Capítulo 2

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O sol já estava começando a surgir. E eu não consegui dormir. Acho que fiquei pensando demais para isso. Eu precisava ver minha casa.

- Bom dia... - ouvi Sara dizer ainda sonolenta.

- Bom dia - me viro para ela e dou um sorriso fraco.

- Dormiu bem? - ela pergunta.

Aceno com a cabeça.

Eu nem dormi, para falar a verdade. Mas não queria perguntas.

Ela boceja e então se levanta.

- Tem uma escova reserva no banheiro, se quiser. - a garota diz e se espreguiça.

- Ok, obrigada. - me levanto e vou até o banheiro.

Fecho a porta e apoio minhas mãos na pia enquanto me olho no espelho.

Porra, eu estou péssima.

Meus olhos estão um pouco vermelhos, não por chorar, eu ainda não chorei. Mas talvez seja porque eu não dormi essa noite.

Pego a escova de dentes que estava lacrada e coloco um pouco de pasta.

[...]

Estava eu, Sara e Luiza na mesa tomando café. Estava comendo uma metade de um pão e um pouco de café. As vezes eu olhava a minha casa da jenela.

Não tinha ninguém. Nenhum policial, médico ou o quer que seja.

Eu poderia muito bem ir até lá.

- Sn? - Sara me tira do transe.

- Oi? - Volto a olhar para elas. Devo ter ficado muito tempo encarando a janela.

- Está tudo bem? - minha amiga pergunta preocupada.

Assinto e engulo o pão, antes de voltar a falar.

- Está sim. - Dou um sorriso forçado.

- Escuta, Sn, eu vou trabalhar e Sara vai ir a escola. Achamos melhor você não ir.

Que bom. Talvez uma deixa.

- Obrigado, Luiza. De verdade. - Termino meu café.

Depois de algum tempo as duas saíram. Eu esperei um tempinho até ter certeza.

Então abri a porta e fui em direção a minha casa.

A porta está destrancada. Então não tenho esforço para entrar. Assim que eu entro, o cheiro de álcool e cigarro faz meu nariz arder.

Eu dou um passo e entro em casa, olhando ao redor. Ela não estava diferente do que estava quando eu havia saído.

Meus olhos se arregalam assim que eu vejo as marcas de sangue no sofá. Me aproximo com cuidado e ainda consigo ver a latinha de cerveja no mesmo lugar.

Saio de perto do sofá e vou até as escadas. Subo as escadas e vejo a porta do quarto da minha mãe aberta.

Eu entro no quarto. Olho ao redor, tentando procurar algo diferente. Não tinha nada.

Suspiro frustrada, mas antes de sair do quarto, noto algo debaixo da cama.

Me agacho para pegar.

Era uma caixa...

Pego a caixa e coloco na cama. Ela não estava lacrada nem nada do tipo. Parecia um pouco amassada, como se tivesse sido revirada muitas vezes.

Mordo meu lábio inferior, hesitante em abrir a caixa. Eu nunca tinha visto essa caixa antes. Minha mãe pode ter deixado para mim.

Depois de pensar bastante, eu decido abri- lá.

Nela vejo um passaporte, documentos e algumas cartas.

Estados Unidos. Mas especificamente da Califórnia. Era o meu passaporte.

Revirando mais a caixa, encontro uma foto. Era uma foto da minha mãe mais nova junto de um homem.

"Andrew Myers"

Era o que estava escrito atrás da foto

Deve ser meu tio. Também estava endereçado e tinha um número de telefone. Talvez eu devesse ligar.

Escuto um passos na casa e eu rapidamente abro minha mochila e jogo tudo o que consigo do que tinha dentro daquela caixa.

Eu saio do quarto da minha mãe e decido pegar algumas roupas no meu guarda-roupa. Eu também apenas joguei algumas roupas dentro da minha mochila.

Saio da minha casa antes que alguém pudesse me ver e volto a casa de Luiza.

Eu me sento no sofá, tentando recuperar meu fôlego por ter corrido. Por sorte ninguém me viu.

Tiro minha mochila das costas e pego a foto que eu havia pegado na caixa. Olho para o número de telefone, tiro meu celular do bolso e começo a discar o número.

Hesito por alguns segundos em apertar no botão para atender. Então eu respiro fundo e aperto no botão.

A ligação está chamando... Até que escuto a voz de um homem do outro lado da linha.

- alô? - O homem obviamente fala em inglês. Por sorte, minha mãe sempre estimulava a sempre conversamos em inglês para eu não perder o costume

- Hm... Alô? - O homem diz novamente.

- É... Andrew Myers? - aperto meus lábios, esperando que ele responda.

- Sim, sou eu. Quem está falando? - pude notar confusão em sua voz.

Mordo meu lábio inferior, pensando se seria uma boa ideia responder.

- Sn Myers. Filha de Marie Myers. O senhor a conhece?

- O quê?! Sn? É você? - O homem pergunta parecendo confuso e surpreso ao mesmo tempo.

- Sim, sou eu sim.

- Onde está sua mãe? - Ele pergunta.

Merda, não sei se seria uma boa ideia falar por telefone.

- Bem... É... Minha mãe morreu, eu acho. - faço uma pausa - E... Agora eu não tenho ninguém. Ninguém aqui no Brasil. - Nem eu estava acreditando no que eu estava dizendo.

Ouve alguns segundos antes dele voltar a falar. Pude ouvir um "meu Deus" do outro lado da linha.

- Você não pode ficar aí sozinha. Não tem nenhum responsável com você? Cadê o Alex?

Só de ouvir o nome daquele filho da puta de novo fez meu sangue ferver. Eu tentei me acalmar e respirei fundo.

- Eu não tenho ninguém. - Eu disse.

Escutei um movimento através da linha, como se ele estivesse caminhando.

A chamada fica em completo silêncio, até ele voltar a falar.

- Encontrei uma passagem para o Brasil, - ele pigarreia - mas você precisa estar no aeroporto assim que eu chegar. - O homem termina.

Uma viagem para o Brasil deve durar umas 8 ou mais horas.

- Certo, vou estar. Que horas você deve estar aqui mais ou menos?

- Acho que... Umas doze horas, ou coisa próxima.

- Ok. - Faço uma pausa. - Tchau.

Ele suspira, como se quisesse falar mais.

- Tchau. - Depois de alguns segundos ele desliga o telefone.

Eu solto um suspiro pesado e me recosto no sofá.

Ótimo. Vou ir morar com tios que mal conheço e que eu nunca devo ter visto.

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Obrigada pelas quase 60 visualizações. Estou muito feliz!💕

Tô na escola kkk

Espero que tenham gostado e perdão qualquer erro 💞

Minha Vida Antes De Você (Jenna × Sn)Onde histórias criam vida. Descubra agora