I. Capítulo Único 🌿

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"Tem algo faltando…"
Pensou o arquiteto, a luz dos Khsahrewar, Kaveh, ele se encontrava encarando o móvel que acabara de comprar em uma de suas idas e vindas pela cidade de Sumeru, uma estante grande o bastante para reunir todos os livros do seu amado, o gênio dos Haravatat, Alhaitham. Os livros se encontravam posicionados da forma que o mesmo deixava antes de mexer e largar pela casa, definidos por grossura, volume e autor, o loiro se atentava aos mais pequenos detalhes que fariam uma enorme diferença na vida do escriba, ainda mais devido ao fato de que o mesmo possuía uma neuro divergência que mudaria todo o seu modo de viver quanto de comportamento, então o quão mais fácil acesso e entendimento menos problemas para ambos.

Além de que Kaveh nunca faria algo com o propósito de irritá-lo ou desencadear uma crise em seu amado, ambos eram pacientes um com o outro. Kaveh tentava o seu máximo para entender e ser paciente, e isso não passava despercebido pela percepção aguçada de Alhaitham.

A madeira escura envernizada, detalhes atenciosos e significativos, tanto em seu pé quanto em seu topo, não era necessário nenhum carpinteiro para dizer que o trabalho na sua frente foi bem feito, com uma alta taxa de dedicação e esforço, e o arquiteto daria seu melhor para valorizar isso. Todas as prateleiras estavam devidamente cheias e decoradas, exceto por um espaço, não, um buraco vazio, aos olhos de Kaveh, nela. Ele vasculhou em todas as suas coisas adereços que pudessem trazer uma química visual melhor ainda para aquele suposto buraco, mas nada se encaixaria ali, nem mesmo um adereço estranho que ganhou de uma miragem que se deparou em uma de suas aventuras no deserto.

Nada parecia funcionar, e o cérebro de Kaveh se coçava em agonia, ao ver aquele espaço sem nada para acompanhar os livros, sem nada que o trouxesse prazer e orgulho, até mesmo a pequena estátua de um aranara semelhante a ele não se encaixava ali. O loiro suspirou em reprovação, olhando a caixa ao seu lado quase na metade, com diversos acessórios, desde fotos que ele possuía, tanto da ambientação de Fontaine que tirou em uma das suas estadias lá, quanto itens que nem mesmo ele saberia quando iria finalmente dar utilidade. Mesmo que tivesse tentado de tudo, nada parecia combinar com a estética que ele esperava ou tentava ter em mente, no seu imaginário tudo era mais harmônico, mas chegava na hora de pôr em prática e parecia que tudo não passava de um engano.

Kaveh deu um suspiro alto e saiu da frente da estante, caminhando até a cozinha.
Apesar da simplicidade e nada muito surpreendente, o arquiteto havia conseguido inovar com itens baratos e dar uma cara nova, uma mais trabalhada, seu plano original era de tentar arranjar um desconto ao mudar a cara da cozinha, mas a mudança não-solicitada pelo dono apenas o fez questionar o loiro com uma simples frase:

“Se tem dinheiro para gastar com bobagens, tem dinheiro para pagar o aluguel no prazo.”

Aquilo irritou a mente brilhante e criativa do arquiteto na época, mas Alhaitham também nunca pareceu incomodado pela decoração, já que a nunca tentou tirar ou mexer, talvez seja por chegar cansado ou estar sempre com a cabeça nos seus livros, mas um pedacinho, talvez uma pequeníssima porcentagem de seu orgulho como designer dizia que a sua companhia havia gostado e por isso nem se preocupou em voltar a sem-gracisse de antes.

Agora, todo o comportamento deles havia mudado, claro que vez outra pareciam voltar a ser meros colegas de estudos, criando discussões inúteis sobre assuntos fúteis, mas era fato de que Alhaitham e Kaveh se tornaram mais próximos, não era atoa que já estavam namorando há sei lá quanto tempo, eles faziam qualquer coisa ao seu alcance juntos, em todo final de noite, um pouco antes de ambos dormirem, Alhaitham pedia pelo carinho do loiro em seu cabelo enquanto lia algum livro, Kaveh até mesmo o ensinou usar maquiagem, além de que ele parecia possuir um pequeno interesse do loiro tratá-lo como uma boneca e maquiar-lo, era surpreendente como que ele se rendia aos gostos do seu arquiteto.
Em seu aniversário de trinta e poucos, eles haviam escolhido grãos de café, escolhendo do bom e do melhor para recomendar aos seus amigos que compartilhassem o mesmo desejo ou a simplicidade do café, falando nos grãos, Kaveh os moía manualmente, com cuidado para não escapar nenhum enquanto a água fervia, parecia haver alguma mágica quando se tratava de largar um pouco a tecnologia de lado, além de que os grãos pareciam ter o seu gosto mais aguçado.

Tem Algo Faltando - Oneshot + Final AlternativoOnde histórias criam vida. Descubra agora