Capítulo 2

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Subimos por uma escada até duas grandes portas, que ao serem abertas pelos empregados mostraram um grande escritório, onde todo o grupo da Guarda coube sem problemas. Nós ficamos separados da Guarda da cidade, que foram para trás da grande mesa, onde Malum ficou.

Ele nos deu um pequeno sorriso e parecia prestes a falar quando notou a presença de Nalu em meio aos Guardas, e a minha ao seu lado, confusão tomou sua face e ele piscou duas vezes olhando de mim para Nalu para ver se estava vendo certo. Depois olhou para Duna.

— Hm, perdão, mas… quem são essas crianças?

Arqueei uma sobrancelha indignada, enquanto Nalu mantinha sua expressão impassiva, as mãos nos bolsos. Eu sabia que nós dois éramos um pouco baixos para a nossa idade, mas já tínhamos quinze e dezesseis anos, não éramos mais crianças. Duna estendeu a mão na direção de Nalu.

— Esse é o jovem Nalu, filho de nosso líder. — Os olhos do homem brilharam. — Os pais o enviaram para um teste de Jovem Aprendiz.

— Oh, fico honrado de ter vindo a nossa humilde vila, senhor Nalu, qualquer coisa que precisar, não hesite em pedir.

Nalu apenas assentiu, e os olhos brilhantes do homem se moveram para mim.

— E a jovem moça? — O olhar de Duna mudou, e ele me olhou com deboche abrindo a boca para soltar alguma asneira, mas Nalu o interrompeu, com outro olhar severo, enquanto dizia:

— É minha melhor amiga. Anila.

Meu coração deu um salto com seu tom de voz, ele realmente tinha puxado o tom de liderança dos pais. Malum levantou levemente a sobrancelha, notando a tensão entre Nalu e Duna, e deu um pequeno sorriso, não ficando nem de um lado nem de outro, soltando apenas um:

— Entendo — e começando a nos contar sobre a nossa missão.

Antes, era válido ressaltar que nosso mundo era dividido em duas magias, a boa e a ruim. Dentro das leis do mundo Natur, podíamos usar apenas a magia boa, e todos aqueles que usassem a magia ruim seriam punidos, afinal ela era perversa, sempre que era usada Natures acabavam morrendo, e não apenas Natures eram corrompidos por ela como criaturas malignas eram geradas. Estávamos ali para capturar uma dessas criaturas.

— Ela apareceu a cerca de dois terços da estação em uma lagoa não muito distante da vila. Alguns moradores já a tinham visto desde o começo, mas pensaram que era apenas uma criatura de baixo nível e avisaram a Guarda. Eles foram várias vezes lá por causa desses relatos, mas ninguém nunca encontrou nada, e até pensamos ser brincadeira. Até cerca de um terço da estação. — Ele fez uma pausa, sua expressão se tornando mais séria enquanto pegava um copo de água e bebia um gole longo, dramático, os Guardas atrás dele pareceram ficar mais tensos, com sentimentos mais reais do que seu líder aparentava, alguns com expressões pesarosas em seus rostos. — Em uma noite, ela começou a… cantar, um som que de começo parecia bonito, mas que foi se tornando alto, estridente e ruim. Os primeiros a serem afetados foram as crianças que começavam a sangrar pelos ouvidos, depois os jovens que começavam a ficar desorientados e então os adultos que eram enfeitiçados pelo canto e não agiam mais como si mesmos, tendo seus corpos controlados. Nos primeiros dias, eles apenas andaram alguns passos em direção a lagoa, antes que o canto fosse quebrado e voltassem ao normal, mas conforme o tempo ia passando começavam a ir cada vez mais longe, até chegarem a lagoa, entrarem nele, e não saírem mais. Todos ficaram revoltados, mas não importava o que tentássemos fazer nunca conseguimos pegá-la. Até mesmo alguns moradores tentaram ir atrás dela, mas bem, eles não possuem o que é necessário para pegar algo assim, ela sempre fugia, e sempre fugia mais rápido quando via a Guarda pois sabia que eles poderiam ter alguma chance.

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