Capítulo 7

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Capítulo 7 - Válvula de escape

Ricelly Henrique, Point Of View

— Você não tá escondendo nada de mim? Quando cê tá em casa, parece que você não tá! Você não me dá atenção e graças a Deus que não tá fazendo isso com nossos filhos, mas do jeito que as coisas andam, você vai fazer. — ela parou de caminhar pelo quarto e passou as mãos pelo cabelo, como se tentasse se acalmar. Tudo que eu fiz foi tentar ficar quieto. — Tá vendo? Você nem tenta negar, nem tenta lutar por nós dois...

— Lutar pelo que, Amanda? Você já sabe tudo, né? Tirou conclusão precipitada da porra toda e não me perguntou nada. Você quer que eu faça o que? Não adianta eu dizer nada, porque não vai mudar sua mente. — deitei na cama e soltei um suspiro fundo. Mesmo que eu quisesse eu não iria conseguir dormir, nem relaxar. Não aqui.

— Cansei desse clima entre a gente.

— Eu também. — eu achei que a briga acabaria ali, nós dois iríamos dormir simplesmente e amanhã seria um novo dia, mas não. Ela sentou do meu lado na cama e passou a mão pelo meu braço num carinho.

— Vamo deixar isso de lado, vai? Tô com saudade do meu marido. — eu tentei estar ali pro que ela queria. Tentei aceitar o carinho e iniciar alguma coisa, mas quando ela me beijou, tudo o que eu conseguia pensar era que o beijo não era tão bom quanto o da Marília.

Eu abri meus olhos, tentando tirar aquele pensamento da mente e tentei aprofundar o beijo, os toques, os carinhos, mas eu não conseguia me entregar pra aquilo, não conseguia achar bom, muito menos ficar no clima. Na minha mente era pra Marília estar ali e se não fosse ela não daria certo.

— Desculpa, Amanda. Não dá, não com essa briga, não agora.

— Quando a gente acabar, não coloca a culpa em mim. Porque eu tentei. — ouvi ela dizer pra mim enquanto eu saia do quarto.

Me joguei no sofá, dando um suspiro longo e tentando afastar aquela loira da minha mente, mas eu não conseguia.

Mandei algumas mensagens pra ela, quase implorando pra que a gente conversasse, dizendo que eu não tava bem. Ela demorou pra responder, mas começou a conversar comigo. O que eu realmente queria dizer eu não falei.

Nada seria tão bom quanto ver ela e quando eu vi já tava dentro do carro. Dirigindo pra sua casa.

— Você tá sozinha? Eu preciso muito ver você. — foi mais uma súplica do que uma pergunta, mas pelo lado de fora eu não ouvia nada, então tava torcendo pra minhas esperanças estarem certas.

— Tô. — ela respondeu do outro lado da linha da chamada. — Só tem eu e o Léo aqui em casa, pode vir. — toquei a campainha no mesmo momento. — Eu juro que não tô mentindo, mas eu acho que acabou de chegar uma pessoa aqui em casa. — sorri feliz por ela não ter tentando me fazer ir embora, usando isso como desculpa, sem saber que era eu ali. A porta a minha frente, enfim, se abre e eu finalmente vi ela.

— Oi. — falei sem muita reação porque eu nem sabia como reagir a ela. Não sabia se ela me queria ali depois da briga que tivemos na casa das baixinhas.

— Entra, cê tá todo molhado. — ela me puxou pra dentro da casa e fez sinal pra eu sentar na cadeira que tinha ali. Longe da gente estragar o sofá da Dona Ruth por sentar lá todo molhado. — Quer beber alguma coisa quente? Eu acho que tem chá, se quiser eu posso fazer um café...

— Tá tudo bem, Marília. Não precisa se preocupar.

— Tem certeza? — assenti com a cabeça e vi ela suspirar. Essa sensação de deslocamento é tão estranha se levar em conta que eu tô com ela, com minha melhor amiga, quase irmã. — Eu vou pegar uma toalha e vê se encontro um casaco do Jão pra você vestir. — nem consegui impedir ela de subir as escadas, e pra falar a verdade eu nem quis, eu tava morrendo de frio.

Sentimento LoucoOnde histórias criam vida. Descubra agora