Capítulo 22 | Nervoso Estranho

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[ 18:35 ]

A noite estrelada e um tanto gélida já havia coberto todo o vilarejo e os seus arredores, como um gigantesco lençol de fios delicados. Os raios alaranjados de Sol, que antes alcançavam algumas folhagens das copas das árvores mais altas, já tinham se retirado e dado lugar a luz fraca, mas ainda visível, de um dos astros que eu mais admiro no céu, a Lua. Naquela noite, a sua face era Cheia. Tal período em que o seu brilho e a sua beleza aumentam de uma forma surpreendente.

Independente das maravilhas naturais que estava tendo a chance de observar naquela noite, a minha mente não estava se focando nisso da maneira que queria. Ela estava longe. Dispersa. Utilizando da sua imaginação fértil para trazer-me uma baita insegurança e desassossego. Desde que consegui distrair os guardas que formavam a minha escolta e adentrei nessa floresta densa, e até mesmo sinistra, para ir atrás do que aquele idiota têm a me dizer, meu coração não desacelera os seus batimentos e a minha cabeça não deixa de criar paranóias aleatórias.

E se ele me chamou para me matar?
E se ele só me salvou para garantir a confiança do meu pai e depois f*der com a minha vida?
E se o Rei Toya estava certo de proteger-me dele e eu não dei bola?
Argh! Suyen, o que você 'tá pensando, caralh*?!

Suyen: e aí, Pegasus? Acha que eu fiz o certo? ― questiono receosa, temendo por ser surpreendida por alguma flecha ou um espadachim assassino vindo do meio dos arbustos.

Meu cavalo apenas relinchou perante o que lhe perguntei. Obviamente, ele não me daria a sua opinião, mas em um momento como esse, até mesmo um resmungo já pode ser levado em consideração. Eu sei que posso estar exagerando e tudo mais, só que...argh! Eu não consigo diminuir essa agonia. Está acontecendo tanta coisa na minha vida, que eu não consigo acreditar em mais ninguém. Todos, para mim, são suspeitos e eu preciso me manter atenta. E isso está me enlouquecendo!

Levando o meu capuz para trás, garantindo a liberdade temporária dos meus cabelos esvoaçantes e uma visão melhor de meu redor, puxei a rédea do Pegasus, fazendo-o cessar os seus galopes por aquele momento. Respirando fundo, desci do meu cavalo e realizei um breve carinho em sua face, acalmando-o.

Suyen: shhh...é, eu sei. Eu sei... ― Pegasus apoia a sua cabeça em meu ombro, deixando claro a sua preocupação e receio. ― você também está achando tudo isso muito estranho, não é? ― o seu relinchar alto ecoa por toda aquela clareira e eu, suspirando, olhei em volta, procurando aquele loiro. ― ele já devia estar aqui, Pegasus. ― comento com o meu cavalo, que novamente relinchou em resposta, pronunciando sabe-se lá o quê.

Para piorar ainda mais a minha situação atual, de puro nervosismo e receio, os animais daquela floresta, grilos, sapos, corujas e até mesmo lobos, iniciaram a sua sinfonia relativamente macabra para uma noite como essa. Onde, boa parte da floresta se torna ainda mais escura, mesmo existindo uma grande quantia de luz acima de todos nós.

Como se isso já não bastasse, meus ouvidos captaram um som característico de passos sobre as folhas e galhos secos das árvores. Aquilo foi demais para mim, que já estava nervosa desde que o Sol encerrou os seus trabalhos por aqui. Sem qualquer impedimento, alcancei a minha adaga escondida abaixo daquele sobretudo gigantesco e a segurei com firmeza, preparada para sair furando seja lá quem viesse ameaçar a minha existência nessa terra.

Bakugou: p*ta que par*u, hein? Mas que princesa mais cagona, véi. ― comenta e eu, reconhecendo aquela maldita voz, revirei os olhos, deixando a minha adaga onde estava. ― eaê, p*rra? 'Tá assustadinha, é?

Como é idiota...

Suyen: você me faz vir até essa clareira, no meio de uma floresta cheia de animais peçonhentos e sinistros, e no meio de uma noite de Lua Cheia. Acha mesmo que eu viria de boa para cá, sem qualquer armamento, caralh*? ― indago o rapaz, que já havia se aproximado o bastante para eu não precisar elevar tanto a minha voz e arriscar que mais alguém nos ouvisse. ― e, como eu já disse, não confio em você. Portanto, fique esperto. Você sabe muito bem que posso separar a sua cabeça do seu corpo em instantes. Não sabe? ― digo calmamente, mas sem deixar a ameaça de lado.

A Princesa e o GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora