Capítulo 7

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A mãe de Nalu colocou o relatório da missão à nossa frente, e o pegamos para ler. Nele dizia com datas e horários quando chegamos a vila e o que fizemos nela, com os depoimentos dos Guardas da vila, dos nossos Guardas, de alguns moradores e meu e de Nalu.

Após os pais de Nalu chegarem, uma grande investigação começou, e minhas desconfianças se mostraram estar certas. Aquela criatura era mesmo a esposa de Malum, que segundo alguns empregados da casa, a matou afogada para que ficasse sob posse de todos os bens dela, e os ameaçou de matá-los se revelassem alguma coisa. Eles não o fizeram já que não tinham outra prova além da própria palavra.

Mas ela voltou à vida, e seu propósito não era vingança e sim a proteção do filho. O que foi uma "sorte" enorme para toda a vila, pois se fosse vingança as mortes seriam muito maiores. O garotinho era chamado por ela e sempre ia visitá-la, não ficou claro se ele sabia que era a mãe ou não, mas Malum quando descobriu temeu que o que aconteceu naquela lagoa fosse descoberto. E brigou com o garoto.

Não foi intenção dele matá-lo como fez com a mulher, mas com medo do pai em meio a um sermão, o garoto acabou tropeçando e caindo das escadas, quebrando o pescoço. Novamente o caso foi encoberto e foi dito ao público que a criatura o tinha matado. Não tendo mais a visita do filho, a criatura começou a chamar e procurar por ele, mas já não conseguia mais alcançá-lo por estar morto, foi quando ela ficou mais violenta e começou a matar os moradores.

A Guarda da vila não conseguia resolver o caso, não sabiam como a criatura tinha surgido, porque estava fazendo o que fazia, nada. Malum não teve outra opção senão nos chamar, e seu plano era que alguém da Guarda recebesse o amuleto com a aparência de seu filho para que a criatura se distraísse com ele e assim fosse mais fácil de ser capturada.

Ele só não esperava que víssemos o quadro da mãe e do menino, para podermos reconhecê-lo mais tarde.

Por todos os assassinatos que foi responsável, direta ou indiretamente, ele foi condenado à morte quando o caso foi a realeza, todos os que sabiam sobre o acontecido e encobriram ele foram presos. A Guarda da vila estava sob o comando da vila até que um novo líder fosse eleito.

Já quanto à nossa Guarda, os corpos dos mortos foram resgatados e enterrados, e os Guardas que sobreviveram foram presos na cidade da Guarda, onde ficariam o resto da vida. Não poderia dizer que estava triste com essa notícia.

Tanto eu quanto Nalu recebemos medalhas de honra e bravura, e pela primeira vez eu vi seus pais me olharem com algo que não fosse desgosto, eu havia provado a eles o meu valor.

— O que acontecerá com a senhora Tasia? — perguntei aos pais de Nalu quando todos saímos do escritório. Nalu e eu com nossos novos broches sobre a armadura.

— Executada — respondeu a mãe dele, meus olhos se arregalaram.

— Como? Por que? — ela me olhou como se eu fosse burra, qualquer admiração anterior tendo ido embora.

— É uma criatura de magia ruim. Matou Natures.

— Eu sei disso, mas não acho que ela teve a intenção de matar ninguém, exceto aqueles que a atacaram primeiro. E não estou dizendo que nada deve acontecer a ela. — Acrescentei a última frase rápido quando o pai de Nalu abriu a boca. — Só que apesar de tudo que aconteceu ela também é vítima nessa história, foi morta de um jeito horrível e tudo que queria era proteger o filho. Não seria melhor purificar seu espírito primeiro? Para que ela morresse como uma Natur e não uma criatura de magia ruim?

— Não — respondeu a mãe de Nalu sem hesitação. — Não faria a menor diferença, ela acabaria morrendo de todos os jeitos, apenas nos daria mais trabalho.

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