3. FAREWELL

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Ágatha me encarava por alguns minutos e antes que ela pudesse falar algo, a Senhorita Peregrine se colocou na frente, á impedindo de falar o que havia em sua mente.

- É claro que pode! - ela deu um grande sorriso, talvez satisfeita com o meu pedido.

Eu dei um aceno de cabeça em agradecimento e sai dali antes que pudessem mudar de ideia a qualquer momento. Andei em passos longos até onde a luz se encontra, entrei na cozinha, me apoiando no batente da porta e lentamente fui me aproximando da janela.

Antes de entrar totalmente na luz, coloquei as palmas das mãos sob a janela, sendo esquentadas pelos raios quentes do sol. De alguma forma, aquilo era fascinante.

Finalmente, eu me coloquei na frente da janela, sentindo o sol batendo em meus rosto e esquentando minhas bochechas rosadas. Eu ficaria ali para sempre se todos me permitissem, eu amei a sensação de paz.

Eu sempre tive um amor pelo sol, talvez seja por causa do seu brilho ou como ele sempre espanta as sombras que nos persegue. De certo modo, você já ouviram sobre a lenda do sol? Acho que é uma das minhas lendas favoritas.

Antigamente, para os índios, o sol era uma pessoa que se chamava Kuandú. Kuandú tinha três filhos: um é o sol que aparece na época da seca; o outro, mais novo, sai na chuva e o filho do meio ajuda os outros dois quando eles estão cansados.

Há muito tempo um índio Juruna teria comido o pai de Kuandú, por esta razão este queria se vingar. Uma vez Kuandú estava bravo e foi para o mato pegar coco. Lá encontrou Juruna em uma palmeira inajá.

Kuandú disse que ele ia morrer, mas Juruna foi mais rápido acertando Kuandú com um cacho na cabeça. Aí tudo escureceu. As crianças começaram a morrer de fome porque Juruna não podia trabalhar na roça e nem pescar.

Estava tudo escuro. A mulher de Kuandú mandou o filho sair de casa e ficou claro de novo. Mas só um pouco porque era muito quente para ele. O filho não aguentou e voltou para casa. Escureceu de novo. E assim ficaram os três filhos de Kuandú. Entrando e saindo de casa. Portanto, quando é seca e sol forte é o filho mais velho que está fora de casa. Quando é sol mais fraco é o filho mais novo e o filho do meio só aparece quando os irmãos ficam cansados.

É uma história bastante interessante. Já parou para pensar que se Juruna não tivesse comido o pai de Kuandú, talvez o sol que conhecemos hoje, não seria o mesmo? E isso é incrível de se pensar. Caso você acredite em lendas, óbvio.

Eu estava totalmente perdido em meus pensamentos e nas sensações que o sol me proporcionava que eu nem notei um garoto alto me encarando de braços cruzados na porta.

- Quem é você? - ele pergunta.

Eu me assusto e me afasto rapidamente da janela, meu corpo e emoções estava todo e embarassado. Sem rações ou como explicar o motivo da minha viagem mental, eu tento explicar.

- Bem, eu? - respondo. Ok, essa não foi a melhor resposta no momento. - Quer dizer, eu sou Dominic!

Eu levanto minha mão em um comprimento desajeitado, esperando parecer amigável, mas, invés dele retribuir o aperto, ele simples desfaz os braços cruzados e o leva ao bolso de sua calça. De repente, me senti sendo analisado pelo próprio FBI, como se eu fosse um bandido que decidiu entrar no território errado e agora, eu tenho que lidar com as consequências.

- Dominó? - ele pergunta. - Ah, você deve ser o novo órfão que mandaram, correto?

Acabei concordando. Por um momento, eu parei para analisá-lo; Ele é um jovem que parece estar na reta final de sua adolescência, tendo 16 ou 17 anos. O garoto tem cabelo curto, castanho escuro e ondulado com franja que geralmente cobre o lado direito da testa. Seu cabelo está bem raspado logo acima das orelhas. Ele tem olhos castanhos escuros e costuma usar uma expressão que o retrata como hostil e crítico.

LOST BELIEF | Enoch O'Connor.Onde histórias criam vida. Descubra agora