﹆ׂׂ 𖥻 𝟎𝟎𝟐; 𝗌𝖾𝗆𝗉𝗋𝖾 𝗍𝖺𝗅𝗏𝖾𝗓

534 94 50
                                    

Mitsuki duvidava que alguma coisa boa poderia sair do plano de Gojo. Permitir que o hospedeiro do Sukuna continuasse vivo só traria mais problemas, mas como Satoru não iria ouvi-la, só restava para a garota observar o desenrolar das coisas e agir se necessário.

Ela estava saindo do seu quarto do dormitório quando começou a escutar uma conversa — um pouco animada demais para aquela hora manhã — no final do corredor. Mitsuki caminhou até lá, esgueirando-se pelo canto da parede para ver a cena. Megumi bateu a porta de seu quarto enquanto o garoto de ontem a noite tentava ver o que tinha dentro; os dois mantinham uma breve discussão que Satoru observava com diversão nos olhos.

— Não precisa se esconder Mitsuki… — Gojo disse alto o bastante para que ela escutasse. Ela sabia que era impossível se esconder dele, então apenas deslizou para o lado, aparecendo completamente no corredor.

Mitsuki suspirou antes de caminhar até eles em passos calmos, e parar ao lado de Satoru.

— Bom dia.

Os olhares distraídos de Megumi e do portador de Sukuna logo pairaram sobre ela. Fushiguro não direcionou nada além de um aceno de cabeça para Mitsuki, mas o outro garoto a observou com atenção, como se pudesse sentir o perigo que ela representava, mas ao invés de parecer assustado ou se afastar, ele deu um passo à frente e estendeu a mão para ela.

— Oi, eu sou Itadori Yujii! — um sorriso enorme apareceu no rosto dele ao dizer essas palavras.

Geralmente Mitsuki não era recebida com tanta gentileza, então foi esquisito levantar a própria mão para cumprimentá-lo e mais esquisito ainda tentar dar um sorriso de volta. Gojo observou a cena e deu uma cotovelada leve em Mitsuki.

— Bom, agora você conheceu de forma apropriada o novo membro da equipe — Satoru disse com um sorriso grande estampado. — Se apresente para ele…

A morena espantou o nervosismo e apertou a mão de Itadori levemente, sentindo alguns calos na pele da palma dele, junto de um calor confortável. Entretanto a maldição dentro dela parecia estar fervilhando com algum sentimento negativo.

— Sou Mitsuki, Gojo Mitsuki. — ela respondeu seriamente.

Ela sempre evitava falar do sobrenome ao se apresentar, mas dessa vez sentiu vontade de dizer. Talvez para deixar Gojo feliz ou talvez apenas para intimidar o garoto, ela não sabia direito. Mitsuki conseguiu ver pelo canto do olho Gojo abrir levemente os olhos  por baixo da venda e sorrir com orgulho.

— Gojo? Ela é sua irmã? Ou filha? — Itadori perguntou quando soltou do aperto de mão, virando-se para Satoru com curiosidade nos olhos.

Gojo observou a garota, procurando algo no rosto dela antes de olhar para Itadori e dar uma piscadinha.

— Sou muito jovem para ser pai, e ela não é minha irmã não, garoto. — ele passou um braço por cima dos ombros de Itadori de forma acolhedora. — O sobrenome vai ser segredo por enquanto.

Mitsuki abriu um sorriso ínfimo para Satoru antes de respirar fundo, mudando de assunto.

— E então? Vamos buscar a novata hoje?

[...]

Nobara Kugisaki era quase tão elétrica quanto Itadori, mas com certeza Mitsuki se identificou com a forma dela de tratar os garotos. Gojo Satoru estava levando a nova dupla para uma espécie de teste, colocando-os em um pequeno prédio abandonado para lidar com uma maldição de nível baixo.

Megumi e ela estavam esperando do lado de fora juntamente com Satoru, que parecia empolgado com a ideia dos novatos. Os barulhos vindos de dentro do edifício eram nulos, e isso estava começando a preocupar o Fushiguro, que se levantou da caixa na qual estava sentado.

