Capítulo 9

756 123 0
                                    

         JUNGKOOK (SETE ANOS ANTES)

Havia três dias que Eddie estava desaparecido do local em que costumava ficar. Após o almoço, Peyton me fez andar pelo bairro com ela para ver se o encontrava. Depois de ver aquele corte na cabeça dele na semana passada, tive um mau pressentimento. Peyton também deve ter tido. 

Ao virar a esquina, uma sensação de alívio me tomou quando o vi. Só que ele não estava sozinho. Estava sendo incomodado por dois policiais. O mais alto, oficial Canatalli, de acordo com o distintivo em seu peito, havia acabado de dar um chute nos pés de Eddie.

— Boa tarde, oficiais — falei. — Nova batida?

O policial, que não era muito mais velho que eu, olhou para Peyton com malícia, esticando os ombros e estufando o peito.

— Algum problema?

— Nenhum. Só estou acostumado a ver o oficial Connolly neste quarteirão. Trabalho ali na esquina. — Inclinei a cabeça para Eddie. — Este é o Eddie.

Peyton acrescentou:

— Eddie é um amigo meu. Sou voluntária na Little East Open Kitchen, um restaurante comunitário local em...

— Sei onde é. Uma coisinha como você não deveria estar perto desse tipo de gente. É perigoso. Você poderia se machucar.

Fechei os olhos, sabendo como Peyton responderia.

— Eles são perigosos? Você não acha que é uma declaração generalizada? Seria como falar que todos os italianos são mafiosos, oficial Canatalli.

Tentei amenizar o rumo da conversa.

— Ultimamente, Eddie está sendo incomodado por alguns adolescentes. Daí esse corte na cabeça. Peyton foi à delegacia denunciar, mas não fizeram nada a respeito.

— Mais uma razão pela qual ele não deveria estar na rua. Estávamos apenas dizendo que era hora de seguir em frente. O sargento quer que a rua esteja limpa. — O policial chutou o pé de Eddie mais uma vez, e a perna dele recuou quando se afastou para proteger a cabeça.

— Eddie não gosta que encostem nele. Ele prefere que as pessoas fiquem a alguns metros de distância.

— Assim como eu. É por isso que não me sento na calçada, de onde alguém vai me enxotar se eu não me levantar.

Recruta idiota.

— Vamos, Eddie. Vem comigo. — Peyton estendeu a mão.

Eddie olhou para mim e depois para os oficiais. Me olhou de novo antes de aceitar a mão para se levantar. Ele ergueu o saco de lixo preto sobre o ombro. O saco estava cheio e, depois de subir dois degraus, um buraquinho no fundo rasgou e tudo o que ele possuía começou a cair na calçada. Os policiais, impacientes, reclamaram. Eles não tinham compaixão.

Peyton pegou o estojo do violão que estava sobre seu ombro, se ajoelhou e o colocou na calçada, tirando o instrumento de dentro.

— Aqui, Eddie. Use isso. O estojo só faz peso mesmo. — Ela transpassou a faixa do violão sobre seu ombro, e Eddie finalmente se curvou e enfiou tudo no estojo.

Quando caminhamos de volta para meu escritório, sussurrei para Peyton:

— O que vamos fazer com ele?

Ela deu de ombros e me deu aquele sorriso doce a que eu não resistia.

— Não sei, mas há muito espaço naquele escritório novo.

O ChefãoOnde histórias criam vida. Descubra agora