Acordo.

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Becca~

Sai correndo na escola, eu sei que isso é loucura e maluquice, talvez ele tenha razão eu sou uma criança tola, mas eu preciso fazer isso.
Assim que chego no orfanato pego uma tesoura de costura na mesa da sala de recriação, me tranco no banheiro e.....

                                    ۩۞۩

Morte~

-Essa cena é tão saborosa.

Essa garota é maluca? no banheiro mofado há uma garota suada, apenas de blusa e calcinha com uma tesoura cega ao seu lado, seu sangue escorre como uma torneira aberta.

-Tentando chamar minha atenção? - Digo ficando de joelho bem perto dela, seus olhos batem em minha boca. - Sei que sou lindo mas estou ocupado agora, então adianta oque você quer falar.

-Que tal um acordo?

-Um acordo?  - Digo colocando o dedo indicador no seu pulso. - Comigo?

-Sim.

-Fale.

-Daqui a 100 dias eu desejo o fim - Seus olhos pousaram aos meus - Mas quando eu morrer não quero sentir dor e quero ver meu irmão.

-É isso?

-Sim.

-Ótimo trato feito. - Digo com um sorriso no rosto.

Estico minha mão para ela aperta.

                                    ۩۞۩

Becca~

Quando abro meu olhos eu estava no chão do banheiro, mas não há sangue e nem tesoura, eu não morri.Me levanto com um pouco de dor no meus pulsos, neles há uma cicatriz, então foi verdade, no fundo eu desejava que tudo isso era coisa da minha cabeça, as vezes eu achava que eu estava ficando maluca mas não era, Bryam Bruna não estava mais aqui e eu fiz fiz um acordo com a morte, era tudo real.
Minha mente vagava na lembrança de sua boca, de seus olhos sem emoção,parece que falta algo ali, uma peça que não tem, ele tem uma ponta solta.

                                  ______

- Como eu sei que realmente temos um acordo em? - Digo passando os dedos na grande cicatriz do pulso.

-Han? Falando sozinha Becca?

-Pensando alto.

Eu tenho um acordo com a morte....por Você, onde quer que você esteja.

-Becca sua mãe chegou.

    
                                   ۩۞۩

Morte~

-Um acordo com uma humana? - Diz o demônio entre os dentes.

-Suas almas.

Em março de 1934 foi quando esse maldito acordo foi feito, sem dor? Qual seria a graça de morrer. Entre os becos da Alemanha a mais mortos que alguém possa contar, corpos de suicidas ou mortos por doenças.
Doenças uma das minhas melhores aliadas, mas as vezes ela pega quem não deveria.
Quando a febre amarela invadiu a Alemanha a alguns anos, houve muitos mortos tanto quanto agora nessa guerra, foi um ano bom e divertido.
Minha cabeça estava nas vozes, os humanos são patéticos, temem a mim ... mas deveriam temer viver.
Viver tem seu lado bom, mas também tem o seu ruim assim como a morte, eu amo ser morto....mas Eu também nunca experimentei ser vivo.

-Piedade senhor.

As vozes me tiram do meu pensamento me fazendo lembrar o quanto eu tenho almas para levar. Algumas vozes são saborosas e outras apenas amargas, temos almas putas, almas vulgares, são as almas que tendem a tentar seduzir tanto quando a mim ou o demônio.
Por falar em vulgar, minha mente volta ao corpo da menina apoiado no vaso, com uma calsinha preta de cetim e um pequeno lado delicado ao lado direito, um blusão da banda local Preta, seus cabelos molhados de suor e seus seios acentuados na blusa larga..."Um acordo"....não sei dizer se ela é burra ou corajosa..

   
                                    ۩۞۩

Becca~

-Soube sobre o Bryam depois de dois meses minha filha.

-É você veio falar comigo depois de um ano? - Digo rigorosamente - Foi ver o túmulo dele?

-Não

-Ele morreu querendo te ver, poderia ter ido em seu túmulo.

-Me respeite eu sou sua mãe e mãe do Bryam. - Dos levantando a voz.

-Qual era a comida preferida dele? O lugar onde ele se escondia quando estava triste?  - Digo me levanto e indo em direção a ela. - Vai se fuder.

                                  ۩۞۩

Morte~

Sinto que ela está...
Assim que chego no lugar tinha uma mulher mais velha sentada em uma cadeira bem em sua frente, a criança estava de pé com os braços cruzados.

.....- Vai se fuder

-Becca ela é sua mãe.

-Não. - Digo antes dele completar a frase - Ela e mãe do Bryam, infelizmente.

A garota sai da sala e vai em direção a rua, andando rápido igual as batidas de seu coração,  então ela é a mãe da garota, e Becca é seu nome...

-Aquela puta desgraçada.

Ela se direcionava ao cemitério....seu peito inchava a cada respirada, seu rosto estava em um tom avermelhado, seu olhos vermelhos...mas sem uma lágrima qual o problema dela?
Ao mesmo tempo os humanos são fáceis de se entender, mas em relação a emoção eles são um ponto de "?" Para mim.

coloco minha mão em seu ombro.....

                                    ۩۞۩

Becca~

Sento ao lado do túmulo do Bryam.

-Marta estava lá, veio me consolar sobre você pirralho. - Digo olhando para o túmulo dele.

Sinto um arrepio em meu ombro, ele está aqui.
Ainda não entendo o porquê a morte não levo ela em vez do Bryam ou o meu pai, ela merece.
Pego no meu bolso um cigarro e fósforo.

-Sei que prometi pirralho - Risco o fósforo - Mas já ja eu vou morrer então que se foda.

Me sento na grama e encosto no túmulo dele, foi algumas tragadas e solto a fumaça, e junto com ela vai todo o meu estresse.

-A porra desse mundo não e justo. - Digo sorrindo de lado.

Pirralho....Eu te amo.

  
                                ۩۞۩

Morte~

Quando ela fala de amor, o seu irmão vem a mente. Amor é outra coisa que não entendo nos humanos.
O amor deles e doentio, matam e mentem por essa palavra estúpida.
Minha mão sobe até sua bochecha, seu rosto começa a ficar vermelho.

-Se filho da puta eu não preciso da sua pena - Diz amarga, mas seu corpo ansiava por um abraço.

O coração da garota doi sempre que lembra da mãe, um suspiro leve sai de suas narinas e seu corpo relaxa, seus olhos fecham e o cigarro vai ao seu lado na grama.

Ela adormeu enquanto eu pensava....e foi ai que percebi que eu ainda dava carinho em sua bochecha.

Criança tola e burra....

      

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