o que ele não viveu. | jikook

02| Vida.

PARK JIMIN

— Sério, de quem foi a idéia de colocar aula de educação física no primeiro dia? — Namjoon protestou enquanto caminhávamos em um corredor cheio de adolescentes animados com a idéia.

— Será que dá pra parar de falar como se fosse sedentário? Todo mundo sabe que você faz academia Nam, olha o tamanho dos seus braços. — Hobi provocou apertando o antebraço dele enquanto tentava desviar de seus tapas.

— É big boy, ponha-se no seu lugar, agora parem de gracinha e vamos logo! — Jackson agarrou nos braços dos dois os puxando em direção à uma porta que indicava o "vestiário masculino." 

Eu ainda não sei o que pensar sobre tudo isso, o peso de estar vivendo uma vida que não era minha junto do peso de me sentir um assassino mesmo sabendo que esse termo não cabe de fato a mim, estão me sufocando.

A culpa por estar me adaptando tão rápido aos humanos, a culpa por simpatizar com os amigos dele. É meu primeiro dia aqui e já tenho certeza de algo que passei a existência inteira acreditando o contrário.

Nem todos os humanos são abomináveis.

Adentrei o vestiário incerto sobre o que fazer de início, no entanto Jackson me jogou uma camisa e um short de tecido leve que me fez deduzir que eu deveria trocar de roupa.

Procurei um canto pequeno e vazio do vestiário e retirei o uniforme rápido temendo ser espiado por alguém. Convenhamos que não estou familiarizado com a idéia de ser visto sem roupas, entretanto um grunhido baixo saiu de minha garganta quando a camisa raspou em minhas costas, tratei de retirá-la novamente e olhar no espelho o que havia de errado ali.

Péssima decisão.

As duas feridas não completamente cicatrizadas como eu imaginei que estariam.

Estou tentando ignorar o fato de que perdi parte de mim.

— Em no máximo dois dias serão só cicatrizes.  — A voz baixa me fez recuar e outro grunhido me escapou quando minhas costas chocaram com a parede. — Calma loirinho, vai acabar se machucando assim.

Um sorriso irônico enfeitava o rosto de Jeon Jungkook e um ponto de interrogação se instalou sobre minha mente quando ele simplesmente retirou a blusa revelando desenhos na pele do braço direito.

— O que pensa que está fazen- — Minha fala foi totalmente cortada pelo choque que tive quando ele se virou me dando ampla visão das cicatrizes em suas costas.

Um caído.

Fui rápido em puxá-lo pelo braço e o encurralar contra a parede, mais precisamente onde ninguém poderia nos ver.

— Quem te mandou aqui? — Interroguei tentando controlar o tom de minha voz, ouvindo uma risada baixa vinda dele.

— Ninguém Jimin, as notícias não correm rápido só no céu, sabia? Ouvi sobre a hipótese de um novo Lúcifer e fiquei curioso, me contaram que você não foi um bom anjinho.

Malditos anjos fofoqueiros!

— Poupe-me de seu tom irônico! — Rosnei o soltando e vestindo minha camisa com cuidado para não me ferir. — Não há novo Lúcifer nenhum, eu cometi um erro e estou sofrendo as consequências de meus atos, o resto não é da sua conta.