Estávamos correndo risco de vida, era um fato.
Só me dei conta que estávamos vulneráveis quando notei que não tinha pra onde correr caso o cara da cabana, por ventura, seguisse o mesmo caminho que nós. Ele iria nos devorar viva, no mínimo iria arrancar todos os meus dentes e fazer de colar. Eu não queria arriscar.
A estrada se prolongava por vários quilômetros á frente, não havia casas pelos arredores, muito menos alguma alma viva que ajudasse a ter comunicação com alguém são da cabeça.
Éramos nós duas e a densa floresta cobrindo parcialmente a estrada deserta.
Demos a cartada final sobre as pessoas com quem trombamos nessas últimas doze horas: Eram fugitivos da polícia.
Fazia sentido se seguíssemos a lógica que as pessoas eram hostis, possuíam armas, eram bastante estranhos e circulavam perto da floresta de Concord, que venhamos e convenhamos, era o lugar menos habitado da região e o mais apropriado para se esconder de qualquer tipo de perseguidor.
Levando em consideração os acontecimentos mais recentes e que não teria condição de seguirmos até Atlanta por aquela longa estrada em linha reta tempo o suficiente para que o homem se mantivesse desacordado na cabana, decidi que era necessário sairmos do campo de vista o mais rápido possível.
Então cortamos caminho pela floresta adentro.
Era irônico estar indo justamente para a cidade a qual passei dias planejando não chegar nem perto.
Movida pelo cansaço, meu corpo desfaleceu no tronco de uma árvore. Eu estava um caco, precisei cortar a calça jeans por conta dos ferimentos na perna, minha blusa que antes era branca estava suja, cheia de mato e banhada de suor.
Encostei a cabeça no tronco procurando vestígios do que um dia foi um pulmão saudável. Estava ofegante. Por mais que estivéssemos no meio de uma floresta fechada, o sol nos castigava como podia, enviando ondas de calor terríveis que chegava a me dar tontura.
- O que a gente vai fazer? Andar até os dedos caírem? - A mulher que descobri ter por volta dos seus vinte e três anos, murmurou tão cansada quanto eu.
- Queria muito uma resposta pra isso. - Respondi com sinceridade. - Eu... não sei, não sei o que fazer.
- Minha ficha ainda não caiu - Ela raspou os indicadores pelas sobrancelhas, nervosa, agachada em um tronco próximo. - Parece que a qualquer momento eu vou acordar e ver que isso não passou de um pesadelo maluco.
- Eu sinto a mesma coisa.
- Será que a polícia vai acreditar no que aconteceu com a gente? Sobrevivemos a um massacre e fomos atacadas por um cara esquisito na estrada.
- Meio que nós atacamos ele primeiro.
- Ele tinha uma arma. - Gracie se defendeu e eu concordei de imediato.
- É verdade, fomos coagidas a atacar primeiro.
- Isso é insano.
- E não faz o menor sentido - Bufei - Espero que não achem que nós somos as desequilibradas da história.
- Só se... Puta merda, Katrina, aquilo é uma pessoa?! - Os olhos de Gracie pareciam que iria saltar de órbita a qualquer segundo enquanto chacoalhava a mão para detrás de mim.
Girei o pescoço tão rápido que quase o desloquei do lugar. Apertei os olhos forçando a vista e reparei na figura que Gracie indicava, estava de costas, longe, mas tinha corpo de uma mulher e se vestia como uma, andava vagarosamente e se eu não estivesse tão afobada com aquela informação, teria percebido que ela andava tropeçando nos seus próprios pés.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DOCE OBSCURO | Daryl Dixon
RomanceDe uma hora pra outra, Katrina se vê no meio de um apocalipse zumbi, sem contato com a família, com amigos e sem a mínima noção do que está acontecendo, ela acaba - por meio de um destino traiçoeiro - encontrando o grupo de Rick Grimes. O que Katrin...