Capítulo 4

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Sua mãe já tinha dormido, mas Anica esperava angustiada pelo horário da troca de guarda, para poder ir até o calabouço, teria 20 minutos até que os guardas voltassem aos seus postos. Quando o relógio bateu 3:00 da madrugada, ela com a mão no peito e as ampulhetas na sua bolsa de pano, atravessou o castelo e chegou a porta do calabouço.

Ao abrir a porta se depara com uma longa escadaria escura, mal iluminada com algumas tochas, antes de descer pega uma das tochas para não correr o risco de tropeçar e cair. No final da escada viu diversas celas com esqueletos humanos e ficou preocupada pensando que um daqueles poderia ser aquele garoto, mas seu coração se tranquilizou ao avista-lo na última cela dormindo.

– Ei, garoto, acorda – Levanta seu vestido de ceda e dá um leve chute nas barras da cela para fazer barulho – acorda por favor, vai.

– Ele se vira e começa abrir os olhos de vagar – Anica!? Você finalmente veio – Levanta rapidamente e corre até as grades com um grande sorriso no rosto. Seu cabelo estava enorme e sua roupa pequena e rasgada – Demorou muito dessa vez, se passaram quanto tempo?

– 7 anos, você está aqui faz 7 anos, e o que você quis dizer com dessa vez? – Diz enquanto retira as ampulhetas da bolsa – Explica, me diz sobre a magia.

– Você sabe muito bem do que se trata – estica a mão para ela como se estivesse pedindo algo – A lenda de Alcantra, sei que conhece, seu pai vivia te falando sobre ela.

– Ela estava confusa, não fazia ideia de como ele sabia sobre o pai dela, ficou paralisada por um tempo até perceber que ele estava pedindo para entregar as ampulhetas, e assim ela fez – Não faz sentido essas ampulhetas serem da história! A reencarnação deveria acontecer na herdeira de Alcantra, não de Suvin ou qualquer outro reino – Ri de forma debochada.

– Também não sei explicar direito o porquê de você estar aqui exatamente. Eu nasci na aldeia que divide os dois reinos, tem um motivo para você estar aqui, só que precisaria de mais tempo para explicar, e ainda tem a chance de eu me embolar – Entrega as ampulhetas.

– Tem razão, daqui a pouco os guardas vão voltar, amanhã eu volto no mesmo horário! – Guarda as ampulhetas na bolsa – Não te garanto, mas irei tentar te libertar, não faz sentido você ficar aqui.

– Obrigada Anica, agora vai!

A princesa tentava dormir, mas sua ansiedade não deixava, tudo que lhe vinha na cabeça era sobre a lenda. Quando finalmente desistiu de pegar no sono, se levantou e pegou uma pena e um pedaço de papel, e escreveu as ideias que tinha de como entrar no posto dos guardas e pegar as chaves sem que fosse percebida.

Quando o sol estava nascendo, ela se deitou em sua cama e fingiu estar dormindo, não era comum ver a princesa acordada cedo sem que ninguém a tivesse lhe chamado.

– Princesa Anica – Diz uma serviçal ao entrar lentamente no quarto – Sua mãe já está lhe esperando para o café, majestade.

– Já vou – Se senta na beira da cama e esfrega seus olhos – Ana, o que você sabe sobre aquele menino? Aquele que invadiu o castelo a 7 anos atrás.

– O Michael!? Ele é filho de uma antiga criada aqui do castelo, ela morreu tempos depois do nascimento da criança – Dobra um lençol da cama da princesa – Não sabemos o porquê de ele ter invadido o castelo naquele dia, e nem o motivo da rainha ter ficado com tanta raiva para mantê-lo preso, ele era só uma criança.

– Entendo, obrigada pela informação Ana.

No café da manhã sua mãe não disse uma palavra, o que por parte foi estranho, normalmente ela sempre tagarelava sobre quantas tarefas tinha que realizar no dia e o quanto era difícil ser rainha sem um rei ao seu lado.

O tempo sem vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora