† 03 - O medalhão de Belfegor

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Os dois caíram pelo tempo que pareceu uma eternidade

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Os dois caíram pelo tempo que pareceu uma eternidade. Rolando pelo barranco do precipício sem parar. Parecia que a queda nunca teria um fim.

Até que se juntaram aos corpos amontoados.

— Galgal, você está bem? — Lúcifer perguntou ao demônio que gemia em suas costas.

— Sim — ela suspirou.

— Quer descansar?

— Não podemos. Vamos morrer aqui. Ande, levante!

Lúcifer engoliu o desespero e ergueu o corpo, que parecia tão pesado quanto se carregasse o céu inteiro nas costas. Começou a se rastejar por cima dos corpos e almas ali perdidos, empurrando-os para liberar caminho. Ele não conseguia decidir o que era mais incômodo: o peso da Preguiça ou o som dos gemidos constantes, associados à vibração dos roncos de Belfegor.

Tentou ignorar, embora fosse quase impossível. Ele desejou ardentemente que Galgal continuasse sussurrando em seu ouvido para manter sua mente distante dos efeitos do Príncipe, mas sabia que ela estava recebendo o mesmo peso que ele, então não podia ficar exigindo muito.

Continuou se arrastando, passando por cima dos corpos, das pedras e de todo o resto que se encontrava caído e jogado na areia. As pernas de Lúcifer quase não se moviam. Ele podia arrastá-las, mas não era capaz de erguê-las nem um único milímetro. Apenas a parte superior de seu tronco, do peito para cima, tinha forças suficientes para se erguer.

Vou me vingar! Vou me vingar! Vou me vingar!

A mente repassa seu objetivo constantemente, lutando contra o desejo de desistir para descansar. A cada centímetro conquistado, Lúcifer sente a esmagadora pressão da Preguiça sobre si. Agora, até mesmo sua respiração é pesada, como se o ar fosse feito de terra e pedras. O chão vibra por conta dos roncos de Belfegor, e todos os órgãos internos de Lúcifer parecem vibrar junto.

Que desejo de morrer! Ele só queria cair e entregar-se ao leito de morte, mas continua se arrastando, rastejando como uma serpente moribunda em busca de um ninho escuro para enterrar a cabeça, mas não, Lúcifer não pode esconder sua cabeça, ou será o fim. Ele precisa continuar. Por sua vingança. Por Galgal em suas costas.

Pa...— ele parou por um instante, pois quase clamou por ajuda do pai, assim como fazia nos antigos momentos de dificuldades.

A traição de seus instintos o irou, e Lúcifer sentiu a ira arder em seu peito. Trincou os dentes e rastejou um pouco mais, ignorando os inúmeros corpos ao redor, empurrando-os para os lados enquanto se aproxima de Belfegor.

Com o corpo ardente, alcançou a borda do leito, onde pousou a mão. Ele sentiu o corpo inteiro enrijecer no mesmo instante, como se estivesse trinta vezes mais pesado e mais sufocado. Repentinamente, a cauda de Galgal o tocou no ombro, furando levemente, mantendo-o acordado.

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