8. "JEALOUS, ENOCH?"

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- Então por que ele?

Eram perguntas sem respostas, cada vez mais que Dominic parecia estar perto de uma resolução, um problema inexplicável aparecia e se colocava na frente, o cegando da verdade. Às vezes, parece que estamos vagando por um labirinto de perguntas sem fim, sem a esperança de encontrar um caminho claro em direção a respostas reconfortantes.

À medida que ele mergulha mais fundo em sua busca por respostas, ele também se depara com segredos do Orfanato que tentaram manter enterrados por um bom tempo. Nic se encontra no centro de um conflito que ele nunca imaginou, e sua verdadeira identidade pode ser a chave para resolver um enigma muito maior.

- Eu não sei. - A confusão de Dominic é palpável, pois ele luta para reconciliar o passado desconhecido com o presente incerto.

Mas então, diante dos olhos de Enoch, o extraordinário novamente aconteceu, Dominic fechou os olhos por um momento e, quando os abriu novamente, seu cabelo começou a alongar e clarear, fluindo para baixo em uma cascata de fios loiros. O vestido desapareceu, substituído por uma camiseta com o símbolo de uma banda no meio e calça jeans desgastada. Seus traços faciais tornaram-se mais angulares, revelando uma figura agora decididamente masculina.

A transformação era impressionante e demonstrava a habilidade única de Dominic de mudar sua identidade com um simples desejo. Ele se tornou o garoto com cabelos longos e atitude despojada que o Enoch estava familiarizado.

- Não sei porque eu ainda fico surpreso com isso. - O garoto desviou o olhar.

Nic está determinado a desvendar a verdade, mas seu coração está dividido entre o desejo de encontrar respostas e o medo do que essas respostas podem revelar sobre sua própria identidade e o mundo ao seu redor. Em momento único de tensão, os problemas parecem evaporar assim que uma garota loira de cabelos ondulados se fez presente no local.

- Rapazes, desculpa. Eu estou atrapalhando? - metade de seu corpo estava escondido atrás da porta, apenas sua cabeça podia ser visto. Nós dois negamos com a cabeça. - Ótimo! Eva está pedida aparição dos dois para o nosso dia de passeio de hoje.

Verdade, Olive me avisou que hoje será um passeio e me aconselhou a me alimentar bem para me manter acordado ao decorrer da caminhada. "Não queremos que você durma no caminho, certo?"

Ambos garotos assentiram. A atmosfera carregada de ressentimento era tangível enquanto ambos compartilhavam um momento de silêncio inicial, cada um consciente do peso do passado. Dominic, apesar da sensação incômoda que cercava a situação, decidiu tomar a iniciativa e quebrar o gelo.

Com uma tentativa de aplacar a tensão, ele começou a formular sua primeira palavra, mas antes que pudesse articulá-la completamente, Enoch, em um gesto que denotava claramente sua relutância em se engajar, simplesmente optou por ignorar a tentativa de Dominic.

Seu silêncio foi eloquente, uma reação que poderia ser interpretada de muitas maneiras, mas que, acima de tudo, refletia sua relutância em reviver ou confrontar as questões que haviam levado a essa tensão latente. Sem proferir uma palavra, Enoch escolheu a retirada, deixando a sala em um gesto de aparente desinteresse, mas cujo significado subjacente estava entrelaçado com uma história de desacordos não resolvidos e ressentimentos enraizados.

Era como se ambos tivessem compreendido que, naquele momento, as palavras poderiam inflamar ainda mais as chamas do passado não resolvido e que o silêncio era, de certa forma, a única forma de evitar uma escalada desagradável.

| Quebra do Tempo |

Peregrine estava esperando todos em frente à porta. Algumas crianças estavam em fileiradas em sua frente, esperando os dois garotos para começar o seu passeio - ou como gostam de chamar: "Dia especial".

Dia especial era praticamente quando as crianças finalmente saíam do orfanato e de suas rotinas repetitivas e começam a andar pela ilha. Lógico, tem horário de ida e volta, e algumas regras para seguir, caso você queira ir no próximo passeio. Peregrine acredita que uma boa caminhada estimula uma boa saúde, ficar preso em uma mansão gigante deixa qualquer um louco. Ar fresco é tudo o que essas crianças animadas precisam.

Não demora muito para eu e Enoch descermos a escadas.

- Ah! Achei que vocês não iriam aparecer! - Peregrine abre um sorriso quando nos vê, algumas crianças ao seu redor solta um ar de alívio da boca.

- Perdemos noção da hora. Desculpe! - Eu digo. Meus olhos estão disputando para ver quem eles vão encarar; Peregrine ou Enoch.

- Esqueça isso! - O sorriso gentil nunca saiu do seu rosto. - O importante é que agora vocês dois estão aqui e já podemos ir.

Gritos animados invadiu a sala, realmente era um dia especial para eles. Contudo, Enoch não tirava a cara emburrada do rosto, sempre deixando claro suas expressões de constrangimentos pelos acontecimentos passados. Todos saímos para o passeio.

Era um dia ensolarado e sereno, próximo à praia que servia como pano de fundo para as vidas dessas crianças órfãs, um grupo animado saiu para um passeio. A maioria delas estava imersa na alegria do momento, absorvendo os raios de sol e a brisa marítima, mas havia duas almas inquietas entre elas. E não precisa de muito para adivinhar que era Enoch e Dominic, já que ambos carregavam consigo o peso de uma interação anterior, algo que as deixava perturbadas e desconcertadas.

No meio desse grupo estava Emma, uma garota cujo coração transbordava de empatia e compaixão. Observando atentamente, ela notou a tensão que pairava sobre seus companheiros de jornada. Sem hesitar, Emma decidiu intervir.

- Ei, vocês estão bem? Parecem incomodados com algo? - a voz da garota é dócil e sereno, como a brisa que bate em um lindo dia ensolarado. - Hoje mais cedo, eu não interrompi nada importante, não é?

- O que? Não! - me opôs primeiro, já que Enoch nem pensou em interagir com aquelas perguntas - Eu e Enoch só estávamos conversando, não se preocupe!

A garota abriu um grande sorriso. Com habilidade delicada, Emma conseguiu extrair os receios que assombravam pelo menos a mente de Dominic, mantendo-o calmo.

- Desculpe, eu esqueci o seu nome. - Dominic era péssimo com nomes. Pelo menos era um bom motivo para puxar um assunto com a garota. Por outro lado, Enoch encarou ambos com uma expressão confusa e enjoada, ele se colocou na frente e andou até Olive que estava distraída com a linda água cristalina do mar.

- Eu acho isso desnecessário! - Ele diz sem mais nem menos, roubando toda a concentração da garota.

- Do que você está reclamando agora, Enoch? - Olive estava mais que acostumada com essa atitude. - O vento não está te agradando?

- AHAHAH Você é tão engraçada! - ele finge uma falsa risada, sendo o garoto irônico que ele é. - Estou falando deles!

O garoto deu uma discretamente apontada para trás, levando os olhos da garota até a interação de Emma e Dominic, ambos riram e se divertiam comentando sobre as paisagens que um dia eles queriam explorar - se isso fosse possível.

- Qual o problema? Eles estão apenas se divertindo. - A ruiva deu de ombros, sem entender o motivo do incômodo. - Está com ciúmes?

- Óbvio que não! - Enoch que antes era branco, ficou totalmente vermelho. Facilmente seria confundido com um tomate gigante - Do que você está falando? Eu mal conheço ele!

Olive apenas riu da reação, não esperando isso.

- Quem disse que eu estou falando do Dominic? - Olive encarou Enoch com uma sobrancelha arqueada e um sorriso de lado.

O garoto estava desconfigurado, todo desajeitado, sem saber o que falar ou como reagir. Ele caiu na própria armadilha. Enoch se virou para dar uma espiada na conversa de ambos atrás de si, mas ao olhar, percebeu que Dominic já estavam lhe encarando, fazendo que os olhares se encontrassem por alguns segundos, antes de desviá-los.

- Isso é besteira! - Enoch cruzou os braços emburrado. - Eu.. não é nada disso!

- Está muito na defensiva para quem diz que é mentira, viu? - Olive deu pequenas risadas antes de continuar caminhando.

LOST BELIEF | Enoch O'Connor.Onde histórias criam vida. Descubra agora