10. AM I A SENSITIVE SUBJECT?

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Dominic encontrava-se deitado em sua cama, exausto após um dia longo e cansativo na praia. O sol tinha se posto há horas, mas sua mente estava longe de encontrar a paz necessária para adormecer. Ele não conseguia esquecer uma cena particular que acontecera naquela praia ensolarada. O momento em que quase beijou seu colega, Enoch, ainda ecoava em sua mente, enchendo-o de uma mistura de emoções.

Havia algo de excitante na proximidade dos lábios deles, uma eletricidade no ar que Dominic nunca experimentara antes. No entanto, essa excitação era acompanhada por uma sensação de sujeira, como se estivesse explorando território desconhecido e proibido. Era uma emoção nova e confusa, deixando-o emocionalmente agitado e incapaz de encontrar paz.

Apesar do cansaço que pesava sobre seus olhos, a mente de Dominic estava acordada e alerta, incapaz de se libertar da imagem daquele quase-beijo. A curiosidade e a excitação o mantinham acordado, preenchendo-o com uma energia que o impedia de encontrar o sono tão necessário naquela noite inquieta. O sono começou a bater, um bocejo longo saiu dos seus lábios e seus olhos se fecharam lentamente. Ele adormeceu tranquilamente.

Dominic estava mergulhado em um sono tranquilo em sua cama, mas algo mudou abruptamente. Enquanto ele dormia, seu subconsciente foi invadido por velhos sonhos novamente.

Desta vez, a intensidade dos sonhos aumentou, envolvendo-o de uma maneira que ele não experimentara antes. Sob o véu do sono, Dominic começou a suar frio, seus lençóis se enroscaram em torno dele enquanto ele se contorcia na cama, lutando contra as imagens surrealistas que o assombravam.

O quarto silencioso estava agora cheio do som abafado dos suspiros agitados de Dominic, enquanto ele tentava entender o significado por trás desses sonhos inquietantes.

O desespero lhe fez acordar às pressas. Entretanto, quando abriu seus olhos e encarou tudo à sua volta, tudo o que ele conseguia ver era a escuridão eterna em sua frente. Não havia sinal de sua cama ou quarto; ele se encontrava perdido em um vazio sem limites. Gritar foi inútil, sua voz ecoava como se encontrasse paredes invisíveis que absorviam seu clamor.

Sentindo uma mistura de medo e determinação, Dominic decidiu sair da cama cuidadosamente, colocando os pés no chão frio e descalço. Ele começou a caminhar lentamente pela escuridão, sua mão estendida à frente em busca de algo tangível, mas tudo o que encontrava era um vazio gélido.

Cada passo era incerto, seu coração batia forte em seu peito enquanto explorava o desconhecido, procurando por uma saída ou qualquer sinal de luz. Contudo, uma voz começou a lhe chamar, cada vez mais alto.

Dominic..
Dominic..
Dominic..

De alguma forma, aquela voz misteriosa lhe era familiar. Ele não sabia da onde ou de quem, mas era uma voz que um dia já aqueceu o seu coração. Cada vez mais perto, uma decisão duvidosa e um coração determinado a chegar ao fim.

"Não se esqueça", ela dizia. A voz era tão encantadora e suave, cada palavra pronunciada é como uma melodia sussurrada, guiando-o através do negro da noite com um toque de medo e curiosidade.

Dominic avança com cautela na direção da voz, seus passos ecoando pelo vazio. À medida que se aproxima, a escuridão dá lugar a uma figura enigmática e pálida. Uma mulher, envolta em sombras, emerge lentamente. Seu rosto está parcialmente oculto sob um capuz que lança sombras misteriosas sobre suas características. Os olhos dela, embora obscurecidos, brilham com uma intensidade cativante, prendendo a atenção de Dominic como estrelas distantes em uma noite sem lua.

Ela estende a mão delicadamente, chamando-o pelo nome com uma voz suave e melodiosa que parece ecoar através do tempo. "Dominic", sussurra ela, seu tom carregado de mistério e sabedoria. O garoto sente uma estranha familiaridade na maneira como ela pronuncia seu nome, como se o conhecesse a mulher de sua infância. Intrigado, Dominic se aproxima mais, seu coração batendo forte no peito enquanto ele tenta decifrar os segredos que aquela mulher misteriosa guarda sob o capuz sombrio.

LOST BELIEF | Enoch O'Connor.Onde histórias criam vida. Descubra agora