o que ele não viveu. | jikook

03| Caos.

PARK JIMIN

— ACORDA! — Meu corpo deu um sobressalto quando ouvi o berro. O diabinho estava pregado no teto novamente se divertindo com a minha cara de assustado. — Sua mãe já bateu naquela porta três vezes.

Esfreguei os olhos raciocinando que havia mesmo dormido, e foi assim durante quase um mês, porém um sono sem sonhos ou pesadelos, como se meus olhos só quisessem descansar de séculos acordado.

Em uma semana fará um mês desde que tudo aconteceu, tenho frequentado a escola todos os dias, Hobi e Nam não foram a aula desde o acontecido e Taehyung tem me feito companhia quando estou em casa.

Quanto aos pais de Park, tenho evitado aproximações que entreguem que não sou o filho deles, mas terei que dar um jeito de voltar a ser presente.

— Ela não é minha mãe. — Levantei da cama me livrando das roupas no meio do caminho para o banheiro, ignorando os resmungos de Taehyung.

Por mais que Jimin tenha sido claro em suas palavras eu ainda sinto que não devo roubar seu lugar, muito menos seus pais que o amam tanto.

Não posso me esquecer que eles o amam, e não a mim.

A água morna do chuveiro me arrancou suspiros de alívio, desejei desesperadamente passar o dia ali, apenas ignorando os últimos acontecimentos em minha existência mas os gritos da mãe de Jimin se tornaram mais altos e precisei me vestir para a escola.

— Onde consigo um desses? — Taehyung apontou para o uniforme já vestido em meu corpo.

— Pra que precisa de um desses? Quer estudar? — Ele ignorou minhas perguntas e tratou de arrancar do guarda-roupas o uniforme reserva  — Tem certeza do que está fazendo?

— Quero experiências novas Jimin. —  Sorri o vendo lutar com a gravata dando o nó errado para o lado errado. Caminhei até o mesmo ajudando a parecer menos demoníaco e mais humano.

— Tudo bem, só tente não possuir ninguém, a escola já é um caos por si só. — Se eu ainda fosse um anjo o proibiria imediatamente de frequentar tal ambiente, no entanto agora que sou um mero aspirante a "rei" não me importo em ver o circo pegar fogo.

— Eu não gosto de possessões, meu corpo já tem tudo o que eu preciso, só estou curioso sobre a rotina de um adolescente mundano. Talvez seja esse tipo de coisa que venho procurando a séculos. — Não era difícil de se notar o tom melancólico em suas palavras. 

— Saia pela janela, espero que tenha algum dinheiro, precisa comprar algumas coisas para frequentar a escola. — Avisei pegando a mochila da cama e saindo do quarto as pressas, desci as escadas rapidamente e peguei o pote com sanduíches que o pai de Jimin tinha em mãos, alegando que eu já estava muito atrasado para comer na mesa.

— Filho, quem é aquele rapaz bonito do lado de fora? — Quis rir da descrição feita pela Senhora Park Ji-yeon.

Taehyung é de fato um ser bonito, mas supondo que ele seja um dos primeiros demônios, é compreensivo pois foram criados para seduzirem os humanos com suas propostas duvidosas.

— É meu novo amigo Taehyung, vamos para escola juntos hoje, obrigada pelo café. — Me curvei antes de correr em disparada para onde o demônio estava, percebendo só naquele momento que eu teria que usar a bicicleta.