Capítulo 9

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Capítulo 9 - "N qro q vc saia da mh vd"

Marília Mendonça, Point Of View

Maraisa respirou fundo pela terceira vez consecutiva do outro lado da linha. Eu sabia que ela tava tentando encontrar algum resquício de calma e paciência pra falar comigo.

— Olha só, Marília, cê você não falar o que que foi, eu juro que eu vou desligar na sua cara.

— Poxa, eu amo o jeito que você me apoia. A forma que você me dá carinho e consegue ser um porto seguro pra mim... — o tom era de completa ironia, apesar de ser verdade o que eu dizia, naquele momento não tava sendo tanto.

— É que a gente sabe que é sobre o Henrique e se você tá enrolando é porque não vem coisa boa por aí. — Maiara decidiu falar pela irmã. Ela sabia o quanto Maraisa reprovava o relacionamento complicado que tinha com Fernando, acho que ela ficou com medo do mesmo acontecer entre mim e o Henrique.

— É que eu quero ver ele. Ele não me ligou, não me mandou uma mensagem, apareceu aqui uma vez e quando mandei ele ir embora ele foi... Não era pra ele ter feito isso, era pra ter ficado, mostrado que queria ficar comigo... — minha voz diminui a medida que eu falava, a coragem de dizer aquilo em voz alta foi se esvaindo. Era ridículo aquele sentimento, era ridícula aquela sensação, aquele desejo, aquela tentação e mais ridícula ainda a forma que eu nem me esforçava pra não ceder áquilo tudo.

— Você sabe o que eu penso, Lila. Eu não concordo com isso. Se é pra vocês ficarem, fica de uma vez, se é só fogo, encontra outra pessoa, ele não. — ela tava certa, não podia ser ele, ele era casado... Meu Deus, parece que se tratando de Ricelly essa palavra perde o sentido e é como se não existisse. Eu nem gosto de pensar nisso.

— Eu sei, mas... — eu mal consegui dizer, ela mal me deixou continuar.

— Sem "mas", Marília. Tá errado. Você quer nossa opinião, mas não vai levar a sério quando a gente falar.

— Nossa... Obrigada pelo apoio, amiga. — mais uma vez o tom irônico estava presente. E por mais que eu quisesse evitar tá agindo desse jeito idiota, já tinha tanto álcool no meu cérebro que eu não tava conseguindo controlar muito as minhas atitudes.

— Eu tô te dando apoio, Marília. Mas do que adianta te dar apoio se você não faz nada pra resolver essa situação? — eu posso até não estar fazendo da melhor forma, mas eu definitivamente tô tentando resolver essa situação.

— Eu não faço nada?

— É! Você não faz nada pra resolver essa situação e você não pode dizer que eu tô mentindo. — tinha um milhão de coisas que eu queria dizer, mas eu não ia, não ia dizer pelo bem da nossa amizade.

— Mas eu posso desligar. Muito obrigada pela conversa. — Maiara já nem tentava falar nada, ela só tava com a mão em frente ao rosto, balançando a cabeça negativamente.

— Vai ficar chateada porque eu te contrariei?

— Não, porque eu vou fazer o que você tá falando. — as duas me olharam no mesmo momento, ao mesmo tempo, surpresas e preocupadas com o que eu tinha dito.

— O que? Marília não faz nenhuma besteira. — a ruiva falou, como se aquilo fosse me impedir de fazer alguma coisa. Quem tá na chuva é pra se molhar, né? Eu já tô é em um temporal.

— Beijo. — desliguei a ligação, pronta pra fazer outra.

Ricelly Henrique, Point Of View

Quando a loira me ligou, eu pensei duas vezes pra atender ela, não posso negar. Mas quando eu percebi que se eu não encontrasse ela, as consequências poderiam ser piores do que eu me manter afastado, eu não consegui evitar ir ao encontro dela.

Sentimento LoucoOnde histórias criam vida. Descubra agora