Eu te Esperei - GO² fanfic

6: Concelho de vizinhos

Na manhã seguinte Zira apareceu novamente na porta de Crowley, trazendo consigo duas garrafas de vinho da marca favorira de Crowley

"Oi... É, eu voltei..." disse Zira enquanto tentava discretamente oferecer uma tarde de bebidas juntos.

Crowley olha por cima do ombro do anjo caído para encontrar senhor James, senhora Camila e dona Mary o olhando. Os três estavam desesperadamente sinalizando coisas para Crowley, Camila sinalizava para que Crowley aceitasse o convite, mas Mary e James discordavam. Então, como a maioria vence, Crowley recusou o convite de Zira, que foi embora deprimido.

"Isso aí, fez bem em nos ouvir! Quando ele voltar, trará algo melhor!" afirmou James que honestamente não tinha ideia do que seria melhor para Crowley, só sabia que queria o melhor do melhor para o ruivo.

Zira não havia notado a presença dos vizinhos, ele estava muito concentrado no que estava fazendo para reparar. E aquela tarde, Zira recorreu a opção 3, que ele provavelmente só conseguiria colocar em prática no dia seguinte, mas que precisaria de preparação.

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"Ele veio te oferecer bebida? Você já não bebe demais?" questionou dona Mary.

"É um custume nosso, a gente fazia isso sempre que ficavamos tensos, ajuda a pensar." explicou Crowley tentando ser breve.

"Então era algo que você já esperava que ele fizesse?" pergunta Camila curiosa.

"Na verdade sim, até agora ele só fez coisas que eu esperaria dele, mas não sei o que ele poderia fazer agora..." respondeu Crowley que começou a imaginar diferentes opções do que Zira seria capaz de fazer.

"Ah, então é agora que a gente vê se ele tem criatividade!" Camila estava ansiosa para ver o que Zira seria capaz de fazer para reconquistar Crowley.

Após terminar sua conversa com os três vizinhos, Crowley acompanhou senhor James para sua casa, hoje era dia de cuidar das belas rosas do senhor James, e por conta da velhice, James não consegue mais fazer isso sozinho.

Crowley adorava ajudar James, eles sempre tinham conversas interessantes, James têm opiniões sobre muitas coisas, opiniões muito bem formadas, e Crowley adorava iniciar debates com o senhor.

"Então, eu fiquei pensando, a Igreja é hipócrita! Ou pelo menos, os crentes são hipócritas, mais da maioria que vai lá comete pecados que podem ser evitados facilmente! E as vezes fazem coisas ruins em nome de Deus o todo poderoso, é incrível como um atheu é mais santo e digno do céu do que um cristão!" Crowley não fazia ideia de qual seria a opinião de James sobre isso, mas ele queria saber.

"Realmente, eu acho que Deus estaria desapontado com a humanidade, tipo, ele diz: ame ao próximo, e aí a humanidade sai por aí queimando pessoas, executando homossexuais, agredindo negros... E aí eles falam que Deus é quem ira julgar a pessoa, mas eles mesmos já julgam e condenam as pessoas, é estranho, não é?" disse James enquanto molhava uma rosa que era tão bela que dar ela de presente para alguém seria o presente mais romântico do mundo.

Crowley concordou com o idoso e continuou cuidando das plantas, ele gostava delas, eram lindas e não precisavam de ameaças para ficarem lindas, elas mesmas faziam isso, são bem vaidosas.

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Zira estava sentado no quarto do motel, fumando e pensando se era mesmo a hora certa para a terceira opção, ele estava começando a chegar a conclusão de que Crowley nunca iria perdoa-lo por ter sumido, e que se tentansse realizar a opção três antes de Crowley estar preparado, Zira seria rejeitado sem mais nem menos.

Zira queria poder dizer que o que fez nos últimos 30 anos foi importante, ou poder dizer que tinha uma ótima razão para não voltar, mas a verdade seja dita, Zira não tinha nada de tanta importância assim para fazer, ele passou trinta anos apenas pensando e se aventurando no lado demoníaco do mundo, e acabou se distraindo e perdendo a noção do tempo.

Ele passou a noite inteira pensando, pensando no que fez, pensando no que fazer, e pensando em como fazer.

Na manhã seguinte, Zira foi até a porta de Crowley, e não pretendia sair até ter dito tudo que estava preso em seu peito.

Crowley abre a porta antes mesmo que Zira bata, aparentemente ele estava indo para algum lugar. "Agora não, tô atrasado." disse Crowley enquanto colocava seus óculos escuros.

"Por favor, deixe-me falar!" Zira pretendia ficar parado bem ali até que tenha dito tudo que precisava dizer.

"Mas- ugh... Okay..." Crowley sai para fora da casa e cruza os braços.

"Bem, eu sei que o que eu fiz foi injusto com você depois de tudo que você fez por mim, e eu entendo que eu seja imperdoável, faz parte do que sou agora, não? Mas essa não é a questão, eu poderia ter ficado, no fundo eu queria ter ficado, mas não fiquei! Eu tive medo, eu tive medo de que você não me quisesse agora que sou um demônio, tive medo de que me odiasse por conta do seu olho, e me arrependo de não ter perguntado, não ter dito nada... E me arrependo ainda mais de te dizer para esquecer aquilo que eu disse, eu fui idiota! Crowley, querido, eu parti seu coração, e me dói saber que você me esperou todo esse tempo... Eu não sei ao certo o que posso fazer para consertar isso tudo, mas eu tô tentando, tentando provar que te amo e que não vou a lugar algum!" Lágrimas estavam escorrendo pelas bochechas de Zira enquanto falava, ele tinha medo do que aconteceria agora.

Crowley ficou em silêncio, ele não sabia o que dizer, James estava lá, de longe o dizendo para mandar Zira embora, porém, mais do que nunca seu coração queria se agarrar ao anjo e nunca mais soltar, lágrimas começaram a surgir em seus olhos, e em uma reação inesperada por todos, Crowley rapidamente entrou de volta para casa e fechou a porta, ele se sentou com suas costas para a porta, abraçando suas pernas enquanto mais lágrimas caiam.

Zira levou aquilo como uma rejeição, e ele não sabia o que fazer no momento, ele se aproximou da porta e encostou sua testa na porta. "Crowley, me perdoe... Eu errei feio, mas eu quero muito consertar isso..." foi tudo que Zira disse antes de ir embora, deixando Crowley sozinho com seus pensamentos.