JUNGKOOK (SETE ANOS ANTES)
Meu celular vibrou sobre a mesa. Peguei e grunhi sem dizer oi.
— Você está atrasada.
— Você realmente achou que eu chegaria cedo? —perguntou Peyton. Pelo tom de sua voz, eu sabia que ela estava sorrindo.
Balancei a cabeça e sorri de volta, embora não estivesse feliz com o atraso. De novo.
— Onde você está?
— Saí mais tarde do que imaginei e tive que passar em um lugar. Vá indo que já vou. Encontro você no restaurante, não no escritório.
Para uma atriz, ela realmente precisava trabalhar para ser menos transparente.
— Onde você está indo, Peyton?
— Uma missão para Little East.
— Algo para eles ou seguindo Eddie?
— Não dá na mesma?
— Não, não dá. Por favor, me diga que você não vai para aquele lugar de novo.
Ela ficou quieta.
— Droga, Peyton. Achei que tínhamos concordado que você não iria mais fazer essa merda.
— Não, você me disse que eu não iria mais fazer. Não quer dizer que concordei.
Passei os dedos pelo cabelo.
— Me espere na cafeteria na 151st Street quando sair do metrô.
— Eu estou bem.
— Peyton...
— Você está sendo superprotetor. Vai ser assim quando nos casarmos? Quer que eu fique grávida e descalça, esperando você com seus chinelos na porta?
Eu a pedira em casamento havia dois dias. Provavelmente não era uma boa ideia dizer a ela que eu adoraria exatamente isso, porque, pelo menos, eu saberia o que ela estava fazendo.
Peguei o paletó no armário do escritório e fui para o elevador.
— Estou a caminho, sua mala.
Na calçada, liguei para minha irmã enquanto caminhava até o metrô para dizer que chegaria atrasado.
— Vai chegar atrasado para a própria festa de noivado?
— A ideia foi sua, não minha. Você procura qualquer desculpa para fazer festa.
— Meu irmãozinho vai se casar. É uma grande coisa, não uma desculpa. Deus sabe que todos nós pensamos que você morreria de alguma DST antes de Peyton aparecer.
— Não vamos ter essa discussão. Vamos atrasar porque minha noiva pensa que é Columbo. Tenho que ir.
— Quem?
— Esqueça. Nos vemos em breve. E obrigado, Jiwoo.
Quando cheguei ao metrô na 151st street, começou a chover.
Assim que consegui sinal no celular, liguei para Peyton. Ela não atendeu.
— Merda — resmunguei e fui me abrigar na frente do prédio mais próximo.
A chuva caía em diagonal, e tive que cobrir o celular com a mão para mantê-lo seco. Liguei novamente e esperei que ela atendesse. Mas nada aconteceu.
— Droga.
Sabia que a comunidade improvisada para desabrigados não estava longe e assumi que Peyton não tinha se preocupado em me esperar. Abrindo o Google Maps, encontrei a área do parque com a ponte. Ficava a três quarteirões de distância, então resolvi andar na chuva.
A cada trinta segundos, eu telefonava de novo. Cada vez que a ligação ia para a caixa postal, minha ansiedade aumentava. Eu estava com uma estranha sensação na boca do estômago e, depois da terceira chamada sem resposta, algo me fez começar a correr.
Outra ligação. Outra caixa postal.
Virei a esquina e vi a ponte que Peyton descreveu ao longe.
Outra ligação.
A voz de Peyton soou, me dizendo para deixar uma mensagem após o bip. Algo pareceu errado. Muito errado.
Acelerei o passo.
Quando o celular vibrou em meu bolso, meu coração batia forte. Ver o rosto de Peyton na tela deveria ter me acalmado, mas, por algum motivo, isso não aconteceu.
— Jungkook, onde você está? — A voz dela era instável, parecia amedrontada.
— Onde você está?
Ela não respondeu.
— Peyton? Merda. Onde você está?
O barulho do celular caindo no chão soou alto em meu ouvido. Mas foi o que aconteceu depois que me assombraria pelos próximos anos.
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O Chefão
RandomNa primeira vez que vi Jeon Jungkook não causei exatamente uma boa impressão. Eu estava escondido no banheiro de um restaurante, mandando mensagem de áudio para meu melhor amigo me salvar de um encontro horrível. Ele ouviu, disse que eu era um canal...