- Será essa linha que tem na areia? É como se fosse dobrada não é? – Sugere ela, tirando o tecido verde de seu rosto.

- Ah, é claro. A areia caiu do céu! Tipo, das nuvens. Então ela seguiu a gravidade deslizando. Temos que seguir para onde ela deslizou até o lugar mais baixo.

- Foi exatamente o que eu falei!

- Mas eu falei com embasamento cientifico. – Disse ele, erguendo uma sobrancelha, arrogante.

GOLDEN (OBYON-Livro3)Onde histórias criam vida. Descubra agora