Capítulo 3

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A lagoa não era tão longe da vila quanto eu imaginava, se não houvessem tantas árvores cobrindo o caminho, ela poderia ser avistada de onde a vila terminava sem problemas. Também não era muito grande e suas águas limpas estavam calmas. Segundo Malum, haviam muitas outras pela vila, por isso vila da lagoa.

Fizemos algumas investigações nela, tanto dentro quanto ao redor.

— Não há um sinal muito forte de magia ruim nessa lagoa. Qual foi a última vez que disse que a criatura tinha vindo? — Duna perguntou retirando os dedos da água e olhando para Malum.

— Faz uns cinco dias.

Meus olhos se estreitaram olhando para a água, também usei minha magia para conferir a quantidade de magia ruim que havia naquela lagoa. Tinha algo muito errado ali.

— Tinha que ter mais magia nessa lagoa se a criatura veio aqui a poucos dias — Nalu disse o que eu estava pensando após ter feito o mesmo que eu.

— Há menos que ela tenha recolhido a magia ao sair, ou jogado algum feitiço — opinei.

— Acho que não — disse Duna descartando minha ideia.

— Ou talvez sim — disse Nalu. — É uma criatura inteligente afinal, e consegue controlar várias mentes ao mesmo tempo, não sabemos ao certo qual o nível total de sua magia, então não é uma ideia que deve ser descartada.

Duna deu um olhar de raiva a Nalu, provavelmente se sentindo de certa forma humilhado por suas palavras, que tinham razão e faziam Duna, alguém bem mais velho e experiente, não parecer tão velho e experiente assim. Nalu não notou seu olhar, concentrado na lagoa, mas eu notei, e notando que eu estava olhando, Duna me deu um olhar de nojo. Lhe dei um sorrisinho debochado, que fez com que seu semblante se fechasse mais ainda, mas ele não fez nada.

Não podia, mas devia pensar que iria poder um dia quando eu resolvesse entrar para a Guarda e tivesse que estar sob os comandos dele, mas isso não aconteceria, porque eu não entraria pra Guarda da família de Nalu.

Depois de fazer mais algumas inspeções na lagoa, sem muitos vestígios da criatura, decidimos que seria melhor voltar à noite, quando ela geralmente aparecia, para ver se teríamos um melhor resultado.

Voltando para a casa de Malum, onde ficaríamos até que a missão terminasse. Vimos duas empregadas, uma carregando uma caixa com alguns brinquedos infantis dentro, e a outra com um quadro, onde Malum, uma mulher, bastante parecida com as dos outros quadros na parede, e uma criança, estavam.

— O senhor tem mulher e filhos? — Nalu perguntou de repente, uma pergunta que eu também queria saber. Malum pareceu ter sido pego de surpresa por aquela pergunta, e seus olhos voaram em direção às empregadas que não parecia ter notado antes.

Algo que compreendi como raiva se passou por seu olhar, mas este logo se transformou em tristeza, e ele deu um pequeno sorriso triste, dispensando as empregadas com um aceno, que pálidas saíram praticamente correndo dali por um corredor ao meu lado. Meus olhos se estreitaram levemente enquanto eu as observava fugindo pelo corredor, olhando brevemente para trás com um olhar de pânico.

— Eu tinha — disse Malum, não tendo visto as reações que eu vi nas moças. Me voltei em sua direção, vendo seu olhar perdido para o nada. — Eles morreram há algumas semanas, vítimas daquela coisa, primeiro meu filho sendo afogado, depois minha mulher que não resistiu a sua morte, tendo um infarto.

— Sinto muito pela sua perda, meu senhor — Duna disse com cortesia, e todos nós demos um aceno. O homem não sorriu para nós dessa vez, mas nos olhou sério.

— Não gosto de condolências, mas aceitarei a de vocês quando pegarem aquela criatura e descobrirem o que está acontecendo.

— Pode ter certeza de que o faremos — disse Nalu, ganhando um certo olhar surpreso do homem, seguindo de um aceno.

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