23 - FIM (?)

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A vida acaba quando a gente morre?
O que vem depois da morte?
É melhor morrer sozinho, ou rodeado de pessoas?
Amigos, ou estranhos?
Por que a ideia de descansar após um dia de trabalho exaustivo é confortante, mas a de descansar depois de uma vida exaustiva, não é?
É melhor conseguir se despedir ou ir sem aviso prévio?
Por que para uns, a morte é a solução, e outros, o problema?

(Sarah Pov's)

Me sentei na cama desesperada e respirei fundo, como se acabará de sair do fundo do mar, e estivesse tentando respirar todo o ar presente.
Olhei para meus braços e estavam um pouco machucados, mexi meus dedos dos pés doloridos, e depois, minhas duas pernas, comecei a sentir o calor e a vida evadindo meu corpo.
Estava numa maca, ao meu lado haviam telas com coisas indecifráveis, para mim.

O ambiente era todo branco, havia apenas uma porta de um lado, e uma janela grande de vidro do outro, a cortina estava aberta e conseguia ouvir pássaros e vozes, bem distantes.
Me lembro do carro, da discussão, do caminhão, do desespero, da luz.
Havia um telefone fixo na mesinha ao meu lado, lembrei-me de um número e disquei, coloquei o telefone na orelha e esperei.

Giovanna: alô? quem é? - uma voz familiar atendeu, estava muito confusa para decifrar

Sarah: alô, é...meu nome é sarah, acordei faz um tempo e seu número foi a única coisa que me veio em mente

Giovanna: isso é um trote?? - a garota vociferou irritada - não se brinca com coisa séria!

Sarah: desculpa, mas não estou brincando...não sei onde estou, em um quarto branco, há uma janela, vozes distantes

Por um momento, a garota ficou calada, pensei até que ela havia desligado.

Giovanna: sarah....você acordou - ela parecia surpresa e logo escutei um choro, o que é isso?

Sarah: acordei...por que?

Giovanna: se lembra do seu acidente? lembra de mim? giovanna

Sarah: giovanna....- custei lembrar, mas logo recordei de conhecer ela no colégio - sim, do colégio

Giovanna: e o acidente??

Sarah: fragmentos do que aconteceu - ri levemente - uma luz, duas pessoas brigando, uma buzina desesperada, um caminhão e depois nada

Giovanna: samuel e fernando...

Sarah: são as pessoas que estavam brigando? eu me lembro...vagamente dos seus rostos, mas acho que conheço-os, eles podem vir me ajudar?

Giovanna: sinto muito, mas...não, fernando está morto - uau, isso foi meio assustador pra mim - e samuel, vivo, porém inacessível

Sarah: quantos dias eu dormi?

Giovanna: um ano e um dia

Um ano e um dia?!
Engoli em seco, eu tive um coma....
Felizmente nem todas minhas memórias foram apagadas, mas a maioria.

Sarah: entendi - respirei fundo - tenho algum familiar?

Giovanna: não, mas esta sob o cuidado dos meus pais, então vai vir pra cá quando verem que você acordou

Sarah: pelo menos isso - soltei o ar tensa

Processar toda essa informação me trouxa dor de cabeça.

...

Cumprimentei os anfitriões da casa e a garota me conduziu até o "meu" quarto.

Giovanna: se quiser, posso tentar contato com samuel, mas sabe, não prometo nada - ela se sentou na cama

Sarah: é...certo - sorri, eu não queria dizer a ela "não lembro dessa pessoa, por que tentar falar com ela?"

Giovanna: você precisa descansar agora - ela sorriu - quando o jantar for servido, venho te acordar

Sarah: certo...muito obrigada - sorri e ela saiu do quarto me deixando sozinha

Respirei fundo e analisei o ambiente, isso tudo parece um sonho, um ano e um dia, eu praticamente morri...
e se eu não tivesse acordado?
quem são esses fantasmas do meu passado?
Me deitei na cama, e desliguei a luz no interruptor ao meu lado.
Fechei os olhos, mas, estava com medo, medo de dormir por mais um ano novamente, então só fiquei ali, em silêncio, tentando escutar algo.

...

Acordei meio assustada quando a porta do quarto se abriu.

Giovanna: tenho notícias - ela disse suavemente

Sarah: pode dizer - me sentei na cama meio assustada

Giovanna: bom - ela sorriu - o jantar está sendo servido, no caso vai ser, e temos visita...samuel, quem sofreu o acidente com você, por algum milagre divino ele decidiu me atender

Sarah: nossa...é muita informação - ri - pelo menos vou tirar minhas dúvidas

Giovanna: se troque, suas roupas estão no guarda-roupas - ela saiu toda feliz

Me levantei e fui até o grande guarda-roupas, haviam várias peças, a maioria curta, coladas....quem eu era?

Me vesti, não estava tão confiante e confortável, mas era o que tinha no momento, terminei de me arrumar e criei a coragem para sair do quarto, para voltar ao meu passado, pra voltar aquela noite

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Me vesti, não estava tão confiante e confortável, mas era o que tinha no momento, terminei de me arrumar e criei a coragem para sair do quarto, para voltar ao meu passado, pra voltar aquela noite.
Desci a escadaria silenciosamente e calmamente, seguindo as vozes que escutava, até chegar na sala de jantar e todos me encararem.
Os anfitrões, giovanna e o possível samuel, que era...tão familiar, não consegui evitar olhar em seus olhos, ele não tinha nenhuma marca, será que sofreu mesmo algum acidente?
A pele alva, as bochechas levemente rosadas, mas os olhos, mortais, me encarava como se depositasse ódio em mim.

...

Os pais de giovanna deixaram nós três a sós.

A conversa finalmente fluiu.

Sarah: por que eu estava lá?

Samuel: tinha sido abordada pela polícia militar, e era uma suspeita - ele disse meio tenso - eu e fernando começamos discutir algo interno

Giovanna: ele não morreu por causa do acidente - ela murmurou

Sarah: do que ele morreu então?

Samuel: eu matei ele - ele disse com uma frieza, uma apatia...

Engoli em seco, baixei o olhar pro prato de comida e perdi todo o apetite.

Sarah: o que éramos? nós dois...

Tudo ficou silencioso por um longo tempo.

Samuel: nada - ele custou falar, nervoso

Giovanna: vai continuar?

Samuel: não se mete

Giovanna: o seu orgulho vai te matar - ela cruzou os braços

OPERAÇÃO FLOR - BOPE Onde histórias criam vida. Descubra agora