— Acho que deveríamos entrar. — ele diz, olhando o prédio de cima a baixo.

Mitsuki dá de ombros e Gojo se levanta também, colocando uma mão sobre o ombro de Megumi, tentando tranquilizá-lo.

— Eles não precisam de ajuda. Olha lá. — Satoru aponta para uma das últimas janelas do pequeno prédio, observamos por alguns longos segundos, e nada aconteceu.

Megumi estava prestes a dizer alguma coisa quando um barulho de vidro se quebrando e de gritos escandalosos lhe interrompeu. Itadori e Nobara estavam terminando de exorcizar a maldição enquanto caiam; Mitsuki notou que um garoto estava nos braços de Yujji, e ela logo agiu. Correndo para a esquerda, a garota chamou a atenção de Itadori com um assobio, abrindo os braços para indicar que ele lhe jogasse a criança. A resposta dele foi um rápido aceno de cabeça.

Ela se preparou para pegar o menino, mas Itadori não o largou, e o corpo que caiu sobre ela foi um bem mais pesado do que ela esperava. O garoto e Yujii caíram sobre ela, que ao tentar aguentar o peso acabou caindo com os dois, Mitsuki tinha amortecido a queda deles e a dor de tal feito veio logo em seguida, atingindo as costas da jovem com força. Itadori se apressou em levantar, colocando o menino de pé.

— Que merda foi essa?! — Mitsuki perguntou indignada, enquanto se colocava de pé. Nobara estava atrás de Megumi, tentando segurar uma risada.

— Olha a língua… — Gojo disse em um tom de falso aviso, se divertindo com a situação.

— Bom… — Yujii começou. — Você estendeu os braços e-

— Achou que era para segurar você?! — A garota não pôde segurar a risada debochada que lhe escapou.

Itadori deu de ombros, colocando uma expressão que era metade culpa e metade zombaria. Mitsuki revirou os olhos antes de descer sua atenção até a criança, verificando se estava ferida. Ela sabia bem como era estar em um lugar em que se sentia desconfortável e amedrontada, e aquele garoto parecia exatamente assim, porém, além dos olhos arregalados de susto, ele não possuía nenhum ferimento mais grave que pequenos arranhões.

— Tudo resolvido então? — Satoru perguntou em seu tom relaxado e brincalhão, mesmo que ele estivesse analisando seus alunos com o mesmo cuidado que Mitsuki direcionou a criança. Nobara e Itadori acenaram positivamente na direção de Gojo, antes de todos se reunirem em volta da criança.

— Tudo sim, sensei. — Itadori responde, enfiando as mãos nos bolsos. — E foi mal, Mitsuki. — ele continua, coçando a nuca antes de dar um sorriso sem graça.

Gojo deu uma risadinha para a cena antes de cruzar os braços sobre o peito em uma pose pensativa.

— Certo… Itadori e Mitsuki, vocês vão escoltar o pirralho para casa. E nós aqui vamos procurar algum lugar para o almoço. — o sorriso dele cresceu ao mesmo tempo que uma carranca de insatisfação se apresentava no rosto de Mitsuki.

Ela suspirou, sabendo que de nada adiantaria discutir com Satoru; o garotinho a encarou, ainda com um pouco de medo no olhar, e Mitsuki estendeu a mão dela para que ele segurasse. O menino hesitou por alguns segundos antes de deslizar os dedos entre os dela, direcionando um sorriso fino para a jovem.

— Ainda bem que não achou que isso era pra você também. — ela provocou, olhando sobre o ombro para Yujii antes de começar a andar.

Itadori ficou com uma expressão chocada por alguns instantes antes de seguir atrás da morena, rindo consigo mesmo sobre o comentário dela. E Mitsuki pensou que talvez — só talvez — os novatos daquele ano fossem especiais, e talvez algo especial acontecesse.

𝐓𝐇𝐄 𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐁𝐑𝐄𝐀𝐊𝐄𝐑; itadori yuujiOnde histórias criam vida. Descubra agora