ℭ𝔞𝔭í𝔱𝔲𝔩𝔬 ℑ

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Londres.1914

Mais um ano começou em Londres, e junto dele novas expectativas e escândalos. E Miles seria o primeiro a se manter longe de qualquer fofoca relacionada a ele e sua família, ele priorizava a única imagem boa que eles tinham.

A casa dos Kister continuava silenciosa, a mudança de Melina foi a causa, diríamos que ela era luz daquela casa, sempre causava problemas e diversões na família, e depois do casamento ela tinha outras prioridades no momento. O barão tinha com que se preocupar agora, se adaptar com responsabilidades que um homem deveria fazer, e seu pai Roubert estava fazendo todo o trabalho de lhe ensinar o que deveria saber.

Miles empurrou a porta daquele escritório. Lá estava o seu pai, sentado atrás de uma mesa mediada em meios papeis amarelados e empilhados, seus cabelos grisalhos e os olhos estreitos demonstravam sinais de cansaço e de idade avançada, ele já não estava com as mesmas energias de alguns anos atrás.

—Pensei que continuaria fugindo das responsabilidades, Michael! —Disse Roubert, ele empurrou seu pequeno óculos acima do nariz, o tom sério e rude. Ele só chamava Miles de "Michael" quando estava irritado ou com intenção de lhe dar um sermão

—Infelizmente não tenho mais essa opção. —Fechou a porta e se aproximou, puxou a cadeira e se sentou diante ao 'antigo barão. O mais velho pigarreou depois de uma tosse e bateu as folhas contra a mesa para juntá-las, analisou elas e estendeu na sua direção— O que é isso?

—Contabilidades que precisam ser assinadas, e você será o novo responsável.

—Eu? —Folheou cada uma, os olhos de amêndoas arregalados—Preciso mesmo fazer isso?

—Precisa se quiser se tornar um verdadeiro homem desta casa e dar valor ao seu título. —Retrucou com frieza.

Assentiu com a cabeça

—...Assinarei cada um, pai.

—Ótimo! Depois que sua irmã se casou, não precisa ficar mais de olho nela, o marido fará esse papel. E tudo aquilo que deixei sob meus comandos voltará para você, espero que esteja preparado.

O tom de Roubert não era nada gentil, eles nunca se deram bem como pai e filho, mesmo que muitas vezes conversavam normalmente durante o jantar ou outra ocasião, isso não tirava os momentos que se estranhavam e batiam boca, e Carllota não ficava feliz com a relação deles. Melina trazia a "paz entre os dois e agora com sua ausência ela teria que fazer este papel.

Atrás da porta, a mais velha ouvia toda a conversa e assistia pela pequena brecha que havia ficado, seu filho de costas com diversos papeis em mãos enquanto tentava acompanhar os ensinamentos do pai. Miles era o mais velho e o maduro, mas ainda lhe faltava algumas coisas importantes, e só a vida, as dificuldades e o tempo o ensinariam.

Fora algumas horas, e já tinha anoitecido. Roubert continuava com suas falas duras e severas, Miles não demonstrava incomodo; já estava acostumado com tal tratamento. Nesse tempo, ele percebia algumas mudanças na expressão do pai, como se não estivesse se sentindo bem o suficiente, e as tosses fortes entregavam ainda mais o seu pior estado.

—Isso é tudo por enquanto. —Pegou as folhas espalhadas sob a mesa e as guardou na quarta gaveta, fechou e voltou os olhos cansados para o seu filho— Pode se retirar.

Miles se ergueu, quando iria se virar para ir embora acabou voltando para ele; ele precisava saber

—Por que me odeia?

Roubert arregalou os olhos, um tanto surpreso.

—Eu não te odeio.

—Mesmo? —Desviou os olhos para cada coisa do escritório— Tem certeza do que está dizendo?

ODIADA POR UM BARÃO || LIVRO II Onde histórias criam vida. Descubra agora