-"𝖡𝖾𝗆 𝗏𝗂𝗇𝖽𝗈, 𝖣𝗈𝗆𝗂𝗇𝗂𝖼!"

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𝐍𝑂𝑇𝐸 :: 😶‍🌫️

"Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!"
-•-

Você já sentiu como se você não pertencesse ao lugar que tanto te falaram que era seu? Digo, você já se sentiu descolado, certo?

Tudo o que eu ouvi a minha vida inteira era que eu era algum tipo de aberração, um monstro sem futuro ou amor para dar, me tratavam como uma ameaça - até eu virar uma.

Estou em uma barco sendo levado para um lugar, no qual, eu irei me "encaixar" melhor, um lugar cheiro de pessoas como eu, crianças, como eu. Também conhecidas como crianças peculiares, um nome um tanto extravagante, na minha opinião. Não que ela importe tanto. Afinal, eu só quis me expressar melhor..

O cheiro do mar invade minhas narinas ao ponto de arderem. É sério, não tinha outro lugar invés de Gales para arrumar uma fenda? Sei lá, Nova York? Dubai? Enfim. Eu não sei tanto sobre esse Orfanato, só sei que o lar da senhorita Peregrine é muito bem falado pelas ymbrynes. Dizem que as crianças são especiais, sendo mais levado além do literal.

Mas, e se eu não me encaixar naquele lugar? Talvez não seja para mim estar com outras pessoas. Cresci de um modo muito isolado. Tornei-me antissocial. Comecei a compreender a realidade do universo em que vivia, que tinha muito pouco para me oferecer. Não encontrava amigos de quem gostasse, que fossem compatíveis comigo, ou que gostassem do que eu gostava.

O nervosismo não deixa de invadir meu corpo nem por um momento, minhas mãos estão geladas e trêmulas buscando por um toque quente para me acalmar, por sorte, eu tenha ela.

- Vai ser um bom lugar. - o som de uma voz feminina entra em meus ouvidos. - A senhorita Peregrine é uma ótima cuidadora! Suas crianças também são muito especiais, você vai gostar!

- Eu sei, Ágatha. - minha visão não sai do mar e das nuvens caídas sobre si, embaçando meus olhos de enxergarem algo além daquela água salgada.

Senti o calor da mão de Ágatha sobre a minha mãos em puro gelo, ela entrelaçou nossos dedos de uma forma tranquilizadora, aquele era o jeito dela de dizer que tudo ficaria bem. Ágatha sempre soube como me tranquilizar sem precisar de muito esforço.. impressionante.

Ágatha é uma ymbryne, no qual, eu sempre fui muito próximo, conheço ela deste dos meus 5 anos de idade! Foi ela que cuidou de mim e me alimentou devidamente quando eu tive falta de um colo de mãe.

Minha mãe. Minha mãe é uma ótima pessoa, ela só não é uma boa mãe, não o suficiente para cuidar de mim. Tudo o que ela faz é deixar bilhetes e alguns presentes no meu aniversário.

Não irei reclamar, tem mãe que não faz nem o mínimo de se importar com o seu filho, largado aos quatro ventos, chorando no quarto enquanto se perguntava o que fez de errado.

Sempre tentei descobrir quem era, fazendo muitas vezes, eu ficar escondido debaixo da escada e bisbilhotando a porta. Infelizmente, nunca consegui. Minha mãe nunca entrava para dentro e a Senhorita Ágatha tampava a minha visão da porta, de algum modo, eu sinto como se elas soubessem que eu estava às observando - e de fato eu estava.

Eu estava tão perdido nos meus pensamentos que nem vi que chegamos na balsa, só consegui perceber quando um estrondo ensurdecedor entrou diretamente em meus ouvidos. Por fim, o barco acabou batendo em alguma parte da balsa, causando o som que eu ouvi á alguns minutos atrás.

Entretanto, agora eu consigo ver melhor as montanhas e as casas, diferente de horas atrás que eu não conseguia ver nem meus pés por conta da neblina intensa. Só de pisar naquele lugar, eu percebi que não havia muitos visitantes.

LOST BELIEF | Enoch O'Connor.Onde histórias criam vida. Descubra agora