capítulo 1: Natal.

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Pov: Narrador*

A plateia estava cheia, inúmeras cadeiras com pessoas esperando suas palavras sobre seu livro que se tornara um dos melhores da atualidade. A autora com seus cabelos negros longos sobre os ombros, olhos tão pretos que pareciam uma possessão de filme de terror, pele tão alva quanto a de um corpo frio no inverno, vestimentas negras assim como seus cabelos.

Ela caminhou a passos lentos até o microfone no palco, seu coração estava tranquilo, sua consciência também, seria a primeira vez que iria se mostrar ao público e falar sobre seu livro. Estava longe de casa, muito longe.

Quando viu todas aquelas pessoas esperava sentir o orgulho e satisfação por finalmente ter chegado ali, depois de tanto esforço, mas tudo que sentiu foi tristeza e desespero quando não viu a única pessoa que queria naquela plateia.

Seus cabelos loiros, sua pele cremosa, seus olhos azuis inocentes e seu sorriso brilhante, não estavam ali, a única pessoa que desejava que estivesse ali, não estava.

Todos perceberam o olhar inquieto da morena em frente ao microfone, murmúrios começaram entre eles. Um homem bem vestido subiu ao palco e perguntou se ela estava bem, não recebera nenhuma resposta.

A morena estava com respiração ofegante, como se estivesse entrando em pânico, quando de repente sua atenção foi chamada, pela porta do local que bateu. Ela levantou o olhar e ali estava a única pessoa que desejava ver ali.

Com vestimentas de cheias de cores, cabelos loiros curtos com pontas tingidas de rosa e azul, estava ofegante como se tivesse corrido muito para chegar ali. Quando seus olhos se encontraram com os da morena, sorriu, um sorriso inocente e tranquilizador que fez a escritora relaxar, respirar fundo e se recompor.

(...)

Vamos começar essa história do jeito certo, a três anos atrás, quando uma mulher deserdada de uma família de grande prestígio, decide lançar seu primeiro livro, após escrever desde os 16 anos, já sabendo que no futuro seria escritora, que foi o motivo de sua deserdação.

Atualmente estava morando em São Francisco nos Estado Unidos. Um inverno frio e miserável residia na cidade, mas mesmo assim as famílias estavam sorridentes com a chegada do natal, onde iriam se aquecer em frente a lareira trocando presentes com sua família, um verdadeiro sonho era o Natal para todos, menos para a tal escritora.

A mulher morava em um pequeno apartamento que dividia com sua irmã de criação, que largou a família no dia que a mesma foi deserdada e desde então são inseparáveis.

Fazia quase um ano que a tal deserdada havia publicado seu livro, no entanto, não havia conseguido reconhecimento, devido não ter uma editora aliada e por um outro fator que ela desconhecia. Por isso seu Natal estava sombrio, aquela data a assombrava com as memórias de passar aquele inverno brincando com seu irmão mais novo que não via a anos, doía imaginar como seria se não tivesse sido deserdada e afastada de sua família.

- Hou, Hou, Hou, cheguei - disse uma mulher entrando o pequeno apartamento que estava escuro.

A mesma acendeu as luzes ao passar a mão pelo interruptor e viu sua irmã deitada sobre sua cama, encarando o forro do local. Tinha olhos dispersos estava perdida em pensamentos, para ser mais precisa, em memórias.

- Ei, eu cheguei!- disse a mulher com um tom mais alto.

- Eu já tinha escutado da primeira vez - disse a mulher que estava deitada com voz mórbida e sem emoção.

- Como foi seu dia?- a mulher que havia acabado de chegar perguntou, tirando seu casaco e cachecol.

- Não sei dizer, estou aqui desde que acordei - disse a mulher deitada.

- Levanta, vamos comer - disse a mulher mais alta batendo a mão sobre a perna da outra que estava deitada.

- Estou sem fome, Parker - respondeu a mulher deitada.

- Eu não te perguntei, Wednesday - Parker respondeu em tom frio .

Parker foi até a cozinha carregando uma sacola, tirou a comida da sacola, tirou o arroz da geladeira e esquentou no fogão. Logo levou tudo a pequena mesa, onde Wednesday havia ido se sentar.

- Não é um peru, mas dá pro gasto - disse Parker satisfeita em ver o frango assado no centro da mesa.

Wednesday fez mensão de dizer algo, mas foi interrompida bruscamente por Parker.

- Só cala a boca e come - disse Parker exigindo o silêncio da outra que apenas desistiu de dizer algo, estava cansada demais para brigar.

As duas ficaram em silêncio, enquanto comiam, no local só se escutava apenas o barulho dos talheres. Quando terminaram de comer, Parker empurrou uma pequena caixinha sobre a mesa em direção a Wednesday que a olhou desconfiada.

- O que é isso?- Wednesday perguntou.

- Abra e descobrirá - respondeu Parker .

Wednesday a encarou por alguns segundos, tentando saber o que se passava, mas sem resultado, se viu obrigada a abrir. Ela abriu com delicadeza dando a visão de um pequeno pedaço de papel que parecia um ticket de parque.

- Antes que diga algo, leia - disse Parker já vendo a expressão confusa de Wednesday.

- "passe livre para exibir seus livros na biblioteca Arno, dia 27 de dezembro, às 9 da manhã  até às 13 da tarde"- Wednesday leu e enquanto lia, seus olhos ganhavam um brilho de euforia.

- Está de brincadeira, né? O evento de Arno é muito difícil de entrar - perguntou Wednesday desacreditada.

Parker sorriu ao ver a reação de sua irmã, não havia contado a ela, mas havia feito um mês de hora extra para conseguir comprar o passe de entrada para escritores. Claro que não foi fácil para alguém como ela conseguir, mas tinha seus contatos que trabalhavam na biblioteca e graças a isso, por um certo preço conseguiu o passe para sua irmã.

- Feliz Natal - disse Parker com um sorriso orgulhoso no rosto.

Wednesday boquiaberta pelo presente da irmã, se levantou rapidamente e foi até seu criado mudo ao lado de sua cama e voltou com um pequeno saquinho de embrulho de presente, amarrado por um lacinho amarelo. A mesma estendeu para Parker.

- Feliz Natal - disse Wednesday entregando o presente para Parker que estava tão surpresa quanto Wednesday ao ganhar o passe.

Parker abriu o presente e ali encontrou algo que a fez rir, ali havia um soco inglês de prata. Não acreditava que as palavras da mesma a muito tempo, ainda estavam guardadas na memória de sua irmã.

"Queria ter um soco inglês para quebrar a cara desses panacas "- havia dito isso uma vez, quando os vizinhos estavam fazendo muito barulho.

- Não ria!- disse Wednesday com raiva fazendo Parker rir mais ainda.

Após gargalhar, sem Wednesday entender, Parker afagou os cabelos da mesma e sorriu.

- Obrigada - disse Parker em tom animado.

- Irei bater em muita gente com ele - disse Parker sorrindo.

E pela primeira vez após a partida delas da família, o Natal foi um dia menos odioso e mais.. aceitável.

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Espero que tenham gostado,beijos.

Fã número 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora