Rola uma terapia?

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Rola uma terapia?

Minhas lembranças vagam na minha mente, quando eu vejo os fleches das câmeras que capturam cada pose minha. Era o mesmo tom de luz que eu me lembro, quando fiquei deitado na maca do hospital, na emergência. Os médicos mexiam as luzes de suas pequenas lanternas para ver se eu conseguia reagir algum reflexo.

Os médicos...consigo me lembrar de que era muitos a minha volta, o barulho ainda estava bem alto, pela grande confusão que a minha família havia causado. Eu, um menino de oito anos, havia levado uma surra tão grande, que era impossível eles acreditarem que tenha sido do próprio pai. Qual era mesmo o motivo?

Estava na escola, naquele dia, era um dia de chuva, e eu sempre ficava esperando na lanchonete, até que meu pai viesse me buscar, havia um menino também ao meu lado, e nós dois conversamos muito naquele dia, e depois disso, ficamos amigos. Eu não me recordo do seu nome agora. Sou ruim em guardar nomes, desculpe. A amizade foi ficando cada vez maior, eu tinha oito anos, quando em um dia de chuva, o meu pai flagrou a mim, sendo beijado por um menino de dez anos.

Eu não me lembro da sensação do toque, e nem sei o motivo, só me lembro das luzes dos médicos. O meu pai me bateu tanto, que eu perdi os meus sentidos, e tudo agora era uma vaga lembrança.

(...)

A sessão de fotos acabou, agradeço a todos, e caminho ao meu camarim, onde meu melhor amigo, Min Yoongi, está deitado no sofá, braços cruzados e olhos fechados.

- Já acabou? - ele pergunta sem me ver, eu assenti, como se ele estivesse me olhando. Me sento no sofá, pegando o celular.

- Sua namorada é bem chiclete. - Ele disse sentando, e encara eu, encarando o celular.

Namoro Park Eun Jin há mais o menos seis anos, já estamos progredindo a um noivado, gosto dela. É bonita, charmosa e cheia de talento. Uma modelo de sucesso, que namora outro modelo de sucesso, a vida nos uniu desde muito cedo, e nos envolvemos em um relacionamento.

- Ela quer ir a um cinema. Em casa. - Arrastei a voz pra Yoon, jogando o celular de lado. Meu melhor amigo me conhecia desde sempre, ele sabia bem mais do que eu aquele dia fatídico que eu sofri muito pelo meu pai me bater. Yoongi sabia que eu reprimia meus sentimentos. Nem eu sabia que os mantinha.

- Não gosta dela. Acabe logo com isso.

- Os pais dela e os meus, se reuniram ontem. Vamos marcar uma data. Em breve.

- Aish! Kookie, não é assim que as coisas funcionam.

- O sexo é bom. E depois dele também.

- Ah sim, uma maravilha, para quem nunca gozou nessa sua vida medíocre. - Acostumem com Yoongi falando na minha cara, o quão fracassado sou.

Sim, ele tem a droga da razão. Talvez seja um bloqueio mental, mas nunca deixei as meninas perceberem, e tampouco Eun, que sempre pedia pra eu tirar mesmo, antes de gozar, ela não gostava de usar camisinha, então...

- Tudo bem. Vou encontrar com ela.

- Deixe de ser idiota, idiota. Ela quer laçar você, não está vendo?

- Meio difícil, já que eu não gozo.

- Eu vou procurar um médico para você foder com gosto. - Ele sorriu gengival, e eu revirei meus olhos.

(...)

Fazer sexo com Eun, era tipo ficar só com o corpo ali, parado, enquanto ela quicava, rebolava, ou fazia as coisas que ela pensava que eu gostava. Um tanto vago. Eu nunca senti prazer em foder alguém, nenhuma mulher soube me dar prazer do jeito que elas pensam que me davam. E tentar sentar em um bar, e olhar homens, não cabia a minha capacidade mental, pois o contato visual, me faz entrar em Pânico e ansiedades. Yoongi é o único homem que mantém contato comigo, porque ele não me encara nos olhos. Já tivemos experiência demais com o fato dele segurar a minha mão. Então, não. Eu não sou gay.

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