Capítulo 30

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                         JUNGKOOK (DOIS DIAS ANTES)

— Detetive Balsamo está aqui para ver você.

O rosto da secretária era cauteloso quando ela entrou em meu escritório. Eu tinha uma reunião às onze horas e já estava atrasado depois que meu diretor de marketing interrompeu minha manhã para me dizer o que ele achava de meu novo relacionamento. O dia só melhorava.

— Pode ligar para a R&D e avisar que vou reagendar?

— Para mais tarde?

— Não. Deixe em aberto por enquanto.

Ela assentiu.

— Devo mandar a detetive entrar?

— Me dê cinco minutos, então ela pode entrar.

Fechei as persianas eletrônicas e abri uma mensagem de texto do Taehyung, cancelando nosso almoço. 

O dia podia ficar ainda pior? Talvez não devesse ter pensado nessa possibilidade, porque podia.

Nora Balsamo era a principal detetive no caso de Peyton. Ela tinha trinta e poucos anos, era magra, atraente, com um cabelo loiro que estava sempre preso em um rabo de cavalo. 

Quando nos conhecemos, olhei para ela e pedi ao responsável um detetive mais experiente. Nunca lhe dei uma chance.

Aqueles primeiros dias definitivamente não foram meus melhores. Olhando para trás, queria que todos os que estavam por perto pagassem pelo que tinha acontecido, em especial os policiais. Eu os culpei por não ajudarem Eddie. A intervenção precoce poderia ter mudado tudo. Hoje, apesar de Peyton nunca ser assunto fácil de tratar, eu estava melhor, aceitando como o passado tinha moldado quem eu era. Eu tinha certeza de que meu terapeuta estava dirigindo um Range Rover graças às horas que passou trabalhando meu luto há alguns anos.

Fiquei de pé para cumprimentar a detetive Balsamo quando ela entrou e caminhou até a minha mesa.

— Bom ver você, detetive.

Ela sorriu.

— É mesmo? Tenho certeza de que você tem me evitado nas duas últimas semanas.

Eu tinha me esquecido que ela implicava comigo.

Eu ri.

— Talvez estivesse. Tenho certeza de que você é uma ótima pessoa, então não leve a mal, mas nunca espero suas visitas.

Ela sorriu, e eu gesticulei para a área de estar perto das janelas.

— Aceita algo para beber? Água?

— Não, obrigada. — Ela se sentou no sofá. — Como você tem passado?

— Bem. Muito bem, na verdade.

Peguei a cadeira em frente a ela e a vi olhar por cima de meu ombro pela janela. Era impossível não notar o rosto gigante de Peyton ainda pintado no prédio em frente. Seus olhos se voltaram para mim, sem que ela fizesse a pergunta – pelo menos, verbalmente. A mulher tinha uma capacidade furtiva de me oferecer mais do que eu sempre quis.

— Estamos planejando uma nova campanha de marketing — falei.

Ela assentiu e continuou me olhando, pensativa. Provavelmente era paranoia, mas, perto de policiais, sempre senti como se estivesse sendo observado.

— Então, a que devo a visita, detetive?

Ela respirou fundo.

— Tenho algumas notícias sobre a investigação da senhorita Morris.

O ChefãoOnde histórias criam vida. Descubra agora