~Capítulo I~

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-Capítulo I- Could be... Us.-

[...]

— Ah não... É pois é... Eu não tive a chance de dizer o que eu ia dizer... Então é melhor eu dizer agora o que eu ia dizer. Sim... Bom... Ahm... A gente se conhece a muito tempo, estamos nesse planeta a tempos. Digo, você e eu. Eu sempre pude contar com você e você sempre pôde contar comigo. Somos um time, um grupo. Um grupo de nós dois. E nós passamos a existência fingindo que não... Quer dizer, nos últimos anos até que não.... E eu gostaria de passar... Hmm.... Quer dizer,  se Gabriel e Beelzebub... Podem fugir juntos, nós também podemos. Só nós dois. Não precisamos do céu, não precisamos do inferno! Eles são tóxicos! Temos que ficar longe deles! Ser... Só... Nós dois! Você e eu. O que que 'cê me diz?

— Venha comigo! Para o céu! Eu vou comandar lá! Pode ser meu braço direito!... Podemos fazer a diferença!

—Você não pode abandonar essa livraria.

— Oh Crowley querido, nada dura para sempre...

— Não. Não, Acho que não... Boa sorte.– O demônio coloca seus óculos escuros, passa pelo anjo indo em direção a porta. Fell o segue.

— "Boa sorte"?! Crowley! Crowley! Crowley volta aqui! Vamos pro céu! Vem trabalhar comigo! Nós... Podemos ficar juntos! Sendo anjos! Fazendo o bem! Eu... Eu preciso de você!... Eu... Acho que você não entende o que eu estou te oferecendo.

—Eu entendo sim. E eu acho que bem melhor que você.

...

— Bom... Não há mais nada a ser dito.

— Escuta. Tá ouvindo?– Apontou para o céu.

— Eu não tô ouvindo nada!

— Aí é que tá. Nenhum rouxinol. 'Cê é muito idiota. A gente poderia... Ser nós.

Aziraphale encarou Crowley durante alguns segundos, virou o rosto ao sentir seus olhos se encherem de lágrimas, mas seu rosto se virou ao sentir sua roupa ser puxada com força, logo sentiu seus lábios serem tomados pelos de Crowley.

O beijo era rápido e necessitado daquilo, uma tentativa desesperada de fazer com que o anjo ficasse. Estava esperando por esse momento a seis mil anos.

O anjo estava confuso, colocava suas mãos no ombro, depois nas costas ou no rosto de Crowley buscando apoio, seu corpo tremia assim como o do outro. Lágrimas caiam de seu rosto tornando o beijo salgado.

E assim como começou, o beijo terminou de repente. O principado buscou ar assim que a serpente se afastou, encarou surpreso o demônio a sua frente com lágrimas no rosto.

— Eu... Eu perdoo você.

Aziraphale diz por fim, Crowley suspirou decepcionado, sua tentativa desesperada tinha sido em vão.

— Não precisa.– Se virou indo embora da livraria, sentia seu coração bater forte contra o peito, como se fosse explodir a qualquer momento. Atravessou a rua esperando que por algum milagre, o anjo o chamasse de volta, dizendo que havia mudado de ideia.

Se encostou em seu carro, queria desmoronar, seus olhos estavam quase expulsando as lágrimas que o demônio tentava com todas as suas forças aprisiona-las.

Metatron entrou na livraria, saiu da mesma alguns segundos depois sendo acompanhado pelo dono da loja, ambos atravessaram a rua ficando em frente ao elevador que os levaria até o céu. Ambos conversaram por alguns instantes, após o mais velho entrar no elevador, o anjo e o demônio se olham uma última vez.

~Caídos~Onde histórias criam vida. Descubra agora