❧ Capítulo II

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Eu apertei as pálpebras de forma que ainda as mantivesse um pouco abertas, buscando diminuir o campo de visão e intensificar a minha concentração

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Eu apertei as pálpebras de forma que ainda as mantivesse um pouco abertas, buscando diminuir o campo de visão e intensificar a minha concentração. Aquele lance tinha de ser perfeito. Não bom, muito menos mediano. Perfeito.

Porque é isso que sempre busco: a perfeição. Posso nunca a alcançar de fato — até porque seria algo impossível para um mero humano —, mas, me esforço para que meus atos estejam o mais perto do que sou capaz de chegar dela. Uma vez, uma garota rabugenta me ensinou que se deve mirar nas estrelas e só parar quando as alcançar. Desde então, é isso que faço. Mirar nas estrelas. Dar o meu máximo até no menor dos feitos.

Soltei o peso do corpo na perna esquerda, deslocando meu equilíbrio para trás, e enchi meu peito com o máximo de ar que fui capaz de surrupiar do ambiente, mirando o meu alvo com um furor obsessivo. Havia apenas uma única chance.

Eu fiz uma contagem regressiva mental, impulsionando meus músculos para frente ao alcançar o zero, e usei cada célula do meu corpo para fazer com que aquele lance saísse exatamente como o planejado.

E ele saiu.

— É! — Jeremiah gritou, erguendo os braços com os punhos em riste ao olhar para o chão e ver o lugar onde meu cuspe caiu. — Foi mais longe! Foi mais longe! — bradou, eufórico.

— Mentira! — Nate, que era seu gêmeo e fazia parte do time rival, guinchou em protesto, se ajoelhando para verificar. — O do John está mais para frente!

— É claro que não, seu idiota! Olha só — o loiro revidou, se ajoelhando na frente do outro e apontando para as duas marcas de umidade recém-feitas no chão —, o cuspe do Jason ficou na frente do cuspe do John!

Nate não se deu por vencido e se esticou até alcançar a régua previamente posta em cima da espreguiçadeira, colocando-a perto dos dois cuspes para ver qual tinha percorrido um maior espaço. Eu e John ficamos à espreita da resposta, porque ela traria o vencedor da nossa competição de cuspe.

— Eu vou ganhar — o moreno ao meu lado disse de modo convencido, me lançando o meio-sorriso confiante que derretia metade das garotas da faculdade. Felizmente, eu era imune. — Você sabe que sou o melhor atirador de cuspe que toda a Clemson já viu, cara.

— Ahá! Vai nessa — redargui, devolvendo o meio-sorriso confiante com um extra de deboche. — Eu já ganhei de você várias vezes, Hanley, pare de se iludir e aceite que eu sou o melhor.

Ele fez um tsk-tsk desleixado, voltando a se concentrar em Nate e Jeremiah, que discutiam os centímetros de diferença entre os dois cuspes como quem discute a final da NFL. Naquela casa, competição de cuspe era levada muito a sério. Principalmente porque seus troféus incluíam passe livre dos afazeres domésticos por uma semana.

Quem não quer se safar de lavar banheiros e jogar os lixos?

— Ô, Collins! — Caleb gritou lá de dentro da cozinha, quebrando a quietude típica da nossa cidadezinha. Ao me virar parcialmente em sua direção e mover o queixo em uma indagação silenciosa, ele apontou para algo na bancada. — A sua esposa está te ligando!

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