JUNGKOOK (SETE ANOS ANTES)
Havia três dias que Eddie estava desaparecido do local em que costumava ficar. Após o almoço, Peyton me fez andar pelo bairro com ela para ver se o encontrava. Depois de ver aquele corte na cabeça dele na semana passada, tive um mau pressentimento. Peyton também deve ter tido.
Ao virar a esquina, uma sensação de alívio me tomou quando o vi. Só que ele não estava sozinho. Estava sendo incomodado por dois policiais. O mais alto, oficial Canatalli, de acordo com o distintivo em seu peito, havia acabado de dar um chute nos pés de Eddie.
— Boa tarde, oficiais — falei. — Nova batida?
O policial, que não era muito mais velho que eu, olhou para Peyton com malícia, esticando os ombros e estufando o peito.
— Algum problema?
— Nenhum. Só estou acostumado a ver o oficial Connolly neste quarteirão. Trabalho ali na esquina. — Inclinei a cabeça para Eddie. — Este é o Eddie.
Peyton acrescentou:
— Eddie é um amigo meu. Sou voluntária na Little East Open Kitchen, um restaurante comunitário local em...
— Sei onde é. Uma coisinha como você não deveria estar perto desse tipo de gente. É perigoso. Você poderia se machucar.
Fechei os olhos, sabendo como Peyton responderia.
— Eles são perigosos? Você não acha que é uma declaração generalizada? Seria como falar que todos os italianos são mafiosos, oficial Canatalli.
Tentei amenizar o rumo da conversa.
— Ultimamente, Eddie está sendo incomodado por alguns adolescentes. Daí esse corte na cabeça. Peyton foi à delegacia denunciar, mas não fizeram nada a respeito.
— Mais uma razão pela qual ele não deveria estar na rua. Estávamos apenas dizendo que era hora de seguir em frente. O sargento quer que a rua esteja limpa. — O policial chutou o pé de Eddie mais uma vez, e a perna dele recuou quando se afastou para proteger a cabeça.
— Eddie não gosta que encostem nele. Ele prefere que as pessoas fiquem a alguns metros de distância.
— Assim como eu. É por isso que não me sento na calçada, de onde alguém vai me enxotar se eu não me levantar.
Recruta idiota.
— Vamos, Eddie. Vem comigo. — Peyton estendeu a mão.
Eddie olhou para mim e depois para os oficiais. Me olhou de novo antes de aceitar a mão para se levantar. Ele ergueu o saco de lixo preto sobre o ombro. O saco estava cheio e, depois de subir dois degraus, um buraquinho no fundo rasgou e tudo o que ele possuía começou a cair na calçada. Os policiais, impacientes, reclamaram. Eles não tinham compaixão.
Peyton pegou o estojo do violão que estava sobre seu ombro, se ajoelhou e o colocou na calçada, tirando o instrumento de dentro.
— Aqui, Eddie. Use isso. O estojo só faz peso mesmo. — Ela transpassou a faixa do violão sobre seu ombro, e Eddie finalmente se curvou e enfiou tudo no estojo.
Quando caminhamos de volta para meu escritório, sussurrei para Peyton:
— O que vamos fazer com ele?
Ela deu de ombros e me deu aquele sorriso doce a que eu não resistia.
— Não sei, mas há muito espaço naquele escritório novo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Chefão
RandomNa primeira vez que vi Jeon Jungkook não causei exatamente uma boa impressão. Eu estava escondido no banheiro de um restaurante, mandando mensagem de áudio para meu melhor amigo me salvar de um encontro horrível. Ele ouviu, disse que eu era um canal...