Capítulo 21

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         JUNGKOOK (SETE ANOS ANTES)

Meu celular vibrou sobre a mesa. Peguei e grunhi sem dizer oi.

— Você está atrasada.

— Você realmente achou que eu chegaria cedo? —perguntou Peyton. Pelo tom de sua voz, eu sabia que ela estava sorrindo.

Balancei a cabeça e sorri de volta, embora não estivesse feliz com o atraso. De novo.

— Onde você está?

— Saí mais tarde do que imaginei e tive que passar em um lugar. Vá indo que já vou. Encontro você no restaurante, não no escritório.

Para uma atriz, ela realmente precisava trabalhar para ser menos transparente.

— Onde você está indo, Peyton?

— Uma missão para Little East.

— Algo para eles ou seguindo Eddie?

— Não dá na mesma?

— Não, não dá. Por favor, me diga que você não vai para aquele lugar de novo.

Ela ficou quieta.

— Droga, Peyton. Achei que tínhamos concordado que você não iria mais fazer essa merda.

— Não, você me disse que eu não iria mais fazer. Não quer dizer que concordei.

Passei os dedos pelo cabelo.

— Me espere na cafeteria na 151st Street quando sair do metrô.

— Eu estou bem.

— Peyton...

— Você está sendo superprotetor. Vai ser assim quando nos casarmos? Quer que eu fique grávida e descalça, esperando você com seus chinelos na porta?

Eu a pedira em casamento havia dois dias. Provavelmente não era uma boa ideia dizer a ela que eu adoraria exatamente isso, porque, pelo menos, eu saberia o que ela estava fazendo.

Peguei o paletó no armário do escritório e fui para o elevador.

— Estou a caminho, sua mala.

Na calçada, liguei para minha irmã enquanto caminhava até o metrô para dizer que chegaria atrasado.

— Vai chegar atrasado para a própria festa de noivado?

— A ideia foi sua, não minha. Você procura qualquer desculpa para fazer festa.

— Meu irmãozinho vai se casar. É uma grande coisa, não uma desculpa. Deus sabe que todos nós pensamos que você morreria de alguma DST antes de Peyton aparecer.

— Não vamos ter essa discussão. Vamos atrasar porque minha noiva pensa que é Columbo. Tenho que ir.

— Quem?

— Esqueça. Nos vemos em breve. E obrigado, Jiwoo.

Quando cheguei ao metrô na 151st street, começou a chover. 

Assim que consegui sinal no celular, liguei para Peyton. Ela não atendeu.

— Merda — resmunguei e fui me abrigar na frente do prédio mais próximo.

A chuva caía em diagonal, e tive que cobrir o celular com a mão para mantê-lo seco. Liguei novamente e esperei que ela atendesse. Mas nada aconteceu.

— Droga.

Sabia que a comunidade improvisada para desabrigados não estava longe e assumi que Peyton não tinha se preocupado em me esperar. Abrindo o Google Maps, encontrei a área do parque com a ponte. Ficava a três quarteirões de distância, então resolvi andar na chuva. 

A cada trinta segundos, eu telefonava de novo. Cada vez que a ligação ia para a caixa postal, minha ansiedade aumentava. Eu estava com uma estranha sensação na boca do estômago e, depois da terceira chamada sem resposta, algo me fez começar a correr.

Outra ligação. Outra caixa postal.

Virei a esquina e vi a ponte que Peyton descreveu ao longe.

Outra ligação.

A voz de Peyton soou, me dizendo para deixar uma mensagem após o bip. Algo pareceu errado. Muito errado.

Acelerei o passo.

Quando o celular vibrou em meu bolso, meu coração batia forte. Ver o rosto de Peyton na tela deveria ter me acalmado, mas, por algum motivo, isso não aconteceu.

— Jungkook, onde você está? — A voz dela era instável, parecia amedrontada.

— Onde você está?

Ela não respondeu.

— Peyton? Merda. Onde você está?

O barulho do celular caindo no chão soou alto em meu ouvido. Mas foi o que aconteceu depois que me assombraria pelos próximos anos.

O ChefãoOnde histórias criam vida. Descubra agora