Capítulo 8

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Mal tinha aberto e a taberna já estava cheia, todas as mesas ocupadas e algumas pessoas em pé no canto com copos cheios de cerveja logo de manhã. Sara corria de um lado para o outro com bandejas cheias, mas parecia tranquila mesmo com tanta gente lhe gritando.

– Você deve ser a nova garçonete, certo? Qual seu nome? – Uma moça jovem usando a mesmo roupa que as outras funcionárias perguntam.

– Sim, não sei muito bem como fazer isso – Anica fica quieta por um tempo, não podia dizer seu nome verdadeiro, pensou em diversos nomes falsos, mas nenhum parecia adequado, no fim inventou algo que parecia ser uma boa ideia – Eu não me lembro do meu nome, nem de onde vim, o primo da dona da Taberna me encontrou sem consciência perto da floresta e me trouxe.

– Nossa, deve ser péssimo não se lembrar quem é, eu me chamo Sofia – Coloca uma mecha de sua cabelos loiros e lisos para atrás da orelha e dá um sorriso simpático.

– Prazer Sofia – Olha em volta – quantas garçonetes tem na Taberna, não vejo muitas?

– Bem, além de mim, você e a Sara, tem a Sunnita, mas ela quase nunca está aqui, ela é estranha.

– Sofia o que eu já disse sobre ficar comentando sobre a Sunnita? – Sara aparece atrás da garçonete – Ela tem muitos problemas e não pode vir sempre, ela nem sequer mora na aldeia, só vem passar alguns dias, e afinal, vocês ganham por hora, não tem motivos para reclamar.

– Desculpe srta. Sara, não farei mais – Ela baixa a cabeça envergonhada – Vou voltar ao trabalho, boa sorte novata sem nome – Pega uma bandeja e sai.

– Novata sem nome? Poderia me explicar isso srta. Anica – Coloca a bandeja no balcão.

– Eu disse para ela que não sabia meu nome nem minha origem, não podia dizer meu nome de verdade – Passa o dedo em volta de uma caneca vazia que estava na bandeja que Sara colocou no balcão.

– Algo mais que eu deva saber?

– Disse também que foi o Michael que me encontrou, perto da floresta desacordada.

– Tá, então vamos seguir com essa história, mas depois vemos os detalhes, hoje está cheio e temos que trabalhar.

A manhã ia passando e a princesa foi pegando o jeito da coisa, já tinha parado de derramar comida e cerveja em cima de si mesma, mas sua cabeça estava cheia, tentava assimilar tudo que estava acontecendo e ainda estava preocupada com Michael que não havia retornado ainda.

– Sara, você não acha que ele está demorando demais? – Coloca a bandeja no balcão

– Com certeza, daqui a pouco os clientes vão estar brigando querendo a música.

– Musica?! Espera, de quem você está falando?

– Do Timatheu, o bardo, de quem mais seria? – Ela para e pensa um pouco – Você estava falando do Michael né?

– É obvio que é do Michael, eu nem conheço esse tal de Timatheu.

– Não se preocupa, o Michael sabe se virar.

Minutos depois Michael entra na taberna novamente usando aquelas roupas estranhas e seu capuz, em suas mãos tinha sumas cesta, Anica se aproxima dele e vê que na dentro da cesta tinha roupas femininas.

– Anica eu... – Antes que pudesse terminar de falar sua boca é tampada pela mão de Anica, que fazia sinal de silencio coma outra mão.

– Não me chama assim, pelo menos não em público – Diz cochichando

– Mas porque não? É o seu nome

A princesa conta para ele a história que contou para Sofia.

– Então temos eu pensar em um nome para você srta. Sem nome

– Depois pensamos nisso – Olha para a cesta – Isso é pra mim?

– Sim, eu vou levar para o seu quarto, vou conferir a rachadura da ampulheta, vai ver tem alguma forma de reverter, depois eu venho trabalhar – Quando Michael termina de falar ele percebe que Anica estava meio pálida – Ei, está tudo bem?

– Sim, tudo ótimo – Diz como se estivesse tentando esconder algo – Não se preocupa com as roupas, se troca no seu quarto, eu levo a cesta e te trago a ampulheta – Arranca a cesta das mãos dele.

– Você tem certeza que está tudo bem?

– Absoluta, não se preocupe.

No jardim Anica mostrava a preocupação que pediu para Michael não ter, quando se levantou de manhã não pegou a ampulheta antes de entrar, procurava em todos os arbustos e roseiras, mas não encontrava de forma alguma.

– Meu Deus e agora? Se pelo menos fosse a do futuro que volta pra mim, mas não, eu fui logo perder a do passado – Se joga no chão com as mãos sobre a cabeça – E agora o que vou fazer sem essa ampulheta.

– Receio que esteja procurando isso – Um homem alto que tinha os cabelos escuros batendo no ombro de fora do jardim estica a mão em sua direção lhe oferecendo a ampulheta perdida – Se é tão importante a ponto de se jogar no chão desesperada recomendo tomar mais cuidado com ela.

– Onde você encontrou? – Pega a ampulheta rapidamente e se levanta

– Estava aqui perto da cerca senhorita... Qual o seu nome mesmo? – Arruma sua bolsa em suas costas.

– Tenho perca de memória, eu não me lembro – Limpa a terra do vestido de uma forma desajeitada.

– Ah, sinto muito, meu nome é Timatheu.

– Timatheu?! O bardo? Acho melhor você entrar, a Sara está uma fera com você

– Não se preocupe, não é a primeira vez que me atraso, dou um jeito nela.

– Se você diz, eu tenho que ir, tenho que entregar isso para o Michael, foi um prazer.

O tempo sem vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora