Capítulo 3 - Lembrando de você

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Antes do horário marcado, Camila e Regi chegam na casa de Dona Marilak. Ansiosa, Camila está roendo as unhas enquanto esperam na varanda de entrada.

- Camila, dá pra parar de fazer isso? As suas cutículas vão se inflamar, doida!
- Depois de ontem à noite, roer unhas é o mínimo que posso fazer, não acha?
- Não adianta ficar assim, regressão é super tranquila de se fazer. Confia em mim, já fiz várias!
- Espero que seja, não sei a razão, mas aqueles lírios me ajudaram a dormir. Tirando aquela manifestação do além, dormi muito bem, nem sonhei!
- Mais um motivo para confiar no que Ma dizer. Você vai ver, vamos descobrir o que tanto este fantasminha do Natal passado quer contigo.
- Toda vez que você fala assim, olha só! Me arrepio toda! - Diz ao mostrar os braços.

A porta se abre e elas são recebidas por Marilak, que gentilmente as convidam pra entrar.
- Bom dia meninas, entrem!
- Bom dia Ma, nos perdoe por chegarmos tão cedo. - Diz Regi após entrarem.
- Não precisam se desculpar, sentem-se. Querem tomar café? - Pergunta a senhora.

As duas se entreolham e mesmo sem responderem, Marilak parece saber a resposta.
- Venham comigo pra cozinha, tomem café da manhã comigo. Saco vazio não pára em pé... Não é verdade?

Elas a seguem pelo corredor.
- Não discordamos da senhora. - Responde Camila.
- Pelo seu semblante de hoje, deve ter dormido bem.
- Ah sim, tirando o que aconteceu na madrugada, domi muito bem. Tanto antes quanto depois do... Do tal espírito aparecer.
- Regiane me contou por telefone a experiência que tiveram, sinal de que a primeira sessão vai ter um grande rendimento. Ele está muito próximo a você, eu o sinto.
- Misericórdia Ma, tenho medo disso.

Marilak sorri e tenta tranquiliza-la a abraçando brevemente.
- Não se preocupe, vai dar tudo certo. Mas primeiro vamos comer?

Camila assente com a cabeça e diante da mesa farta, sente sua barriga roncar.
- Perdão, meu Deus que vergonha!
- Deixa disso menina, se senta e come à vontade! Fiz bolos e torradas. As frutas estão fresquinhas, eu mesma as colhi... Vieram da minha horta, exceto as bananas.
- A mesa está linda Ma, como sempre! - Comenta Regi.

As três sentam nas cadeiras e começam a se servirem. Elas conversam sobre coisas triviais nos minutos seguintes. Ao terminarem a refeição matinal, Marilak se põe de pé e começa recolher a louça, automaticamente Regiane a ajuda.
- Deixa-me te ajudar também.

Ao pegarem a mesma xícara, as mãos de Camila tocam as de Marilak, que de imediato se arrepia e seus olhos ficam marejados.
- Tudo bem, Ma? - Regiane pergunta ao perceber a expressão dela.
- Sim, sim... Vamos deixar isso na cozinha e iniciar a sessão.

As duas seguem a senhora, apenas movendo os lábios, Camila manifesta sua curiosidade.

" O quê foi aquilo?"

Regiane sorri de canto e faz gesto para que a amiga ficasse tranquila.

Entrando na cozinha, Camila vê uma moça alta, de cabelos negros e compridos.
- Vó, eu já ia lá buscar. - Diz ao pegar a bandeja com a louça das mãos dela.
- Onde ponho isso? - Pergunta Camila que segurava o bule de café e o açucareiro.
- Aqui amiga, vem. - Diz Regiane já colocando a jarra de suco numa mesa próxima ao armário de cozinha.
- Obrigada meninas. - A moça agradece e continua. - Regi, essa é a sua amiga não é?
- Sim, Camila... está é a Verônica, neta da Ma.

Camila se aproxima e as duas estendem as mãos para se cumprimentarem.

Ao fazerem isso, Verônica também sente arrepios. Seu rosto parece apavorado, mas logo em seguida se recompõe.
Camila começa a ficar com medo, Ma teve uma reação parecida momentos antes.
- Não se preocupe, vai ficar tudo bem... Ela vai te reencontrar. - Diz a moça a encarando.
- Oi? - Camila diz de impulso sem entender.
- Desculpa se te assustei, não era com você. - Verônica sorri e ao olhar para Vó, entende que falou demais. - Bem, vou cuidar disso, boa sessão Camila.

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