Chapter 1: All of the people I've ghosted stand there in the room

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1.Todas as pessoas que eu fantasiei estão ali na sala




Robby acorda com duas vozes altas. Ele não consegue localizá-los a princípio; ele ainda está pairando entre o sonho e a vigília. A cabeça dói como se alguém tivesse derrubado um prédio inteiro nela.

Ele caiu do skate? O que diabos aconteceu?

— … E se você não estivesse tão distraído com o divórcio, talvez você tivesse notado!

Esse é o pai dele. Robby não o vê muito, mas sua voz é mais do que memorável.

Por que o pai dele está aqui?

— Ele é seu filho há dezessete anos, mal o conheço há um. Mas sim, claro. Eu sou o culpado. Como sempre.

Ele não reconhece a outra voz.  Parece que o homem conhece Robby. Ele pisca lentamente, mas não consegue abrir os olhos.

— O que isso deveria significar?

— Nada, Johnny, exceto que você sempre faz isso. Nada é sua culpa. Nada é de sua responsabilidade.

Finalmente, a imagem à sua frente torna-se clara. Seu pai, com a camisa tão amassada quanto o rosto, está parado em frente a um homem de terno cinza escuro segurando um cartão de melhoras.

Robby pisca preguiçosamente, não totalmente certo do que está acontecendo.

— Eu não vou deixar você me ensinar sobre responsabilidade! Eu sei que sou um pai de merda. Mas sou eu que estou aqui há dezesseis horas e você acabou de entrar com seu...

— Porque você não se preocupou em me dizer em qual hospital você estava!

— Desculpe por não ter mandado um táxi para o Sensei Hipócrita! Quem ensinou Robby a quase empurrar uma criança por cima de uma grade e mandá-la voar dois andares, hein? É isso que eu quero saber! Você tem muita sorte de Miguel ter evitado isso.

— Pai? — Robby resmunga.

— ROBBY!

Seu pai está ao lado de sua cama em um instante, de joelhos, e ele parece destruído, absolutamente destruído, e Robby está tão confuso que olha para o outro homem como se pudesse fornecer uma explicação.

— Estou tão feliz que você acordou, Robby! — O homem diz. — Como você está se sentindo?

Ele tem olhos castanhos grandes e sérios. Robby lambe os lábios nervosamente.

— Eu estou, uh. Estou bem.

O homem não se parece nada com um médico, e provavelmente não é, considerando que passou um tempo considerável brigando com seu pai (seu pai que nunca liga para ele, seu pai que atualmente está enterrando o rosto em os lençóis como se ele estivesse se esforçando muito para não chorar; que porra está acontecendo de verdade).

Ele lembra alguém a Robby, mas ele não consegue identificar o que é.

— Por que estou no hospital? — Robby diz baixinho, ele já sabe que isso está errado, mas não sabe mais o que dizer.

O homem parece desanimado.

Robby morde o lábio e desvia o olhar para o pai.

Parece que papai vai desmaiar.

🥋

Ele pode ouvi-los conversando no corredor. A enfermeira está fazendo isso ao alcance da voz, mas não é exatamente um segredo o que está acontecendo. Algo está errado com a memória dele. Ele deveria estar se lembrando de coisas que não está se lembrando. O homem, por exemplo. Quem quer que seja.

Anti-Hero [pt/br] • lawrussoOnde histórias criam vida. Descubra agora